Revista de Nossa Senhora
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Janeiro de 2016

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Bênção Irlandesa

Que o caminho seja brando   interna4
A teus pés,   

O vento sopre leve   
Em teus ombros.

Que o sol brilhe cálido   
Sobre tua face,   

As chuvas caiam serenas   
Em teus campos.

E até que eu   
De novo te veja,
   
Que Deus te guarde   
Na palma de sua mão.

Santuário da Misericórdia e a PORTA SANTA

interna3Duas e vinte da tarde de um domingo ensolarado de dezembro, eu chegava à porta do Colégio Nossa Senhora do Sagrado Coração à Rua Planalto em São Paulo-SP. No local, vários fiéis abriam suas sombrinhas para aguentar o forte sol e a peregrinação que teriam pela frente. Pouco antes das três horas, um carro preto chega em meio aos devotos, dele desce o arcebispo de São Paulo Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer. Muito simpático, o arcebispo acena aos fiéis e, poucos minutos, depois dá início a celebração da abertura da Porta Santa no Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração. Oficializava-se o Ano da Misericórdia e a Porta Santa para Região Belém.

A chamada Estatio (Primeira estação) da celebração contou com a Proclamação do Evangelho e a leitura de um trecho da Bula do Ano da Misericórdia. Com as palavras de Dom Odilo de que “a misericórdia é a alegria de Deus”, os devotos saíram com a peregrinação até o Santuário.

A caminhada foi curta, mas não pouco emocionante. Na frente seguia a fila de sacerdotes da Região Belém junto com o Cardeal e uma multidão de fiéis que tomavam as ruas da Vila Formosa.

A multidão durante a peregrinação já impressionava, maior ainda se tornara a admiração quando chegamos a poucos passos do Santuário. Por lá, centenas de pessoas esperavam no pátio da paróquia pela abertura da Porta Santa. Pouco a pouco, os fiéis se aglomeravam em frente às portas fechadas e ouviam, com devoção, as orações invocadas pelo Arcebispo de São Paulo. Alguns minutos depois, solenemente se abria a Porta Santa da Misericórdia.

A felicidade do povo se misturava com orações, reflexões, ansiedade por passar pela Porta Santa da Misericórdia bem como em registrar o momento com uma fotografia – com celulares nas mãos muitos gravavam o momento da passagem para dentro do Santuário, e alguns até falavam para o vídeo o que estavam sentindo “está lindo aqui, olha toda nossa família presente”, dizia um senhor para a tela do celular.

Já com todos acomodados no Santuário, os bancos cheios e os corredores preenchidos de pessoas em pé, algo chamou atenção: o silêncio da oração. Eram centenas de pessoas, crianças, sob um forte calor que se calaram diante da grandeza daquela missa. A cerimônia seguiu com a aspersão, proclamação da palavra e um sermão tocante do Arcebispo, que dizia entre outras coisas: “Teu Senhor é teu Deus, não reconheces a outros senhores que te humilham e te escravizam. Vamos viver um ano para nos aproximarmos de Deus, um tempo santo de reconciliação”.
Na hora da comunhão, outra agradável surpresa: a dedicação dos religiosos para que ninguém ficasse sem comungar, mesmo aqueles que estavam do lado de fora do Santuário receberam, com piedade, a Santa Eucaristia.

Ao final outro importante Rito, antes da Benção final, Dom Odilo fez questão de lembrar que o Templo Santo onde estava era dedicado à virgem Maria, Nossa Senhora do Sagrado Coração. Rezou acompanhado de um coro de mais de mil vozes a oração da Salve Rainha, Mãe de Misericórdia.

A face daqueles que deixavam o Santuário era de muita alegria. Foram três horas que não se tornaram cansativas, que foram abençoadas. Três horas de orações e de dedicação de voluntários, de religiosos e fieis. A Porta Santa e o Ano da Misericórdia trouxeram e ainda trarão um caminho aberto para experienciar a Misericórdia de Deus.

