O projeto de iluminação de uma Igreja é o complemento do projeto arquitetônico. Além se ser um projeto técnico, pode valorizar elementos, espaços e obras de arte, pode revelar algo que se quer impor na obra. O projeto pode destacar, através da luz, as partes diferentes da liturgia e dirigir a atenção da assembleia para os diferentes momentos da celebração.
Porém, deve-se ter cuidado para não fazer da iluminação um espetáculo luminotécnico, que não é aqui o caso. Igreja não é sala de espetáculo. Para cada igreja teremos um projeto diferente de iluminação. Depende da arquitetura, do contexto em que está inserida, a forma de ser e celebrar da comunidade. A localização e aparência das luminárias devem combinar com a arquitetura do prédio e devem ser muito discretas. Luminárias não são para chamar atenção, não são obras de arte, não são peças litúrgicas.
Podem-se destacar alguns ambientes e peças dentro das igrejas com cuidado para não desviar a atenção do principal durante uma celebração. Destaque para o altar e o ambão, para o santo padroeiro e para a pia batismal são bem-vindos.
A igreja tem diferentes espaços com diferentes usos, cada um deles deve ter iluminação diferente e adequada. O átrio é o lugar onde ficam os folhetos e os quadros de avisos, é o que dá entrada à igreja, a iluminação pode ser mais aconchegante, com menos intensidade de luz, e luz direcionada para a leitura dos quadros de avisos.
A nave é o lugar da assembleia, onde ficam os bancos e os corredores. É nesse espaço que os fiéis rezam, cantam, escutam as leituras e leem, o que justifica uma iluminação geral e uniforme. A escolha de uma luz difusa é uma boa escolha e dá mais conforto para a leitura. A iluminação da nave deverá ter níveis suficientes para a realização da tarefa de leitura e percepção do ambiente; por outro lado, em determinados momentos deverá proporcionar um ambiente de maior recolhimento.
O presbitério é o espaço onde fica o presbítero e, na maioria das vezes, apesar de não obrigatoriamente, a cadeira da presidência, o altar e o ambão. Pode ser também o lugar da cruz processional, a estante do comentarista e as cadeiras para os ministros e acólitos. A iluminação principal deve estar dirigida a quem preside à assembleia, tanto na cadeira, no altar como no ambão. Não deve ter muita iluminação pontual no presbitério para não desviar a atenção dos fiéis. No presbitério a iluminação deve destacar a ação simbólica principal de cada momento.
Escolher uma iluminação certa não é uma simples tarefa. Deve-se proporcionar um olhar guiado pela luz. É necessário valorizar o ambiente nas suas formas arquitetônicas, ser funcional e criar um ambiente mistagógico. E, acima de tudo, buscar o essencial sem enfeites, sem exageros, sem luxo.
Diácono Michel dos Santos, MSC, é Vigário Paroquial de N. Sra da Soledade em Delfim Moreira-MG