Revista de Nossa Senhora
  • Administração: Rua Angá, 994 – VI. Formosa – São Paulo – SP
  • Telefax: (11) 2211-7873 – E-mail: contato@revistadenossasenhora.com.br

Você acessou a Edição Agosto – 2014

Agosto de 2014

Revista Nossa Senhora - agosto - 14.indd

Nem feminino nem masculino

pzezinhoDeus não é nem masculino nem feminino. É uma pena que tenhamos que dizer isso, mas dizê-lo é preciso. Infelizmente, por causa dos limites intelectuais e da falta de uma reflexão mais profunda, muitos pregadores falam de um Deus masculino e Deus não é masculino.

Muitos agora falam de um Deus feminino e Deus não é feminino.
Ele é mais do que masculino e mais do que feminino, porque o masculino, embora seja uma qualidade é também um limite e Deus não tem limites. O feminino embora seja uma qualidade é também um limite e Deus não aceita limites.

Dar a Deus um gênero que se assemelhe à espécie humana ou espécie animal ao masculino é limitar Deus. Dar a Ele o gênero feminino é também limitá-lo. Por isso não podemos dizer apenas que Deus é pai e não podemos dizer apenas que ele é mãe. Talvez seja por isso que algumas pessoas, buscando melhores expressões, estejam dizendo que Deus é Pai e Mãe, mas isso ainda não define Deus.

Nossa mente por ser limitada, toda vez que pensa em Deus dá-lhe atributos masculinos; em outros povos, Deus recebe atributos femininos. Mas Deus não é nem neutro, nem masculino, nem feminino. Ele não se parece com nada do que nós conhecemos, por isso é que ele é Ele mesmo. Se pudéssemos resumir toda esta questão, talvez acertaríamos melhor ao dizer: Deus é Deus, assim não correríamos o risco de dizer que Deus é Ele, ou que Deus é Ela.

De qualquer forma, quem quer anunciar Deus, tome cuidado para não anunciar um Deus excessivamente masculino, ou feminino.

Anuncie um Deus diferente de tudo o que conhecemos, porque é isso que Ele é.

Pe. Zezinho. SCJ, é músico e escritor. Tem aproximadamente 85 livros publicados e mais de 115 álbuns musicais.
www.padrezezinhoscj.com

Em essência, Missionários do Sagrado Coração

GEDSC DIGITAL CAMERAQuando falamos como Missionários do Sagrado Coração, não queremos apenas levar às pessoas aquela imagem do Coração exposto de Cristo, como observamos em tantas imagens e quadros

Diz Adélia Prado, poetiza mineira, que “o que a memória ama, fica eterno”. Fico pensando que somente quem encontrou encanto na vida pode dizer tal coisa. Ouso dizer que eterno é tudo aquilo que se conquista e faz morada no coração da gente. É um grande desafio dizer o que significa ser MSC, Missionário do Sagrado Coração. Alguém poderia me dizer “você ainda está chegando, há muito que viver”. Mas eu acredito que muito mais do que viver um carisma, antes é necessário senti-lo. O sentimento não conhece tempo, o que se vive agora começa a ser eternizado na memória e sacramentado no coração.

Foi isso o que aprendi ao longo de todos esses anos com os MSC: ter como ponto de partida o Coração, não o meu, mas o Coração de Jesus. Somos chamados a sentir com o outro, especialmente com aquele que mais sofre, que está apartado do direito à vida com dignidade.

Somos um grupo de homens que fizeram a opção de, embebidos dos mistérios do Coração de Cristo, sanados por este mesmo Coração, levar outras pessoas ao mesmo encontro, pois o Coração de Jesus é o templo sagrado de encontro do homem com Deus, do Criador com a sua criatura.

Quando falamos como Missionários do Sagrado Coração, não queremos apenas levar às pessoas aquela imagem do Coração exposto de Cristo, como observamos em tantas imagens e quadros. Na verdade, o nosso carisma essencial é fazer com que as pessoas possam experienciar, sentir na própria vida, a ponto de uma verdadeira conversão, valores que conduzem a uma vida eterna que só este Coração pode dar.

