Revista de Nossa Senhora
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Qual a finalidade da luz dentro da igreja?

Publicado em 1 de junho de 2013 / Reportagens >

atualidadeIIComo tudo dentro do espaço de celebração, o objetivo é sempre a funcionalidade.

Funcionalidade a serviço da liturgia. Mas mais do que isso, a iluminação precisa ser mistagógica e nos ajudar a penetrar o mistério.
Tenho observado que a iluminação, tanto a natural como a artificial, não tem sido usada de forma adequada nas igrejas. Os recursos tecnológicos não têm sido usados corretamente para se ter conforto visual, iluminação adequada nos diversos espaços que compõem o lugar da celebração e muito menos ambientação que nos leve à oração e ao recolhimento. Não podemos iluminar igrejas como iluminamos uma farmácia, uma biblioteca, um hospital, uma loja.

E como a iluminação no espaço de celebração pode valorizar a liturgia e criar o ambiente necessário para exprimir melhor o mistério ali celebrado? Sabemos que as condições ambientais interferem no estado de espírito das pessoas. Não há como participar bem da liturgia sem um mínimo de conforto, seja térmico, seja acústico, com bancos decentes e iluminação adequada. Sem esses cuidados não há como ter um ambiente de recolhimento e oração e muito menos a participação dos fiéis, que os documentos pós conciliares nos pedem.

Por onde começar?

A preocupação primeira deve ser com a iluminação natural do espaço. Em tempos de crise energética, de necessidade de sustentabilidade sob risco de extinguirmos a vida humana do planeta, investir na iluminação natural é o caminho mais sábio. Mas não se trata aqui de abrir um monte de janelas e em qualquer lugar. A luz que entra em excesso pode também ser prejudicial, pois com ela entra também o calor, o barulho de fora e, dependendo da orientação do sol, a luz excessiva que pode ofuscar e atrapalhar nossa participação na liturgia. As aberturas devem considerar a orientação solar, a entrada necessária de ar novo e a saída do ar quente, e considerar qual a paisagem que se terá de dentro da igreja.

Há que se considerar que a luz e a sombra andam juntas. É a existência da sombra que valoriza a luz, a fé caminha entre luzes e sombras, também o espaço deve ter a presença das sombras para fazer sentido. Um lugar todo iluminado por igual, sem distinção de espaços, sem valorização de lugares, um lugar homogeneizado, é sem graça e não estará a serviço da liturgia.

Outra preocupação que devemos ter é com uma iluminação adequada ao espaço de celebração. Não é porque está na moda isso ou aquilo, que será apropriado para o ambiente religioso. Há um tempo trocamos as luminárias de muitas igrejas e as substituímos por calhas de lâmpada fluorescente. Era mais simples e mais econômico. Mas matou o ambiente de recolhimento e oração, ficou sem graça e transformou muitas igrejas em salas frias e nada aconchegantes.

Diácono Michel dos Santos, MSC, trabalha na Paróquia
Nossa Senhora da Soledade em Delfim Moreira – MG