Revista de Nossa Senhora
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Julho de 2015

Revista Nossa Senhora - julho -15.indd

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revista-04à torre da Matriz
para estudar de perto
os sinos
e ver, e descobrir
o que dá
a cada um
seu som inconfundível
e o que dá
ao conjunto
a impressão harmoniosa
difícil de esquecer.

A escada é íngreme
e interminável…

Mas terei que subir
sou sineiro das almas
e de cada uma
e de todas
gostaria de arrancar
os sons mais agradáveis
ao Senhor.
Dom Helder Câmara

Uma Mãe que visita seus filhos

revista-03De Franca, passando por Jaú, até  sua comunidade!

IMAGEM PEREGRINA EM FRANCA

Visitar, peregrinar, acompanhar, evangelizar e formar são palavras que, embora diferentes em seu significado, resumem o sentido que a Imagem de Nossa Senhora do Sagrado Coração cumpre ao peregrinar por diversas comunidades pelo Brasil afora. Desta vez, as comunidades visitadas foram Jaú e Franca, ambas no Estado de São Paulo.

A bela cidade de Franca, antiga rota dos Bandeirantes, conhecida como a capital nacional dos sapatos, foi o cenário dessa epopeia da Imagem de Nossa Senhora do Sagrado Coração. Era pouco mais de cinco da manhã de um sábado frio, quando um séquito de devotos de Maria, comprometidos com essas peregrinações, partiu para a Paróquia São Benedito, em Franca. A acolhida calorosa e festiva da imagem, deu-se pontualmente ao meio-dia.Grande número de fiéis aguardavam ansiosos a Imagem na comunidade que tem como padroeira Maria, Nossa Senhora do Sagrado Coração. Vivas, orações e suplicavas multiplicavam-se nessa acolhida!

O decorrer do dia foi marcado por intensa programação de atividades que gravitavam em torno da necessidade de louvar a Cristo pela intercessão da Virgem Maria, Nossa Senhora do Sagrado Coração. Um Oficio mariano, dominou a tarde ; à noite, uma procissão luminosa resplandeceu na cidade e atraiu uma multidão de fiéis a essa comunidade Mariana.

Palpável era a comoção que a imagem causava. Alguns se arriscavam a contar graças recebidas pela intercessão de Maria. Anita Guerra, coordenadora da comunidade, anunciava os testemunhos de curas, alcançadas pela intercessão de Nossa Senhora do Sagrado Coração, através de uma água costumeiramente abençoada no dia da festa e distribuída aos fiéis no domingo festivo, sempre o terceiro de maio.

No domingo, durante a celebração da missa festiva, outra centena de fiéis lotou a capela. A Coroação de Nossa Senhora do Sagrado Coração, singelamente celebrada pelas crianças, foi um espetáculo de simplicidade e piedade. Ao final da celebração, todos faziam questão de tocar a imagem de Maria e, com o olhar demorado e suplicante, entendia-se que pediam a Ela que intercedesse junto ao seu filho pelas suas muitas necessidades.

IMAGEM PEREGRINA EM JAÚ

Não mais que dez dias separaram a visita que a Franca, daquela que aconteceria em Jaú. Uma animada comunidade da Paróquia São João Batista, com pouco mais de quinze anos, por uma vicissitude da história, decidiu colocar-se sob a proteção de Nossa Senhora do Sagrado Coração. O tempo passou, a comunidade solidificou-se. Embora conhecesse a devoção Mariana, os fiéis sentiam a necessidade de entender esse título de sua padroeira com mais profundidade. A necessidade fez com que despontasse a oportunidade, e a Imagem Peregrina de Nossa Senhora do Sagrado Coração aportou no Centro-oeste paulista, na Diocese de São Carlos, no Bairro Jardim Novo Horizonte, em Jaú.

A receptividade e a acolhida foram marcas indeléveis desta visita. O Pároco, Dom Sergio Herique Van der Heyder, Abade Emérito da ordem dos Premonstratenses, no Brasil, demonstrou simpatia e devoção por Nossa Senhora do Sagrado Coração. De súbito, o abade buscava nos anais da história de sua Ordem, uma pitoresca narrativa de uma coroação feita a Nossa Senhora do Sagrado Coração, numa antiga abadia Europeia… Entre memórias e acolhida, foi celebrada a Eucaristia.

Nos fiéis daquela comunidade, observavam-se uma veneração imensa por Maria e uma sede sem precedentes de perscrutar as sendas desse título que Padre Júlio Chevalier deu a Maria. Foi momento oportuno, também, para uma formação sobre a origem do título, para aprofundar a espiritualidade e a convicção de seguir Jesus, nos passos de Maria. Nas Palavras do Coordenador, “Nós conhecíamos Nossa Senhora, mas precisávamos saber mais e aplicar as práticas de Devoção, como a Novena Perpétua e a Semana Com Nossa Senhora à vida da nossa Comunidade”.

Peregrinos como e com Maria, sentimos cada vez mais a necessidade de irmos a outros lugares, a outras comunidades a fim de difundir com convicção a devoção a Nossa Senhora do Sagrado Coração. Certos do tão grande bem que essa devoção pode fazer à sua vida, querido devoto, queremos convidá-lo a propor ao seu pároco, ao seu coordenador de comunidade, a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora ao lugar onde você mora.

A Redação

Vocação e Família

revista-02A maioria de nós já sabe que a palavra vocação quer dizer chamado, não um chamado qualquer, mas um apelo de Deus em favor dos outros, uma entrega gratuita e generosa por amor àquele que nos chama e à Igreja. E sendo um chamado, necessariamente exige de nós uma resposta. Toda pessoa é vocacionada, ou seja, toda pessoa é chamada por Deus para uma missão. O desafio, portanto, para cada homem e mulher que assume a sua fé é o de discernir essa vontade divina e responder com confiança. A história da nossa Igreja está repleta de testemunhos vocacionais que nos servem de inspiração.

