O Papa não é apenas um homem que reza missa. O seu principal papel é cuidar da fé do seu rebanho, orientar a Igreja, criar um espírito de fraternidade e promover o seguimento ao evangelho de Jesus Cristo, sem falar dos seus compromissos de estado, relacionados com os governos do mundo todo.
A chaminé instalada sobre o telhado da capela Sistina, em Roma, é sempre a mais vigiada. Mais do que qualquer reality show, ela tem o seu formato delineado, esmiuçado por diversos ângulos de câmeras de todo o mundo que volta o seu olhar para um dos maiores acontecimentos da história: a escolha do sucessor de Pedro, o novo Papa.
Na ausência do Pontífice, por morte ou renúncia, a Igreja declara que a Sede está Vacante, que a cadeira do pastor está vazia. A partir daí há uma corrida contra o tempo para convocar os cardeais eleitores, os de menos de 80 anos, para o encontro que se chama Conclave, que decidirá quem será o novo sucessor de Pedro.
Esta foi a nossa realidade deste o dia 11 de fevereiro, data do anúncio da renúncia de Bento XVI, até o dia 13 de março, quando a fumaça branca, depois de cinco escrutínios, anunciava que um novo Papa estava prestes a ser apresentado ao seu rebanho, na Praça São Pedro, em Roma. E foi assim que o nosso olhar viu e se encantou à primeira vista com um homem simples, de sorriso fácil, e que antes de ministrar a bênção ao povo, chamada Urbi et Orbi, – para a cidade e o mundo – inclinou-se e pediu que primeiro, nós o abençoássemos. O nome escolhido para ser conhecido e amado? Francisco. Papa Francisco. E desde então, a imprensa e a mídia do mundo inteiro o aproximam de Francisco de Assis, o santo amado e reverenciado pelo mundo inteiro. Papa Francisco será dos pobres, como o de Assis. Trará um carisma e um tempo novo à Igreja, é o que se tem idealizado sobre ele.
Especulações à parte, vemos que as últimas atitudes, quebras de protocolo, contato direto com os peregrinos, discursos improvisados já dão conta de que ele será mais próximo do povo até o limite do possível e que o esquema de segurança permitir. É lógico que isto em nada desabona o seu antecessor, papa emérito Bento XVI, pois cada um tem o seu carisma e forma de conduzir.
O Papa Francisco encontrará uma Igreja sedenta. Nos últimos meses toda mídia expôs de maneira violenta, fria e irônica escândalos envolvendo a Igreja, como pedofilia, renúncias de bispos, corrupção financeira e tudo o mais. Este será sempre um prato cheio para os críticos de plantão, mas que o Papa Francisco e o colégio cardinalício tratarão com afinco e determinação. Em princípio, podemos esperar, através de seus discursos que Francisco tratará de todas estas questões e não se intimidará com os apelos sensacionalistas de uma imprensa superficial e interesseira.
A proximidade com o mundo moderno e com os jovens será uma das suas preocupações. Em seus recentes discursos, deu a entender que buscará um diálogo intenso com todos os cristãos e será o porta-voz de um povo que precisa de um pastor, procurando trazer de volta os fiéis que se perderam ou não mais se encantaram com uma Igreja, segundo eles, caricata e antiga. Com as devidas proporções, o Papa Francisco entra na Igreja num momento em que ela precisa de esperança e nele ela a encontra de maneira entusiasmada.
“Uma Igreja dos pobres e para os pobres”, foi uma das frases do santo padre, no dia 16 de março passado, em entrevista coletiva para a imprensa do mundo inteiro, na sala Paulo VI. Isso denota uma preocupação com o outro, um ser de Francisco de Assis e de toda a Igreja. Ao mencionar a misericórdia em sua primeira aparição para o Ângelus, ele reforçou a questão da caridade como meio de relacionamentos justos, livres e verdadeiros.
O Papa não é apenas um homem que reza missa. O seu principal papel é cuidar da fé do seu rebanho, orientar a Igreja, criar um espírito de fraternidade e promover o seguimento ao evangelho de Jesus Cristo, sem falar dos seus compromissos de estado, relacionados com os governos do mundo todo. Não será fácil, como não foi para nenhum Papa, mas ele estará apoiado na oração dos quase 1,2 bilhões de católicos do mundo todo. E convenhamos, não é pouca coisa.
A oração parece ser a busca incessante, segundo o Papa. Nela encontramos a base, a sustentação e o alimento para a nossa fé. Não nos enganemos: o Papa Francisco não será apenas aquele homem de sorriso largo e de intensa liberdade ao se aproximar do seu rebanho. Ele buscará de maneira enérgica e eficaz dar respostas para tantos males do nosso tempo e nós sabemos bem quais são. Tudo o que foi mostrado e dito na imprensa sobre o Papa até agora, com notas e fotos de suas andanças nos metrôs e ônibus de Buenos Aires, não reflete necessariamente o seu pontificado, mas ajuda-nos a compreender que ele não se indisporá com coisas menores e estará atento à vida de cada ser humano onde quer que ele esteja.
A Redação