Deus inaugurou a nova e eterna Aliança com a cooperação direta de três leigos: Jesus, Maria e José. Uma dona de casa, um artesão e seu aprendiz. Quando o aprendiz se tornou Mestre e buscou seus discípulos, foi encontrá-los em suas tarefas seculares: Pedro, no barco de pesca; Mateus, na banca de impostos; Tadeu, entre os guerrilheiros zelotas.
Jesus procurava trabalhadores para sua vinha – esta é imagem evangélica que João Paulo II usou na introdução da Encíclica “Christifideles Laici” [Vocação e Missão dos leigos na Igreja e no Mundo – dezembro de 1988]. Havia sacerdotes no Israel daquele tempo, mas o Mestre não se interessou por eles. Parece que não buscava teólogos nem escribas, e foi achar os discípulos no meio do povo. Suados, cansados, mãos calejadas como costuma ser o povo…
Povo? Exatamente! O termo “leigo” está ligado ao grego “laos”, que significa “povo”, “massa do povo”, mas também “soldados”, “combatentes”. Como escreveu João Paulo II, o convite de Jesus se faz sentir “ao longo da história” e se dirige “a todo homem que vem a este mundo”. (ChL, 2.) E é ainda mais explícito: “A chamada não diz respeito apenas aos pastores, aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, mas estende-se aos fiéis leigos: também os leigos são pessoalmente chamados pelo Senhor, de quem recebem uma missão para a Igreja e para o mundo”. (ChL, 2.)
Nestes vinte séculos de história, a Igreja viu os fiéis leigos edificando catedrais e drenando os pântanos da Europa. Eles copiaram as Escrituras e enterraram as vítimas da peste. Sustentaram os apóstolos com seu trabalho manual e rezaram pelos missionários da linha de frente. Ali aonde chegou a Igreja, os leigos marcaram sua presença. Alfabetizaram, catequizaram, formaram orquestras e corais, organizaram bibliotecas e, do culto, extraíram a cultura.
Se houve de fato uma fase de clericalismo na Igreja, com os fiéis reduzidos a ouvintes passivos, o Concílio Vaticano II veio espanar a poeira desse desvio. Nascido em 1944, eu vi pessoalmente o abalo sísmico do Concílio, quando as batinas caíram por terra, o vernáculo foi adotado e celebramos a “missa dialogada”.
Mas estes são apenas sinais “ad intra”. Muito mais importante é a presença do leigo nas Comunidades Novas, muitas vezes como consagrados, vivendo uma rica espiritualidade que já não se encontra em alguns Institutos religiosos. É assim que a Aliança de Misericórdia evangeliza a população de rua. A Jesus Menino adota deficientes físicos e mentais, formando família com eles. O Caminho Novo estende pontes entre as diferentes denominações cristãs. A Nova Aliança prega o Evangelho e forma lideranças para as paróquias. E estas são apenas algumas entre dezenas de Comunidades de leigos católicos.
Eu sou leigo, casado, 2 filhos, 5 netos. Há 33 anos evangelizo nas escolas e nos presídios, no rádio e na TV, em jornais e revistas. Publico uma reflexão diária na Internet. Escrevi e traduzi mais de 30 livros de conteúdo cristão. Fiz cerca de 330 viagens missionárias pelo Brasil, pregando Evangelho, colaborando na formação de seminaristas, catequistas e equipes de pastoral.
Minha ação é uma resposta de amor à Mãe Igreja, que me gerou para a vida do Espírito. Enquanto o Senhor nos der forças e ânimo, estaremos presentes…
Antônio Carlos Santini,
Comunidade Católica Nova Aliança.