Longe de sermos homens perfeitos, pois nas nossas relações nós também lidamos com a nossa fragilidade humana, somos consagrados que, bebendo por primeiro do poço, saciando a nossa sede, podemos encher o cantil e levá-lo pelo deserto a tanta gente sedenta. Vamos caminhando na esperança de um mundo “sem males”. Nem o sol forte e causticante, nem as tempestades de areia, podem nos fazer sucumbir porque, como Missionários do Sagrado Coração, sabemos em quem colocamos a nossa esperança.
É isso o que sabemos fazer, esta é a nossa vocação, sermos sinais para um mundo machucado, para corações cansados. Só sabemos o quanto algo nos pertence quando não conseguimos mais separá-lo de nós. O nosso ideal, o nosso carisma e a nossa espiritualidade dizem quem somos nós, somos missionários de um Coração que ama sem medida.

Girley de Oliveira Reis, MSC é promotor vocacional da Província de São Paulo e cursa o 4ª ano de Teologia na PUC/São Paulo – SP.

A função pastoral da arte na evangelização

atualidadeliturgicaO grande poder da arte sacra de comunicar torna capaz de ultrapassar as barreiras e os filtros dos preconceitos para unir o coração dos homens e mulheres de outras culturas e religiões e, ao seu modo, acolher a universalidade da mensagem de Cristo e seu Evangelho.

As obras de arte são inspiradas pela fé cristã – pinturas e mosaicos, esculturas e arquiteturas, marfins e pratas, poesia e prosa, obras musicais e teatrais, cinematográficas e coreográficas e muitas outras – têm um enorme potencial, sempre atual que não se deixa alterar pelo tempo, que passa: comunicam de maneira intuitiva e agradável a grande experiência da fé, do encontro com Deus em Cristo, no qual se revela o mistério de amor de Deus e a profunda identidade do homem.

São João Paulo II definia o patrimônio artístico inspirado pela fé cristã como “um formidável instrumento de catequese”, fundamental para “novamente lançar a mensagem universal da beleza e da bondade”.

Também a imagem é pregação evangélica. Os artistas de todos os tempos ofereceram à contemplação e à admiração dos fiéis os fatos salientes do mistério da salvação, apresentando-os no esplendor da cor e na perfeição da beleza. Isso é um indício de como hoje, mais que nunca, na civilização da imagem, a imagem sagrada pode exprimir muito mais que a própria palavra, uma vez que é muito eficaz o seu dinamismo de comunicação e de transmissão da mensagem evangélica.

O grande poder da arte sacra de comunicar torna capaz de ultrapassar as barreiras e os filtros dos preconceitos para unir o coração dos homens e mulheres de outras culturas e religiões e, ao seu modo, acolher a universalidade da mensagem de Cristo e seu Evangelho. Sendo assim, quando uma obra de arte, inspirada pela fé, é oferecida ao público no quadro da função religiosa, essa arte se revela como uma mediação, um caminho pastoral de evangelização e diálogo, que possibilita saborear o patrimônio vivo do cristianismo e, ao mesmo tempo, a própria fé cristã.

Reler as obras de arte cristã, grandes ou pequenas, artísticas ou musicais e recolocá-las no seu contexto, aprofundando seus vínculos vitais com a vida da Igreja, em particular com a liturgia, quer dizer fazer “falar” novamente tais obras, permitindo-lhes transmitir a mensagem que inspirou sua criação. O caminho da beleza, tomando o caminho das artes, conduz à verdade da fé, ao próprio Cristo, tornado com a Encarnação, ícone do Deus invisível”. João Paulo II não hesitou em manifestar sua “convicção de que, num certo sentido, o ícone é um sacramento: analogamente, de fato, como sucede nos sacramentos, o ícone torna presente o mistério da Encarnação em um ou outro aspecto.”
Pe. Michel dos Santos, MSC, é vigário paroquial de N. Sra da Soledade em Delfim Moreira/MG