Revista de Nossa Senhora
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Um Novo Mundo!

“O Verbo, saído do Coração de seu Pai, faz surgir o mundo do nada; e do Coração do
Verbo encarnado, traspassado no Calvário, vejo nascer um mundo novo…”

(Padre Júlio Chevalier, 1900).

Junho de 2016

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Nossa Paz e Reconciliação

interna3Muitas são as imagens que podemos ter de Jesus. Os Evangelhos nos dão várias possibilidades de aproximação com essas faces diferenciadas do Salvador. A Igreja também, ao longo de sua enorme experiência mística, vai revelando para o mundo essas imagens que não só nos mostram quem é Jesus, mas abrem largos caminhos para que nos aproximemos Dele.

A Espiritualidade do Sagrado Coração nos indica mais uma dessas portas com acesso a abundantes e ricas experiências místicas. Desde o início, com Santa Margarida Maria, já se esboçava uma vivência muito próxima daquilo que pode ser a essência da experiência de Deus, ou seja o amor. Certamente essa é uma das razões pelas quais essa espiritualidade se fez tão popular. Todos se sentem aconchegados diante de um Deus cujo Coração de abre em amor por nós.

Mas não é só isso. Olhando para a espiritualidade do Sagrado Coração, descobrimos muitas outras perspectivas, próprias do amor Divino expresso no coração do seu filho. Olhando o Culto Perpétuo ao Sagrado Coração, devocionário tradicional da Espiritualidade MSC, vemos o Sagrado Coração sendo chamado de “Nossa Paz e reconciliação”, uma das invocações mais bonitas que podemos encontrar.

Paz e reconciliação são necessidades constantes do ser humano. As duas juntas nos dão condições para levar adiante a construção de um mundo melhor. E nada mais justo que entender o Coração de Jesus como lugar de encontro com uma paz duradoura e com a reconciliação pessoal e comunitária. Sentir-se reconciliado consigo mesmo e com os outros é o primeiro passo para aprender a amar e assim construir uma paz que vem de Deus e não de interesses mesquinhos. Nesses tempos onde a dimensão da reconciliação tem sido esquecida e com isso gerado tanta violência e dor, olhar para um Deus que se apresenta como fonte de reconciliação, é um conforto e uma esperança que nos alimenta na caminhada.

Celebrar o Coração de Cristo, portanto, não é somente uma prática devocional que muitos podem achar ultrapassada, mas é reconhecer que o amor nunca fica ultrapassado diante das maravilhas que ele pode realizar, principalmente se este amor em questão é o próprio Deus, entregando-se a nós cotidianamente. O Coração aberto de Jesus não só nos inspira, mas impulsiona a ser construtores da Paz onde quer que estejamos. E para que essa paz seja verdadeira tenhamos como alicerce a reconciliação. Um mundo pacífico e reconciliado é fonte inesgotável do encontro do Divino e do humano explicitado de forma perfeita em Jesus Cristo.

A Espiritualidade do coração de Jesus

interna2No mês de junho, celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Não dá para desvincular o coração da pessoa de Jesus. São realidades únicas. Por trás do símbolo está toda a pessoa de Jesus.

A espiritualidade do coração é sempre atual. Trata-se de uma experiência universal na Igreja. A humanidade se identifica com o homem sofredor e desfigurado que pende do alto da cruz.

No Antigo Testamento a palavra “coração” é entendida como princípio básico da vida humana. O coração é a fonte do agir humano. Sempre está ligado aos sentimentos da pessoa. É o lugar do amor, mas também da vida moral e religiosa do ser humano.
Deus se revela no Antigo Testamento como alguém que tem um coração. O Deus-bíblico quer que o ser humano tenha um coração de carne e não de pedra: “Darei para vocês um coração novo, e colocarei um espírito novo dentro de vocês. Tirarei de vocês o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne. Colocarei dentro de vocês o meu espírito, para fazer com que vivam de acordo com meus estatutos e observem as minhas normas” (Ez 36,26-27).

No Novo Testamento encontramos outras características. O coração indica a intimidade da pessoa. Indica também os pensamentos mais profundos. Revela o “homem interior”. Em outras palavras, o coração revela a transparência da pessoa: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). A escolha fundamental da vida e a própria opção de seguir, passa pelo coração: “Pois onde está o teu tesouro, ai estará também o teu coração” (Mt 6,21).

