Revista de Nossa Senhora
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Você acessou a Edição Abril – 2012

CARO LEITOR/A ESPERE UM MINUTO . . .

Dias atrás, lendo um desses artigos sobre neurociência (a nova onda) a autora, catedrática de uma universidade americana, deu o alarme: “delete Freud de sua vida!” Estão falando (ou sonhando) de uma cirurgia capaz de apagar partes de nossa memória e, junto, os traumas do passado, algo melhor que a simples terapia.

No século passado, terapeutas de várias espécies, em especial os discípulos de Freud, diziam que relembrar episódios traumáticos era essencial no processo de cura. Pois bem, essa prática está desaparecendo à medida que neurocientistas pretendem experimentar uma cirurgia que vai mexer no chamado . . . córtex pré-frontal infralímbico !

Claro que, para nós, descobertas científicas são sempre bem-vindas, desde que obedeçam a princípios elementares da bioética. Contudo, sem desprezar os avanços científicos e sem conformismos alienantes, sabemos que a graça também cura. E cura todos aqueles traumas que nós chamamos feridas da alma ou do coração. Quando a neurociência ensina que más lembranças despertam reações químicas que atrapalham o cérebro, nós lembramos que o pecado, nas suas mais variadas formas, produz reflexos negativos no psiquismo humano.

Caro leitor/a, leia, por exemplo, nesta edição, a coluna sobre o Coração de Jesus, aquele que é nossa paz e reconciliação. Ele nos ensina a cultivar os valores que nos humanizam, nos santificam e a superar todo e qualquer distúrbio, isto é, tudo aquilo que nos divide, nos desintegra, nos traumatiza …  Lemos em Mateus, 11, 24, “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei.” Hoje, Jesus diria: Vinde a mim, vós todos que estais deprimidos e traumatizados, com reações químicas negativas e toda espécie de distúrbio psicológico e eu vos aliviarei.”

Boa leitura e bom proveito a todos! 

A REDAÇÃO.

Sobre a domesticação de lobos

Quanto sofrimento poderíamos evitar se não alimentássemos certos lobos que vivem dentro de nós! É uma questão de opção. Quando damos corda aos sentimentos mesquinhos, do ódio, da inveja, do desprezo, do preconceito, alimentamos nossos lobos interiores.

O lobo é um animal feroz, anda sempre em grupo, e tem um peculiar instinto que o leva a viver em sociedade. No imaginário popular e no folclore de muitas culturas, é símbolo de vida selvagem, inclusive empresta sua imagem para a mitologia dos terríveis lobisomens. Mas, vez por outra, aparece também em historias infantis ou não, como animal dócil. Quem não se lembra de “Pedro e o Lobo”, uma linda historia de amizade de um garotinho russo e um lobo imortalizado por Walt Disney? E do premiadíssimo filme “Dança com Lobos”, ganhador do Oscar de melhor filme de 1990, onde Kevin Costner faz amizade com uma matilha de lobos no velho oeste americano? Ate São Francisco de Assis manteve uma amizade bonita com um lobo, que segundo conta a historia, foi salvo da morte pela intervenção do santo junto aos seus caçadores.

Pois, foi usando a metáfora desses selvagens animais que um velho sábio indígena norte americano nos explicou, de forma simples, algo que é crucial para o nosso convívio humano. Estava o velho índio conversando com sua gente ao redor de uma fogueira quando o assunto caminhou para as lutas interiores travadas dentro de cada pessoa. O velho disse: Dentro de mim dois lobos lutam dia e noite para me dominar. Um é o lobo do amor, e o outro do ódio. Alguém da assistência perguntou: Mestre, qual dos dois lobos vai vencer essa luta? Ele respondeu: aquele que eu alimentar.