Olhando para a literatura bíblica, vemos que Deus suscitou no meio do povo inúmeras pessoas que exerceram um papel preponderante na obra da salvação. No Antigo Testamento temos exemplos como o de Abraão (Gn 12, 1-5), Moisés (Ex 3, 1-5), Samuel (1Sm 3, 1-10), Jeremias (Jr 1, 4-10), que foram homens simples a quem Deus chamou ao seu serviço e que, embora com medos e resistências, não deixaram de dar uma resposta afirmativa a Ele. No Novo Testamento, Deus continuou convocando homens e mulheres ao seu seguimento na pessoa de Jesus Cristo. Para isso, basta olharmos a história vocacional de Maria (Lc 1, 26-38) e dos Discípulos (Jo 1, 35-51).

No entanto, toda vocação nasce da oração da comunidade e a principal comunidade à qual somos inseridos é a comunidade familiar que forma uma Igreja doméstica. Nenhuma vocação nasce do acaso, mas ela se fecunda e se nutre principalmente, mas não somente, no seio de uma família. Daí, a importância salutar da família compreender a necessidade de se rezar diariamente pelas vocações e assim compreender que ela é núcleo da ação de Deus e que estas vocações saem de dentro das nossas casas como dom de Deus para toda a Igreja.

Além de rezar, as famílias precisam também instruir bem os jovens na fé, para que não confundam a voz suave de Deus que chama ao serviço do Reino, com as diversas vozes do mundo que atraem para uma existência vazia e muitas vezes perigosa. Fazer a vontade de Deus é a única segurança para uma existência feliz.

Diante desta reflexão, podemos nos perguntar como família: nós temos rezado pelas vocações? Nós temos coragem de incentivar os nossos filhos e filhas para a vida sacerdotal, religiosa e consagrada? Estamos educando os nossos filhos numa autêntica vida cristã comprometida? Para os jovens, um questionamento pessoal: vida sacerdotal, religiosa e consagrada, você já pensou nisso? Por que não arriscar?

Deus nos chama para a liberdade e nunca nos decepciona. Ao contrário do que muitos pensam, o serviço eclesial, todos eles, é uma opção para quem desejar viver radicalmente livre. O seguimento de Cristo e do Evangelho não aprisiona e é a certeza de que a nossa vida não será gasta em vão. Se você deseja algo que dê verdadeiro sentido ao seu viver, eis um desafio: saia da superficialidade da vida e avance para águas mais profundas.

Diácono Girley de Oliveira Reis, MSC, trabalha na Diocese de S. Gabriel da Cachoeira/AM

Nosso dever, nossa Salvação!

revista-01A investigação sobre a Ordem na Liturgia mostrará como a liturgia é criadora de ordem e organizadora do espaço e do tempo à sua disposição, justamente porque beleza tem a ver com harmonia, e harmonia, com ordem.

A liturgia sugere sempre um caráter estruturado, hierárquico e corporativo. Ela não pode ser jamais apossada por grupos ou tendências que queiram marcar sua posição. Isso feriria a natureza da liturgia e a esfacelaria. Trata-se, portanto, da liturgia da Igreja, onde todo o aparato conceitual que constitui o Dogma tem a beleza como sua única via de celebração. E aí reside o gênio litúrgico do cristianismo.

Teologicamente, a ordem na liturgia significa a retomada da ordem que Deus imprimiu à Criação e que o pecado desfigurou. O Mediador desta ordem é Jesus Cristo. Para que isso aconteça, devemos entregar o nosso ser e o nosso tempo àquele que é o Senhor da vida e do tempo e, por isso, o único que pode ordenar as pessoas, o tempo e o espaço de acordo com a ordem da Criação.

A liturgia põe ordem na humanidade e em cada pessoa individualmente. Mas para isso é necessário que nos deixemos ser possuídos, despojados e restaurados pela liturgia da Igreja. Mais uma vez, a palavra entrega é fundamental, pois somente pode ser ordenado pela liturgia quem se deixa possuir por ela. Aqui também, a liturgia tem uma função terapêutica, na medida em que cura nossas almas da desordem estabelecida pelo pecado e da dimensão caótica que fere a existência humana.

Em função da beleza e da ordem, as rubricas são instrumentos que assumem um papel preponderante. Devem ser conhecidas a fundo no seu caráter preceptivo ou “orientativo”, não simplesmente para uma execução fria, mas para que delas se extraia o tesouro teológico escondido sob forma normativa, de tal maneira que a celebração seja o prolongamento da beleza dos gestos de Cristo e ordene o mundo e cada pessoa de acordo com a beleza que deve reinar na ordem da Criação. E ainda coloque todas as realidades numa perspectiva cósmica, libertando-as da dimensão caótica.

Somente um investigador desapaixonado e desvinculado de qualquer tendência ideológica pode ter acesso a esse tesouro e mostrar que as rubricas não se enquadram nos parâmetros do “certo” ou do “errado”, pois a liturgia não é uma questão moral, mas uma questão de fé. Então, a pergunta não deve questionar o que está certo ou errado, mas o que mostra ou esconde a beleza dos gestos de Cristo e a ordem que ele imprimiu na Criação, tirando-nos do caos em que o pecado nos lançou. Esses devem ser os parâmetros que norteiam qualquer nível de investigação litúrgica, seja num curso acadêmico ou numa formação pastoral.

Pe. Michel dos Santos, MSC é Vigário do Santuário das Almas em São Paulo/SP