Revista de Nossa Senhora
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Fevereiro de 2015

Revista Nossa Senhora - fevereiro-15.indd

Avance sempre…

interna4Na vida as coisas, às vezes,
andam muito devagar.
Mas é importante não parar.

Mesmo um pequeno avanço na direção certa já é um progresso,
e qualquer um pode fazer um pequeno progresso.

Se você não conseguir fazer
uma coisa grandiosa hoje,
faça alguma coisa pequena.
Pequenos riachos acabam
convertendo-se em grandes rios.

Continue andando e fazendo.
O que parecia fora de alcance esta
manhã, vai parecer um pouco mais
próximo amanhã ao anoitecer, se você
continuar se movendo para frente.

A cada momento intenso e apaixonado que você dedica a seu objetivo, um pouquinho mais você se aproxima dele.

Se você pára completamente, é muito mais difícil começar tudo de novo.
Então continue andando e fazendo.
Não desperdice a base que
você já construiu.

Existe alguma coisa que você pode fazer agora mesmo, hoje, neste exato instante.
Pode não ser muito mas vai
mantê-lo no jogo.

Vá rápido quando puder.
Vá devagar quando for obrigado.

Mas, seja lá o que for, continue.
O importante é não parar!

(autor desconhecido)

Quaresma: tempo de relações verdadeiras!

Cross with purple drape or sash for EasterDiz o livro do Eclesiastes 3,1: “Debaixo do céu há um tempo para cada coisa”. A delicadeza do autor deste livro, nos ajuda a entrar no tempo da Quaresma, buscando encontrar nele sentido para nossa vida, para nossa caminhada de fé. “Este é o tempo favorável, o dia da salvação”, diz 2 Cor 6,2. Fixando o olhar no mistério pascal, onde contemplamos e vivenciamos o núcleo de nossa experiência espiritual, a entrega de amor do Senhor na Cruz e sua vitória sobre a morte na Ressurreição, queremos fazer deste tempo, um tempo fecundo, tempo de “converter”, de mudar rumos e apurar as relações, para que fique somente o que de fato, for firmado na verdade que nos faz crescer!

Neste sentido, o trecho do Evangelho que ouvimos na liturgia de quarta-feira de cinzas, pode nos orientar durante toda a caminhada quaresmal, lançando luzes sobre nossa forma de conduzir nossos relacionamentos. Parece que a Palavra de Deus (Mt 6, 1-6.16-18), nos orienta a uma tríplice atenção: nossa relação com Deus, nossa relação com os outros e nossa relação conosco mesmos. Ao apresentar aí as três práticas quaresmais do jejum, da esmola e da oração e abrir assim o tempo quaresmal, recebemos um itinerário seguro para refazer nossas práticas relacionais.

A primeira é a vida de oração. A oração ao Pai de amor, no “escondido do quarto”, diante daquele que vê o coração como ele é, sem hipocrisias, é o caminho seguro para um relacionamento que a cada dia pode crescer e amadurecer. A qualidade de nossa relação com Deus depende de nossa vida de oração pessoal e comunitária. A quaresma nos dá a chance de intensificar essa vivência de oração através, quem sabe, de um projeto de oração, um roteiro ou esquema que nos ajude a não nos perdermos na correria do dia a dia, e assim relegarmos a segundo plano nossa vida de oração. Precisamos estar na presença dEle para ouvi-lo. Nossa oração precisa ser encontro, entrega, local de confiança e amizade com Deus. Desta forma nossa relação com Deus, em Jesus, encontrará nesses quarenta dias da quaresma um momento especial para se revigorar.

A segunda prática quaresmal que nos é proposta é o jejum. Jesus pede que não o façamos com hipocrisia, para sermos vistos, mas como um mergulho no nosso coração, para perceber aí o que nos arrasta e desintegra interiormente. A fome, consequência física do jejum, é uma possibilidade de nos encontrarmos com uma necessidade básica de todo ser humano: alimentar-se. Mas nos remete a todas as outras necessidades que trazemos e que, se não nos cuidamos, podem se transformar em vícios que não nos deixam livres para viver de forma mais plena o projeto de Deus para cada um de nós. O jejum é um exercício de ascese. De busca de Deus e de controle de si.

É, portanto uma forma de melhorar nossa relação conosco mesmos. Mas como toda ascese que não leva em conta a ação da Graça, pode nos levar à falsa ideia de que somos nós, com nossas forças e méritos, que conseguimos permanecer no caminho da fé. Esse engano deve ser substituído, sobretudo neste tempo quaresmal, por uma real noção de nossa fragilidade humana, de nossa capacidade de pecar e ao mesmo tempo de perceber aí a oportunidade de uma entrega de toda minha vida a Deus. “E de reconhecer que não tenho garantia alguma de não pecar mais. Se Deus não me sustentar, sempre tornarei a cair no pecado. Posso fazer o que quiser, mas, sem a graça de Deus, eu sou incapaz de resistir ao pecado. Quando isto chega ao meu coração, não me resta outra saída senão entregar-me a Deus” (Anselm Grün. Espiritualidade a partir de si mesmo).

