Revista de Nossa Senhora
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Fidelidade e Santidade

Publicado em 1 de outubro de 2013 / Reportagens >

Vaticano: Misa de los OleosO salmista gritou por socorro, ao ver a epidemia de infidelidade que assolava Israel. Nos salmos 12,36,52 os israelitas cantavam em protesto contra os sem palavra e os que iam embora de Deus, traindo a Ele e ao seu povo. Não se podia mais confiar na palavra de ninguém, porque a maioria quase absoluta buscava o próprio bem estar. Israel vivia sob a égide do “salve-se quem puder”, ou do “leve vantagem você também”. Era o tempo dos espertos que topavam qualquer coisa para se ficar rico e ocupar postos de honra.

Das leituras dos profetas percebe-se que só Deus é fiel; o ser humano precisa aprender a ser fiel e sofre sempre a tentação de faltar à palavra dada quando, pesados os prós e os contras, levará vantagem ao abandonar um compromisso.

A fidelidade era vista como virtude de um santo. Deus é fiel. Quem consegue ser fiel, está mais perto do projeto de Deus. Quem fugia da dificuldade e escolhia seu conforto e sua vantagem pessoal era mal visto.

Isso não dá, hoje, a nenhum cristão o direito de sair por aí denunciando quem lhe pareceu infiel. Houve santos que deixaram alguma situação para buscar mais dificuldade, porque o serviço a Deus e aos pobres o exigia. Tereza de Calcutá mudou de grupo religioso, não por mais conforto, mas por busca de compromisso ainda maior. Como Tereza, muitos outros santos mudaram para levar mais cruzes.

Mas houve e há os que partem para levar vantagem numa outra igreja ou num outro jeito de crer. Os salmistas e os profetas eram duros contra quem adaptava a Palavra de Deus aos seus interesses. Paulo, particularmente alerta contra um tipo de pregador e de fiel que busca a filosofia sofista: ir em busca de quem o diz de maneira agradável e dizer de maneira agradável para levar vantagem sobre a Palavra.(2 Tm 4,1-5) Adaptar a Palavra aos nossos objetivos era e permanece magna tentação para todo fiel e todo pregador que se pretenda crente.

Uma coisa é interpretar a Palavra de Deus para os nossos dias e outra, bem outra, é adaptá-la aos nossos interesses. Ligue o rádio e a televisão e esmiúce os testemunhos de conversão de uma para outra igreja, analise as promessas e garantias de sucesso, oferecidas pelos pregadores e as certezas gritadas ao microfone. Depois leia sua Bíblia e pergunte a si mesmo o que é crer em Deus. Buscar o mais fácil, o mais garantido e perseguir o sucesso político, religioso e financeiro pode ser tudo, menos fidelidade.

Deus é capacitador, mas não está escrito em nenhum lugar da Bíblia que ele é facilitador. Onde se promete uma vida sem dor e sem cruz é sinal de que, ali, o marketing da fé superou de longe o caminhar da fé.

Pe. Zezinho, SCJ, é músico e escritor. Tem aproximadamente 85 livros publicados e mais de 115 álbuns musicais.
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