Revista de Nossa Senhora
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Comunidades novas: Leigos em ação

Publicado em 27 de agosto de 2014 / Reportagens >

site1Volta e meia faço contato com pessoas descontentes com a Igreja. Quando pergunto o motivo, relatam as mazelas de sua paróquia. Sempre respondo com as mesmas palavras: “A Igreja é maior que sua paróquia”.

Este ponto me parece da maior importância: se confundo a Igreja com o espaço geográfico de minha paróquia, posso de fato ficar desanimado. Se, ao contrário, alargo o campo de minha observação, vejo os hospitais mantidos por freiras, as creches, escolas, orfanatos, clubes de mães, centros sociais animados por congregações e ordens religiosas – todos eles sinais de uma Igreja viva e a serviço dos mais pobres.

E se estes “sinais” de vida não bastarem, é tempo de abrir os olhos para uma grande “novidade” da Igreja: as Comunidades Novas. A primeira delas foram os Foyers de Charité, inspirados já na década de 1930 a uma leiga francesa – Marthe Robin – com a cooperação de um sacerdote – o Pe. Georges Finet. Os Foyers de Charité são comunidades de leigos que formam uma família, tendo Nossa Senhora como mãe e um sacerdote como pai.

Jesus revelou a Marthe seu desígnio de criar comunidades de leigos como parte de um “novo Pentecostes de amor”. Curiosamente, a oração redigida por João XXIII para a preparação do Concílio Vaticano II, em 1959, trazia a mesma expressão: “novo Pentecostes”. Em seus primeiros contatos com o Pe. Finet, Marthe acentuou o papel preponderante a ser exercido pelos leigos na renovação da Igreja.

Logo após o Vaticano II, começaram a “pipocar”, aqui e ali, sempre em maior número e com variados carismas, as Comunidades Novas, que o Documento de Aparecida avalia como “um dom do Espírito Santo para a Igreja” (DA, 311). Ali, “os fiéis encontram a possibilidade de se formar cristãmente, crescer e comprometer-se apostolicamente até ser verdadeiros discípulos missionários” (Ibid).

E ainda: “Os movimentos e novas comunidades constituem valiosa contribuição na realização da Igreja particular. Por sua própria natureza, expressam a dimensão carismática da Igreja”.(DA, 312).

As Comunidades Novas surgem nos mais variados ambientes: uma faculdade de artes (Nova Aliança, São Paulo), uma universidade federal (Pequena Via, Viçosa, MG), uma paróquia de periferia (Aliança de Misericórdia, São Paulo), uma lanchonete (Com. Shalom, Fortaleza, CE). O carisma de fundação pode ser dos mais variados, passando da evangelização pelos meios de comunicação (Canção Nova) até a obediência à Igreja (Nova Aliança, BH) e a acolhida em família de deficientes físicos e mentais (Arca, de Jean Vanier; Jesus Menino, de Tonio, Petrópolis).

Exemplo notável dessas associações de leigos é a Comunidade Aliança de Misericórdia: em sete anos de existência, já reunira 300 rapazes e moças que deixaram família, trabalho e estudos para seguir a missão que lhes era apresentada pelos fundadores, os missionários italianos Pe. Antonello e Pe. João Henrique.

A comunidade assim se apresenta em seu site: “A Aliança de Misericórdia se insere em todos os ‘bolsões’ de pobreza, e aí busca libertar as pessoas de toda estrutura de pecado e miséria em que se encontra. Dentre os trabalhos que desenvolvemos, temos: 23 casas de acolhida para moradores de rua e dependentes químicos; 450 acolhidos; 4 centros de assistência à população de rua, sendo atendidos 18.300 moradores de rua por mês; 340 crianças atendidas em 3 creches; 2 milhões e 160 mil refeições distribuídas todo ano; 36 centros de evangelização no Brasil e 2 no exterior, evangelizando cerca de 100 mil pessoas por ano no Brasil, e 24 mil no exterior; evangelização nos presídios, Fundação CASA, garotas de programas, além de retiros querigmáticos para jovens, casais, crianças”.

Caro paroquiano, seja gentil e procure ampliar os seus olhares. Um abraço.

Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança