Revista de Nossa Senhora
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Agosto de 2015

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Oração pela nossa Terra

interna4Deus Onipotente, que estais
presente em todo o universo
e na mais pequenina das vossas criaturas,

Vós que envolveis com a vossa
ternuratudo o que existe, derramai
em nós a força do vosso amor para cuidarmos da vida e da beleza.

Inundai-nos de paz,
para que vivamos como irmãos
e irmãssem prejudicar ninguém.

Ó Deus dos pobres, ajudai-nos a resgatar
os abandonados e esquecidos desta terra
que valem tanto aos vossos olhos.

Curai a nossa vida,para que protejamos
o mundo e não o depredemos,
para que semeemos beleza
e não poluição nem destruição.

Tocai os corações
daqueles que buscam apenas benefícios
à custa dos pobres e da terra.
Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto,
a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas
no nosso caminho para a vossa luz infinita.

Obrigado, porque estais conosco
todos os dias. Sustentai-nos,
por favor, na nossa luta
pela justiça, o amor e a paz.

(Laudato Si, Papa Francisco)

“LAUDATO SI”: Uma boa notícia!

interna3A grande mídia internacional dedicou amplo espaço à promulgação da encíclica “Laudato si”. As associações ambientalistas sustentam o compromisso ético do Papa. Cientistas e líderes religiosos, em diálogo com Francisco, relançam o apelo comum para uma ação urgente a fim de salvar o Planeta.

“Esta encíclica é uma obra-prima do Papa Francisco, que tenho a alegria de partilhar!” Exclamou o cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência dos bispos da Alemanha. De fato, trata-se de uma mensagem que fala à consciência do mundo e da Igreja. Um sinal forte que chega no momento certo! Trata-se de uma mensagem fundamental, de um forte apelo para assumirmos as nossas responsabilidades diante dos grandes problemas ambientais e sociais que afligem a humanidade.

Seria muito redutivo considerá-la apenas uma “Encíclica Verde”, pois ela entrelaça os problemas do meio ambiente com aqueles relacionados ao desenvolvimento dos povos e à paz mundial, em consonância com a doutrina social da Igreja.

Em 1891, o Papa Leão XIII enfrentou pela primeira vez as questões sociais para responder aos problemas surgidos pela industrialização no norte da Europa. João XXIII, em 1963, diante da ameaça de uma guerra nuclear entre dois blocos de nações fortemente armadas, escreveu a encíclica “Pacem in terris”, sobre a necessidade e a urgência de desarmar os ânimos pelo espírito de paz e Paulo VI, em 1967 abriu uma nova perspectiva relacionada ao desenvolvimento dos povos, pela encíclica “Populorum Progressio”, perspectiva essa ampliada e explorada pelos Papas João Paulo II e Bento XVI.

O Papa Francisco inaugura com esta encíclica um novo campo de intervenção, o ecológico, relacionado com o autêntico progresso para a preservação da paz. Trata-se de uma fecunda e inovadora síntese que responde aos enormes desafios que a humanidade está enfrentando e que, se não encarados corretamente e com urgência, ameaçam o futuro do planeta e da humanidade.

“Laudato si” é uma encíclica que traz elementos de absoluta novidade. Por exemplo, cita documentos de várias conferências episcopais no intuito de reforçar a comunhão do magistério episcopal e a valorização de trabalhos já realizados. Assume a salvaguarda da criação como eixo central de toda a encíclica. Valoriza a contribuição de fontes não apenas provenientes do magistério e da Bíblia, citando teólogos, cientistas e filósofos, e reforça os laços ecumênicos, dando amplo espaço ao empenho do Patriarca ortodoxo Bartolomeu I, já conhecido e apreciado pelo seu magistério e pelo seu trabalho na defesa do meio ambiente. Logo depois da promulgação da encíclica ele declarou: “Além de qualquer diferença doutrinal que possa caracterizar as diferentes confissões cristãs, e além de eventuais controvérsias religiosas que podem separar as várias comunidades de fé, a terra nos une de modo único e extraordinário. Todos somos responsáveis pela tutela e a conservação do planeta. Por isso, esta encíclica é um apelo para que haja intervenções urgentes em favor do diálogo para iniciar a construção de novos processos educativos em condição de mudar a situação em que vivemos”.

O que caracteriza esta encíclica é sobretudo a preocupação pela casa comum, com a conseguinte e corajosa denúncia de sua degradação, a denúncia da iníqua repartição dos bens, o apelo à solidariedade universal e à mudança de rumo da economia através de escolhas políticas corajosas, rumo a uma economia equânime e sustentável, capaz de garantir dignidade a todos os seres humanos a partir dos últimos. L. Boff no primeiro comentário que fez à encíclica escreve: “Logo no início ela diz que ‘nós somos Terra’ (n. 2; cf.Gn 2,7), bem na linha do grande cantor e poeta indígena argentino Athaulpa Yupanqui: “O ser humano é Terra que caminha, que sente, que pensa e que ama”. Talvez esta possa ser uma das chaves interpretativas da novidade trazida pela mensagem de Francisco.

Acolhamos esta novidade rumo a uma conversão bíblica, ecológica e ecumênica que a boa nova da criação anuncia e pede com urgência a todos os seres humanos!

Dom Francisco Biasin é bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda(RJ) e membro do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso do Vaticano .

Vocação à Vida Consagrada

interna2Onde estão os religiosos, existe alegria!”

Neste Mês Vocacional somos convidados a refletir sobre como estamos vivendo a nossa vocação humana e cristã. Nós, os Consagrados, temos o Ano da Vida Consagrada, proclamado pelo Papa Francisco, no dia 21 de novembro de 2014, e que vai até o dia 02 de fevereiro de 2016, para nos ajudar nesta reflexão. Como estamos vivendo a nossa vocação, nestas quatro dimensões: a relação com Deus, a relação com as outras pessoas, a relação conosco mesmos e na relação com a natureza?

Na Carta “Alegrai-vos”, o Papa aponta três objetivos para Ano da Vida Consagrada: Olhar com gratidão o passado, viver com paixão o presente e abraçar com esperança o futuro. E, conclui o Pontífice na mesma carta: “seja sempre verdade aquilo que eu disse uma vez: ‘Onde estão os religiosos, existe alegria’.” Marca este Ano, sobretudo a alegria dessa Consagração.

O padre jesuíta, Jaldemir Vitório, em artigo na Revista Convergência, da Conferência dos Religiosos do Brasil, de julho/agosto deste ano, destaca que os consagrados tem muitos motivos de alegria, tais como: “de sermos discípulos e discípulas de Jesus e servidores do Reino; de pertencer a uma família religiosa, com sua história, carisma e espiritualidade; de viver em comunidade como irmãos e irmãs; de abraçar juntos a missão; de servir aos empobrecidos e marginalizados; de ser profetas do Reino; de ser ‘reserva de humanidade’, num mundo de desumanidade; de ser presença missionária na Igreja, abraçando as tarefas mais desafiadoras; de abraçar missões ad gentes; de viver a intercongregacionalidade, como possibilidade de alargar o campo da missão; e, de envelhecer com dignidade e chegar ao ocaso da vida conservando viva a chama da vocação e da missão.”Que bom viver estas alegrias! Elas podem ser observadas pelos jovens em nossas comunidades e assim fazerem parte deste caminho que estamos trilhando como pessoas humanas.

Nós, os Missionários do Sagrado Coração de Jesus, somos chamados a viver a nossa vocação de alegria na missão. O Papa diz em sua carta, “Espero ainda de vós o mesmo que peço a todos os membros da Igreja: sair de si mesmos para ir às periferias existenciais. ‘Ide pelo mundo inteiro,’ foi a última palavra que Jesus dirigiu aos seus e que continua hoje a dirigir a todos nós (cf. Mc 16,15).” O que será que Deus pede a nós hoje?

Maria: Vocação Chamada a viver na alegria

Deus chamou Maria e ela disse o seu “Sim”, com alegria. Um “Sim” que nós também podemos dar para viver a alegria de sermos discípulos missionários. Um “Sim” que somos chamados a viver a partir ou discernir a partir de três pilares, a saber: Numa experiência intima com Deus, numa a vida em comunidade e em missão.

Vida de experiência íntima com Deus

Sentir a presença amorosa e misericordiosa do Espírito Santo na vida diária, sendo próximos de Deus, sentando aos pés de Jesus uns 15 a 20 minutos em oração com Ele, silenciando para escutar a sua Palavra, uma espiritualidade integrada, oração e vida, alimentando a fé na escuta do Mestre.

O Papa Francisco nos diz, na Carta Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum, que a nossa espiritualidade cristã é uma grande riqueza e uma contribuição para a renovação da humanidade, “aquilo que o Evangelho nos ensina tem consequências no nosso modo de pensar, sentir e viver. (…) A espiritualidade não está desligada do próprio corpo nem da natureza ou das realidades deste mundo.” (n. 216).

Somente assim, podemos discernir qual a vontade de Deus na nossa vida de discípulos Missionários. Somente se nos colocarmos numa relação amorosa, entendemos o que ele quer.

Vida vivida em comunidade

Jesus assumiu a missão de anunciar o Reino de Deus formando uma comunidade. Ele formou uma Comunidade de Vida, um grupo de Doze Apóstolos, para estar com Ele e enviá-los a pregar (Mc 3,13-19). Grupo que andou com Ele pelos caminhos da Galileia e foi sendo formado, passo a passo, na prática do dia a dia, em comunidade. “O discípulo missionário de Jesus Cristo necessariamente, vive sua fé em comunidade (1Pd 2,9-10) em ‘íntima união ou comunhão das pessoas entre si e delas com Deus Trindade.’

Sem vida em comunidade, não há como efetivamente viver a proposta cristã. Comunidade implica convívio, vínculos profundos, afetividade, interesses comuns, estabilidade e solidariedade nos sonhos, nas alegrias e nas dores.” (Dir. CNBB, n. 55) Por isto, para discernir bem sobre o que Deus quer de cada um de nós é fundamental fazer parte de uma Comunidade Cristã, viver uma vida em comunhão com outras pessoas.

Vida vivida em missão

A vida é missão e a missão é vida. Temos vários relatos nos Evangelhos onde Jesus enviou os seus discípulos em missão. Foram enviados dois a dois, a partir da Comunidade, para levar o espírito de Jesus. Enviados para levar a vida e vida em abundancia, principalmente onde esta era mais ameaçada.

A CNBB, nas Diretrizes Gerais para a Igreja no Brasil, nos diz que “o discípulo missionário no seu amor por Jesus Cristo, não se cala diante da vida impedida de nascer, diante da vida sem alimentação, casa, terra, trabalho, educação, saúde, lazer, liberdade, esperança e fé.”(DGE,65) O discernimento vocacional acontece com mais clareza se tenho uma vida de missão e uma missão de vida.

Concluindo…

Portanto, a vocação, a resposta ao chamado de Deus, somente poderá ser fiel, assim como foi o “Sim” de Maria e de tantos discípulos e discípulas, se a minha vida está sendo vivida em uma relação íntima com Deus Trindade, numa Comunidade Cristã e na Missão.

O chamado vocacional a uma vida de Consagração alimenta em nós a alegria de viver. E esta alegria faz com que nossos olhos brilhem.

Nosso sorriso se expressa espontaneamente quando podemos viver a alegria do Evangelho, a alegria de ser discípulo missionário, de viver em profunda intimidade com Deus e na vida fraterna evangélica, de ser feliz na opção realizada que é dom de Deus e cooperação nossa.