Mas também, é do interior do coração que nasce toda maldade humana, todo o pecado e todas as intenções malignas: “Pois é do Coração que provêm as más intenções, crimes, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos e calúnias” (Mt 15,19).

O Coração do mestre Jesus se torna escola de aprendizagem. Aqui estamos no ponto mais alto de toda a espiritualidade do coração e no auge de toda a doutrina bíblica: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, pois o meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,28-30).

Em suma, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o coração é o lugar, por excelência, da morada de Deus. É o lugar da fé. É o lugar da conversão. É a partir do coração que o ser humano estabelece sua aliança de amor com o Deus da vida. Em outras palavras, é a partir do coração que o ser humano estabelece o seu convívio com Deus: “Amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças e ao próximo como a si mesmo”; eis o resumo de toda a espiritualidade do coração (Lc 10,27).

Viver a espiritualidade do coração de Jesus é contemplar o coração traspassado pela lança. É descobrir de novo o amor de Deus que se encarnou e renova o mundo (Jo 19,34).

A Igreja nasce do coração aberto de Cristo. Só liberta o coração do ser humano, quem se identifica com o coração perfurado da cruz, jorrando sangue e água para toda a humanidade. Eis ai os símbolos da eucaristia e do batismo, sacramentos para a vida do mundo.

Portanto, o coração de Jesus é a síntese e a resposta para toda a espiritualidade cristã, para cada pessoa sofredora, para o novo povo de Deus, para cada comunidade que procura viver este Ano Santo da Misericórdia, proposto pelo Papa Francisco.

Viver em união com Nossa Senhora do Sagrado Coração

interna1SEGUNDA-FEIRA

Neste ano, declarado pelo Papa Francisco como “o ano da misericórdia”, a PÁSCOA foi celebrada na última semana de março. A maior festa do cristianismo pode ser chamada a festa da misericórdia do Pai, porque o Filho veio a nós por este motivo: “Deus amou tanto o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que o mundo fosse salvo por ele”, disse Jesus a Nicodemos. (Jo 3,16)

Na trajetória de Jesus rumo a Jerusalém, Maria caminhou com ele até o Calvário. Fiel seguidora de Jesus, o acompanhou, tanto no sofrimento como na alegria. Sua união com Jesus a fez enfrentar desafios, superar a dor e assumir com o Filho a missão que o Pai lhe confiou. Diante de tão grande exemplo de fidelidade, o que podemos fazer senão imitar nossa Mãe? Para isso, procuremos viver em união com ela.

Dando sequencia à “Semana com Nossa Senhora do Sagrado Coração”, nossa prece, na segunda-feira, inicia-se com um pedido: Mãe, em união contigo, quero adorar, de modo particular, o Espírito Santo – Amor do Pai e do Filho.” O Espírito é a chama do amor, o princípio, a fonte, o dispensador de todos os benefícios que Deus nos concede. É também a paz, o repouso, a doçura, a alegria, a felicidade, porque são frutos do amor”. Com Maria, adorar o Espírito Santo é adorar a Trindade. Essa atitude nos levará a espalhar o amor ao nosso redor, a sair de nós mesmos e nos dispor a fazer algo pelos que mais precisam, mesmo que seja através de uma ação pequenina. O dimensão de nosso apostolado é a grandeza do amor com que o realizamos. “A caridade de Deus difundiu-se em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

Viver em união com Maria é ser sustentados(as) pela mesma força espiritual com que ela foi fortalecida quando o próprio Espírito Santo formou em seu ventre puríssimo o Coração e o Corpo de Jesus. Pelo nosso Batismo, o DOM de Deus em MARIA é também nosso DOM pelo prodígio estupendo do amor misericordioso de Deus.

Estimados(as) leitores(as), a consciência da presença de Maria em nossa vida, nos tornará mais humanos e mais seguros da grande força que é o amor. Nós também seremos fortes na fé e nos manteremos de pé e, a exemplo de Nossa Senhora do Sagrado Coração, viveremos na fidelidade a Jesus a fim de sermos instrumentos do amor de Deus em toda parte.