Revista de Nossa Senhora
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A Espiritualidade do coração de Jesus

Publicado em 20 de junho de 2016 / Reportagens >

interna2No mês de junho, celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Não dá para desvincular o coração da pessoa de Jesus. São realidades únicas. Por trás do símbolo está toda a pessoa de Jesus.

A espiritualidade do coração é sempre atual. Trata-se de uma experiência universal na Igreja. A humanidade se identifica com o homem sofredor e desfigurado que pende do alto da cruz.

No Antigo Testamento a palavra “coração” é entendida como princípio básico da vida humana. O coração é a fonte do agir humano. Sempre está ligado aos sentimentos da pessoa. É o lugar do amor, mas também da vida moral e religiosa do ser humano.
Deus se revela no Antigo Testamento como alguém que tem um coração. O Deus-bíblico quer que o ser humano tenha um coração de carne e não de pedra: “Darei para vocês um coração novo, e colocarei um espírito novo dentro de vocês. Tirarei de vocês o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne. Colocarei dentro de vocês o meu espírito, para fazer com que vivam de acordo com meus estatutos e observem as minhas normas” (Ez 36,26-27).

No Novo Testamento encontramos outras características. O coração indica a intimidade da pessoa. Indica também os pensamentos mais profundos. Revela o “homem interior”. Em outras palavras, o coração revela a transparência da pessoa: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). A escolha fundamental da vida e a própria opção de seguir, passa pelo coração: “Pois onde está o teu tesouro, ai estará também o teu coração” (Mt 6,21).

Mas também, é do interior do coração que nasce toda maldade humana, todo o pecado e todas as intenções malignas: “Pois é do Coração que provêm as más intenções, crimes, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos e calúnias” (Mt 15,19).

O Coração do mestre Jesus se torna escola de aprendizagem. Aqui estamos no ponto mais alto de toda a espiritualidade do coração e no auge de toda a doutrina bíblica: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, pois o meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,28-30).

Em suma, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o coração é o lugar, por excelência, da morada de Deus. É o lugar da fé. É o lugar da conversão. É a partir do coração que o ser humano estabelece sua aliança de amor com o Deus da vida. Em outras palavras, é a partir do coração que o ser humano estabelece o seu convívio com Deus: “Amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças e ao próximo como a si mesmo”; eis o resumo de toda a espiritualidade do coração (Lc 10,27).

Viver a espiritualidade do coração de Jesus é contemplar o coração traspassado pela lança. É descobrir de novo o amor de Deus que se encarnou e renova o mundo (Jo 19,34).

A Igreja nasce do coração aberto de Cristo. Só liberta o coração do ser humano, quem se identifica com o coração perfurado da cruz, jorrando sangue e água para toda a humanidade. Eis ai os símbolos da eucaristia e do batismo, sacramentos para a vida do mundo.

Portanto, o coração de Jesus é a síntese e a resposta para toda a espiritualidade cristã, para cada pessoa sofredora, para o novo povo de Deus, para cada comunidade que procura viver este Ano Santo da Misericórdia, proposto pelo Papa Francisco.