 

As Bodas de Caná

interna2Não sabemos o nome dos noivos. O que sabemos é que havia uma festa de casamento num lugarejo pobre e esquecido da Galileia. Os noivos são pobres, pois se fossem ricos, não faltaria o vinho. Quem aparece em primeiro plano é a mãe de Jesus. O evangelista João não fala seu nome: – “Maria” – como fazem os demais evangelistas, mas ele usa outros dois termos, tais como: – “a mãe de Jesus” e “mulher”. – É ela quem abre o cenário desta narrativa e o caminho para que Jesus possa realizar o primeiro milagre. Ela impede o constrangimento pelo qual os noivos iriam passar. O evangelista João diz que Jesus e seus discípulos foram convidados para esta festa, porém não diz o mesmo de Maria, pelo contrário; afirma que “a mãe de Jesus estava lá”. Quem sabe ela já tinha ido alguns dias antes para ajudar nos preparativos da festa.

A percepção de uma mãe

A alegria dos noivos era grande. Tudo estava completo. A presença de Jesus e Maria dava um tom diferente àquela festa. Mas logo depois, Maria percebeu algo diferente que preocupava os serventes. Não tinha mais vinho. Sem vinho não haveria mais festa. Isto significa que os convidados iriam embora antes do prazo previsto. Quando terminava o vinho, era costume oferecer aos convidados, um suco de uva, amargo e sem sabor. Quem já estava embriagado, nem percebia mais a diferença. Era chamado o vinho “pior”. Porém, para a maioria dos convidados seria uma decepção. Para as famílias dos noivos, motivo de vergonha. – O que fazer agora? – Onde encontrar vinho de boa qualidade naquele momento da festa? Tudo indicava que aquela festa terminaria num grande fiasco. Da alegria se passaria para reclamações dos convidados.

Jesus é o vinho novo

A necessidade é urgente. O problema a ser resolvido deve ser imediato. O verbo está no presente: – “Eles não têm vinho”. – Os participantes da festa não conheciam o verdadeiro vinho, aquele que Jesus daria gratuitamente. É só por meio de Jesus que obterão o vinho novo, que se opõe ao vinho velho, que é a “lei dos judeus”. Jesus muda a água destinada à purificação dos judeus. Esta água desaparece para dar lugar ao vinho novo. Os ritos judaicos que já não têm nenhum valor para a santificação e devem desaparecer. Algumas perguntas merecem a nossa atenção: – O que em mim é “vinho velho”? – Como evangelizar também em momentos de festas e recreações?

Caná é a festa dos pequenos

A epifania do Verbo de Deus começa no meio de gente simples, os pobres que não têm vinho. Jesus se manifesta primeiro aos serventes, os pequenos, como no dia de seu nascimento, manifestando-se primeiro aos pastores de Belém. Ele não pede muita coisa, somente àquilo que está ao alcance deles e que eles tinham condições de fazer: – “Enchei as talhas de água”. É uma abundância de água. Em breve será o tempo da abundância do vinho. O “noivo” está presente, por isso, é festa.

O novo discípulo

No final deste milagre, em João 2,11 encontramos os frutos desta festa de casamento. Este versículo, embora seja a conclusão, poderia servir como cabeça de todo o relato. Encontramos duas atitudes novas: a) Jesus manifestou sua glória: – É o grande tema do evangelho de João. É a manifestação da própria glória de Deus. É a glória do Filho único do Pai, porque o “Verbo habitou entre nós”. É a superação do Antigo Testamento, onde se apresentava um Deus temível para o qual nenhum ser humano podia olhar, encoberto pelas nuvens, agora, porém, presente em nosso meio. b) Os seus discípulos creram nele: – Todo profeta devia provar a autenticidade de sua missão por meio de “sinais” realizados em nome de Deus. João diz que Jesus realizou aqui o “primeiro sinal” para despertar a fé, primeiramente dos discípulos, depois de todos os presentes e hoje continua repercutindo em toda a Igreja, em todas as famílias.

