Milagres são assim, interpelam a uma postura de fé. Acredita-se ou não. Assume-o em nossa vida ou ficamos à mercê dos comentários dos menos entendidos que reprovam toda manifestação de fé, considerando-a alienação e imprudência diante do sagrado. Infelizmente há quem pense assim diante do inexplicável.
O milagre de Lanciano, muito conhecido nosso, mostra uma atitude de descrença de um monge, enquanto presidia à santa Missa. Diante de sua incredulidade, o pão se torna carne e o vinho se torna sangue de Jesus. Esta é a base central que causa furor entre os críticos de nossa Igreja, tentando de todas as maneiras, provar que acreditamos no vácuo, no vazio.
O que se sabe é que a ciência se cala ante tal fato, depois de uma
série de exames para comprovar que a carne e o sangue são verdadeiros. Não nos cabe teorizar sobre a questão achando que podemos dar alguma outra contribuição que a ciência e a religião já fizeram. Cabe-nos, portanto, viver a nossa fé no Santíssimo Sacramento, como prova fiel da presença de Jesus na eucaristia.
Memória, esta é a palavra. Jesus nos pede insistentemente, na sua última ceia, a que somos convidados, a fazer memória da sua participação em nossa vida, quando quisermos mais uma vez ter a participação da sua vida na nossa. Por isso, nos deixou o seu memorial: “Fazei isto em memória de mim”. É o que assumimos na santa missa.
Tomando como referência estas palavras de Jesus, é importante que o cristão católico faça memória de que o milagre de Lanciano acontece todas as vezes que comungamos. O que comungo hoje é o pão transformado no corpo de Cristo o qual me impulsiona a ser de Deus. Não precisamos ir longe para entender isso. Lanciano está presente onde a Eucaristia está. Ele é o convite pleno para que os crentes e os não crentes façam sua adesão ao projeto de Deus de salvar a humanidade.
Lanciano é um ato de fé. Nossa vida é um ato de fé. Nossas conquistas são um ato de fé. Lanciano é tão verdadeiro como o amor de Deus por nós, incondicionalmente.
Pe. Air José de Mendonça, MSC é pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Vila Formosa, São Paulo, SP.