Esta vocação nos convida a levar às pessoas mais necessitadas o abraço que consola, conforta, transmite fraternidade e alegria, entusiasmo e votos de felicidade; a ser presença simples e ação generosa, criativa, dinâmica e feliz no serviço direto aos mais pobres. Vocação que nos consagra a ser a encarnação da misericórdia de Deus, a estarmos disponíveis para atender à sede de Deus e à sede de espiritualidade, ir ao encontro dos outros, levar-lhes Jesus Cristo, feliz, dentro de nós, como Maria em sua visita a Isabel, um Jesus Cristo desejoso de estar conosco e nos outros.

Nossa Senhora do Sagrado Coração nos fortaleça na missão de testemunhar e evangelizar, servir e libertar. Que nossa vocação ajude a despertar o mundo! Amado seja por toda parte o Sagrado Coração de Jesus. Eternamente!

Pe. Mário Roessler, MSC – (roemarmsc@gmail.com)

O ROSÁRIO

interna1O Rosário, em cuja recitação se usa o instrumento tradicional do terço para contar as Ave-Marias, é uma oração de contemplação. E a humanidade de hoje precisa de contemplação, à qual não se chega sem a experiência do silêncio.

A redescoberta do valor do silêncio é um dos segredos para a prática da contemplação e da meditação. Entre as limitações duma sociedade, onde predomina fortemente a técnica, conta-se o fato de se tornar cada vez mais difícil o silêncio. Tal como na Liturgia se recomendam momentos de silêncio, assim também na recitação do Rosário é oportuno fazer uma pausa depois da escuta da Palavra de Deus, enquanto o espírito se fixa no conteúdo do mistério.

Maria guardava as recordações de Jesus estampadas na sua alma. Em cada circunstância, Maria era levada a percorrer novamente, com o pensamento, os vários momentos da sua vida junto com o Filho Jesus. De certo modo, foram essas recordações que constituíram o “rosário” que Ela mesma, diríamos, recitou constantemente nos dias da sua vida terrena, em sua própria carne ao ver a vida de Cristo revelando-se.

Maria viveu com os olhos fixos em Cristo e guardou cada palavra sua: “Conservava todas estas coisas, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19; cf. 2,51).

Precisamente por causa da experiência de Maria, o Rosário é uma oração marcadamente contemplativa. Privado dessa dimensão, perderia o sentido, como sublinhava Paulo VI: “Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: ‘Na oração, não sejais palavrosos como os gentios, que imaginam que hão de ser ouvidos graças à sua verbosidade’ (Mt 6,7).

Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor”. Assim, podemos, através do coração daquela que mais de perto esteve em contato com o Senhor, chegar às suas insondáveis riquezas.

Rosário vem de rosa. Cada Ave-Maria é uma rosa do buquê a ser oferecido a Jesus e Maria. Porque o Rosário é a contemplação dos mistérios da vida de Jesus, nos mistérios gozosos, dolorosos, luminosos e gloriosos, esse é Cristocêntrico e não Mariocêntrico, como nos ensinou São João Paulo II. Ele é, também, de índole comunitária e se nutre da Sagrada Escritura. Na medida em que o vamos rezando e contemplando, ele nos abre um “painel catequético e bíblico” da história da salvação.

Somos obrigados a rezar o Rosário? Não. É uma devoção. Mas entre os que o rezam não haverá ninguém que ignore sua validade. Milhões e milhões de pessoas pelo mundo inteiro o rezam em todas as línguas e idades. Feita com devoção e piedade, essa prece tão preciosa tem alcançado muitas graças. Por ela, a Igreja superou grandes crises em sua História ao longo dos séculos, e ainda continua superando.

Ir. Myrian Aparecida Pereira é do Instituto Coração de Jesus em Goiânia (GO)