Equador: missão e frutos

interna1Ao começar este novo ano, a Igreja recorda duas festas litúrgicas que chamam a atenção para a universalidade missionária. São elas: A festa da Paz com sua bênção universal (Nm 6, 22-27; Sal 66) e a Festa da Epifania (Is 60,1-6; Mt 2, 1-2). A salvação é dada para todos os povos. Ser portador destas boas notícias no meio do mundo é ser missionário. É ser irmão universal de muitos povos, raças e culturas. É viver sem fronteiras.

O missionário sempre vive motivado por boas noticias. O Fundador dos Missionários do Sagrado Coração, no inicio da sua congregação já pensava assim: “Que bela a vocação do missionário! Como me sentiria feliz se Deus me concedesse um dia a graça de ser um deles” Nas Constituições da Congregação é marcante este espírito missionário do fundador: “Nós recebemos nosso mandato missionário por meio da Congregação. Este mandato é determinado pelas necessidades da humanidade, pela missão da Igreja, pelas tradições de nossa congregação e pelos talentos e aptidões de cada um” (Const. MSC n. 26).

Para cumprir esta missão, três jovens missionários, cruzaram as fronteiras do Brasil para viver no meio do povo equatoriano. Era a segunda vez que a Congregação chegava a este país. A primeira foi em 1886, quando o Equador foi consagrado ao Coração de Jesus. O tempo passou e cento e dez anos depois, os MSC brasileiros retomaram este sonho do Fundador. Desta vez foram convidados para partilhar a vida com o povo pobre. O lema que adotaram foi: “Peregrinos da Esperança”. O objetivo era: realizar uma missão solidaria entre Brasil e Equador, partilhando a vida, a fé e a esperança. Saíram do Brasil no dia 06 de setembro de 1996, portanto, já são 20 anos de missão “além fronteiras”.

Depois de 20 anos, se pode ver muitos frutos nesta entrega missionária. Houve um esforço para partilhar a vida MSC. Foi possível um trabalho em comunhão com os planos de pastoral das dioceses. A vida fraterna dentro da comunidade MSC, com seu planejamento, oração e projeção para o futuro, foi uma constante. O serviço pastoral, o testemunho da fé, a acolhida do Outro, do diferente de mim, sobretudo dos indígenas com suas etnias diversas dentro da própria paroquia, gerou muita esperança no meio das comunidades. A escuta, a conciliação frente aos conflitos, entre o campo e os centros povoados, geram relações novas baseadas na confiança e na fraternidade. As Missões Populares, as visitas missionarias, a preparação de líderes e de catequistas, foram fundamentais para a superação dos conflitos que existiam nas paroquias de Chunchi, primeiro lugar da missão, e em Palmira – Tixan, segundo lugar de missão.

Eram conflitos que vinham se arrastando por vários anos, provocados pelas lutas para conquistar espaço social, terra e dignidade humana.

Do testemunho missionário, foram nascendo novas vocações para a congregação. Já temos o primeiro diácono MSC equatoriano, ordenado no dia 07 de novembro de 2015, outros dois jovens com votos perpétuos e alguns aspirantes. A família Chevalier se faz presente com a consagração de um grupo de Leigos Missionários do Sagrado Coração equatorianos (LMSC). O reconhecimento do trabalho missionário, por parte do povo equatoriano é grande. Isto nos faz recordar a frase do saudoso Dom Luciano Mendes de Almeida: “Onde há povo, há missão. Onde há missão, há mil razões para ser feliz”.

Você, caro leitor, que está começando um novo ano, você que é um bom cristão, sacerdote, religiosa ou leiga, leigo, o que o impede de viver sem fronteiras, partilhando a vida a fé e a esperança? Já pensou em ser missionário, missionária? São mais de dois terços da população mundial que não conhecem a Jesus, o missionário do Pai. O numero dos indiferentes cresce cada vez mais. Isto o interpela? Comece o ano dando um novo sentido a sua vida cristã. Pense, reze e colabore na missão universal da Igreja. Lute por uma Igreja em saída missionaria, na missão Sem Fronteiras.