Revista de Nossa Senhora
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Inclusive as Crianças

Publicado em 1 de outubro de 2014 / Reportagens

1005264_82808103Os bandidos de ontem, que não alegavam defender nenhum país, nenhuma ideologia ou nenhuma religião, às vezes torturavam crianças. Mas sempre houve no mundo inteiro, entre os malfeitores, uma lei tácita: crianças, não! A palavra “assassino” veio do Século X, originária dos seguidores de um pregador Assaz, na Arábia. Em dado momento seu ódio político religioso se fez tanto que decidiram que era certo matar qualquer um que impedisse seus projetos, pelas costas, a facadas, a pauladas, família toda, tudo era válido. A Bíblia diz que Herodes fez a mesma coisa. Os hebreus também fizeram.

O ódio enlouquece. O ódio político, mais ainda. O ódio político religioso vai mil vezes mais longe. É capaz de pedir a bênção de Deus para rasgar uma criança ao meio. Alguém com três grandes motivos mata qualquer um: em nome de seu ódio, em nome de seu país e em nome de sua fé. O que fizeram recentemente aqueles guerrilheiros tchetchenos foi e tem sido feito com enorme freqüência contra o Líbano de ontem, contra a Armênia nos inícios do século 20, contra os Kolkoses na Rússia, contra os judeus na Alemanha, entre os Tutsi e Watusis na África, em Israel e na Palestina. Não se olhava nem a idade nem o tamanho. A ordem era exterminar, como se exterminam os ratos adultos e seus filhotes. Basta que seja rato. Filhote ou não, tem que morrer!

Aí o desatino. Agem como animais furiosos e declaram que todo e qualquer grupo que a eles se oponha é rato, serpente, demônio. Deve ser derrotado e deve morrer. O próximo passo, depois de declarar que alguém não tem a luz, é situá-lo nas trevas e no inferno. Logo: são auxiliares do demônio. No seu cérebro que já não raciocina, senão em função da sua vitória, para o terrorista motivado pela política e pela religião errada, tudo é demônio, tudo é maligno, tudo o que não reza pela sua cartilha, precisa ser derrotado. Os fariseus, que eram fanáticos decidiram que Jesus tinha o demônio. Viram seus milagres e decidiram que vinham do demônio e pronto! Tinham o pretexto e uma justificativa para matá-lo.

Os terroristas de agora seguem o mesmo raciocínio e fazem o mesmo. Acham licito matar, torturar crianças e velhinhos e explodir os outros, porque os outros são maus e eles são bons. Não que necessariamente os outros sejam anjos, mas, de repente, a covardia os ajuda. Não conseguindo vencer o inimigo que tem vasto arsenal, usam da traição, imitam Assaz e tornam-se conscientemente assassinos. Acham que Deus quer que matem. Tomam como reféns as crianças e as mulheres para atingir os outros. Alegam que os outros fizeram o mesmo.

Essa pregação de vencedores em Cristo é extremamente dúbia, como a dos vencedores por Alá ou por Javé. Pode ser muito bonita se aplicada à caridade. Mas na cabeça de muitos crentes ou políticos, vencer muitas vezes não significa vencer-se e sim derrotar os outros. Ouçamos atentamente o que tais pregadores dizem, dia após dia. Leiamos as manchetes de suas publicações. Quando não conseguem dar nenhum elogio à outra igreja, ou a quem não é do seu grupo; quando escondem ou diminuem o sucesso dos outros; quando mostram sempre o seu lado bom e jamais o lado bom de outros povos, outros regimes ou outros grupos, podemos esperar futuros terroristas no Ocidente e no Oriente. Alguns deles, motivados por sua religião exclusivista e excludente. Todos os jardins têm flores e ervas daninhas. Às vezes, as ervas daninhas vencem… Já viu o tamanho de algumas urtigas? O mundo tem caminhado para isso. Infelizmente!

Pe. Zezinho. SCJ, é músico e escritor. Tem aproximadamente 85 livros publicados e mais de 115 álbuns musicais.
www.padrezezinhoscj.com