Por fim, ao nos propor a prática da esmola, que podemos dizer aqui, da caridade, Jesus nos coloca na direção do outro, fazendo-nos pensar na qualidade cristã de nossas relações com aquelas pessoas que estão na nossa vida, povoando nosso caminho de todos os dias. Jesus pede que façamos com gratuidade, ou seja, sem esperar nada em troca e de forma que não chamemos a atenção para nós mesmos. Talvez dito de outra forma, nossas relações devem ter como finalidade o bem do outro e não nossa boa fama e nosso desejo secreto de cumprirmos com uma obrigação religiosa ou ficarmos com a consciência livre pelo bem feito.

A Palavra de Deus, desta forma, nos apresentando a proposta de Jesus, coloca diante de nós um itinerário bonito, mas exigente para que renovemos nossas relações. Que nossa quaresma, à luz desta Palavra, seja tempo de recomeçar, confiando no amor de Deus ou como diria São Bento “sem jamais desesperar da misericórdia de Deus” e buscando viver desde já, na nossa experiência cotidiana de fé o mistério de morrer com Cristo (tanta coisa precisa morrer em nossas relações) para com Ele ressuscitarmos.

Pe. Lucemir Alves Ribeiro, MSC, Reitor do Santuário de Nossa Senhora da Agonia – Itajubá- MG

Um convite para a penitência Quaresmal

Young woman praying in a churchO perdão de nossos pecados é uma necessidade espiritual. Mas também psicológica. Nada melhor do que o pecador se sentir perdoado. “Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada” (Sl 31, 1). Isso é benéfico para nós. Restaura nossa autoestima. Sentir-se perdoado significa ter a sensação segura de ser amado.

Trata-se de uma grande experiência interior, portadora da paz e do equilíbrio psicológico. Faz levantar a cabeça. Mas como se pode obter a misericórdia divina em nosso favor? Que possibilidades de perdão o Pai Justo (Jo 17, 25) nos oferece para a purificação de nossas consciências? Cito alguns caminhos, uns mais largos e outros mais estreitos. Entre eles lembro o amor profundo e total para com Deus. “A caridade é o vínculo da perfeição” (Col 3, 14). É bem difícil, mas muitos alcançam essa graça. Cito, sobretudo, a prática da caridade para com o próximo. “A caridade apaga uma multidão de pecados” (1 Pd 4, 8). Esse é um caminho bastante seguro, ao alcance de nossas mãos. Também, vinculadas ao poder legítimo da Igreja, estão as indulgências, cujo poder de perdão provem dos tesouros de santidade dos filhos da esposa de Cristo.

Mas um caminho proposto por Jesus, e aberto pela bondade do Salvador, é o Sacramento da Penitência, também chamado de Confissão. É um caminho seguro para a misericórdia divina, contanto que nos arrependamos e nos ponhamos na senda da mudança interior. Nós acreditamos no poder que Jesus deu à sua Igreja de perdoar, em nome de Deus, os pecados do povo. “Somos embaixadores da reconciliação… Em nome de Cristo vos pedimos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2 Cor 5, 19-20). Esse sacramento não só perdoa os pecados, – por mais graves que sejam, – mas nos dá forças para praticar o bem. O Papa Francisco sugere que todas as Paróquias do mundo facilitem, nesta quaresma, a aproximação dos Fiéis, a este sacramento. O sacramento é tão humano, que até a Psicologia adotou a “confissão” como um método de terapia. Só existe uma diferença: após o relato diante de psicólogo, este pode orientar o paciente e mostrar o caminho da recuperação. Mas o Sacerdote pode perdoar, em nome de Deus. E isso é uma segurança para nós. “Se o mau renunciar à sua malícia e praticar o bem, ele viverá” (Ez 33, 19).

A diaconia na vida e missão da igreja

interna1O exercício do ministério diaconal é uma ação que remonta às primeiras comunidades cristãs. A instituição do ministério diaconal é narrada no Novo Testamento e mantida até os dias atuais pela Tradição da Igreja.

É o evangelista Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, que nos narra a instituição dos primeiros diáconos (cf. At 6, 1-7). O texto conta que os doze apóstolos escolheram sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria para se dedicarem a administração e ao serviço da caridade enquanto eles se dedicariam a oração e a pregação da Palavra. Mais tarde, o texto os apresenta pregando a Palavra e batizando (cf. At 6,8-14; 8,5-13). Ainda em At 6,6 pode-se notar a imposição das mãos, acompanhada da oração, realizada pelos Apóstolos sobre os escolhidos para tal ministério na comunidade.

A natureza deste ministério se configura a uma tríplice missão que é o serviço ao povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade, sendo que o candidato é ordenado para o serviço. A Lumen Gentium é muito clara quanto à missão do diácono: “administrar o Batismo solene, conservar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar em nome da Igreja aos Matrimônios, levar o viático aos moribundos, ler a Sagrada Escritura aos fiéis, instruir e exortar o Povo, presidir ao culto e as orações dos fiéis, administrar os sacramentos e presidir aos ritos dos funerais e da sepultura” (LG 29).

O diácono deve ser um servidor de todos. Alguém que se coloca à serviço da comunidade e do povo de Deus imitando aquele que é o modelo de diaconia e de todos os servidores. Diante desta motivação reconhecemos a missão a que fomos confiados e para a qual fomos chamados deixando ressoar em nossos ouvidos e em nossos corações as palavras do bispo ordenante: “Recebe o Evangelho de Cristo, do qual foste constituído mensageiro; transforma em fé viva o que leres, ensina o que creres e procura realizar o que ensinares”.

Diácono Girley de Oliveira Reis, trabalha na Paróquia Dom Bosco, São Gabriel da Cachoeira – AM