Quanto sofrimento poderíamos evitar se não alimentássemos certos lobos que vivem dentro de nós! É uma questão de opção. Quando damos corda aos sentimentos mesquinhos, do ódio, da inveja, do desprezo, do preconceito, alimentamos nossos lobos interiores. Estes, quanto mais bem alimentados, mais fortes ficarão, e exigirão cada vez mais que os alimentemos. Portanto, não percamos nosso tempo com isso. Alimentemos, sim, nosso lobo do amor, da alegria, da paz, da fraternidade. Com esses alimentos eles se tornam bem mansos, e podem até nos ajudar, ao invés de nos atacar conforme dita a sua natureza selvagem. Tenho visto gente que vive sob um jugo enorme de sofrimento, porque gasta toda sua energia alimentando maus sentimentos. É uma pena, porque a mesma energia pode fazer exatamente o contrario, ou seja, alimentar atitudes que levarão a pessoa a ter uma qualidade de vida muito melhor. Os santos e santas que conhecemos, dentro e fora de nossa Igreja, foram especialistas na arte de dominar lobos interiores. Com muita disciplina e rigor os amansaram dia a dia, alimentando a sua natureza selvagem com o alimento do amor. Deveríamos fazer o mesmo, como São Francisco e tantos outros: manter nosso lobo mansinho aos nossos pés como se fosse um inofensivo cachorrinho de estimação, bonito e bem cuidado.

Pe. Alex Sandro Sudré, mSC é Pároco da Comunidade Paroquial de São José, em Campinas, SP.

 

A Torre do Santuário

Para a inauguração do carrilhão veio o maestro da rainha da Holanda, Sr. Leo T. Hart, no dia 29 de abril de 1951. Céu azul e temperatura agradável, naquela tarde, a multidão foi avaliada em oitenta a cem mil pessoas.

Querido devoto de Nossa Senhora do Sagrado Coração, este mês queremos apresentar a você, um pouco da a majestosa obra que é a torre de nosso Santuário.

A torre, como toda a concepção do templo, é simbólica. Cada andar sim­boliza a evolução do ser humano na terra, a caminho de Deus. Temos sempre a necessidade de estar ligados a Deus, pois sabemos de Sua presença, Sua generosidade e o quan­to é amoroso com todas as pessoas.

A torre mede 51 metros, com 8 andares, contando com o pico. No sétimo andar encontramos 3 janelas que representam a trindade. Conta, ainda, com 4 lados cada uma, que dá o número 12, lembrando as 12 tribos de Israel: (Gn 35,16-29) e os 12 Apóstolos: (Mt 10,1-4).

O pico da torre aponta para o céu, indicando que Deus está presente em nossa história. A torre recebeu, em 1951, o primeiro carrilhão da América Latina, com 47 sinos, todos de puro bronze. Na inauguração havia gente de toda a cidade de São Paulo e de outros lugares. A torre recebeu o nome carinhoso de “a torre que canta”: canta para Deus e para seus filhos.

No sexto andar, encontramos o coração da torre. O relógio, de origem holandesa, que veio junto com o sino. Seu mecanismo é bem simples, o eixo central está ligado a engrenagens que por sua vez estão ligadas ao quarto relógio da face da torre. Estes quatro eixos horizontais, ligados ao relógio, são responsáveis pelo movimento dos ponteiros de fora.

No conjunto do Carrilhão há três grandes sinos, o maior é chamado “Tesoureira do Sagrado Coração”, o segundo, “Esperança dos Desesperados” e o terceiro “Estrela do Mar”. São movidos a motores e, ainda hoje, antes das missas a torre canta, convida o povo de Deus para celebrar o Mistério Pascal na Casa de Maria!

Maestro da rainha da Holanda

O carrilhão é um conjunto de sinos que permite tocar todo e qualquer tipo de música. Cada sino corresponde a uma nota musical.

Para a inauguração veio o maestro da rainha da Holanda, Sr. Leo T. Hart, no dia 29 de abril de 1951. Céu azul e temperatura agradável, naquela tarde, a multidão foi avaliada em oitenta a cem mil pessoas.

Também vieram para a inauguração as seguintes autoridades: O Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, arcebispo de São Paulo, o governador do Estado, prof. Dr. Lucas Nogueira Garroz, o embaixador da Holanda no Brasil, o Sr. Elmk Schurmam, e o cônsul holandês em São Pau­lo, Sr. Dirk Berkhert.

O concerto dos sinos teve início às 14h30 com o Hino Nacional Brasileiro, Hino Pontifício e o Hino Nacional da Holanda. O maestro Leo T. Hart deu aula para o Pe. Francisco Janssen e para Adacyr Ferrari, que foi o primeiro carrilhonista do Santuário de Vila Formosa, e também o primeiro carrilhonista da América do Sul, e ainda o segundo melhor do mundo.

Venha conhecer o Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração! Venha apreciar o simbolismo presente no seu espaço sagrado, através de seus elementos constitutivos e de sua concepção artística.

Texto extraído dos arquivos do Santuário e elaborado por Nelson Coquieri.