Revista de Nossa Senhora
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Caro Leitor (a),

Mês passado, 11 de outubro, começamos a celebrar o Ano da Fé, lembrando os 50 anos do Concílio Vaticano II, bem como os 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica. É tempo de ler, reler e alimentar-se das riquezas que os Padres conciliares, inspirados pelo Espírito Santo, nos deixaram na forma de Constituições, Decretos e Declarações.

Todos estamos de acordo em que, sem demérito de tudo o que foi publicado, dois são os documentos fundamentais que saíram desse grande evento eclesial: a “Lumen Gentium” (Luz dos Povos) e a “Gaudium et Spes” (Alegria e Esperança), tratando, respectivamente, da Igreja, Povo de Deus, e sua atitude de diálogo com o mundo, interessada em envolver-se com os problemas e soluções referentes à fome, à liberdade, à justiça e à paz.

- E Maria? O que o Concílio nos ensina a respeito da Mãe de Deus?

- Caro leitor(a), há toda uma história envolvendo a figura de Nossa Senhora. Ora, como acontece em todo o grupo humano, há sempre duas ou mais correntes ou tendências , apressadamente denominadas progressistas e conservadoras. Os conservadores, minoria na assembleia, esperavam que o Concílio proclamasse um novo dogma ou ao menos um documento especial sobre Maria. Contudo, após dias de debate e várias votações, os Padres conciliares decidiram que não haveria dogma novo nem documento especial. Dizem os cronistas que, após o último escrutínio, muitos bispos choravam … Maria, a mãe da unidade se tornava pomo de discórdia no Concílio … Evidente que todos concordavam com os privilégios da mãe de Jesus, mas em atenção aos esforços ecumênicos, a fim de não suscitar susceptibilidades entre os irmãos evangélicos que, num passado recente, criticavam o maximalismo católico no culto mariano, houveram por bem votar negativamente.

Em compensação, o importante documento da “Lumen Gentium”, reservou um lugar de honra à Mãe de Deus, que ocupa todo o último capítulo, coroamento desta magnífica constituição eclesial. Independentemente de todas as tendências e devoções particulares, ali o Concílio, de modo admirável nos propõe o essencial, tudo aquilo que devemos saber e crer a respeito de Maria.

Nossa revista tem trazido alguns textos sobre o Vaticano II, esperando que vocês, caros leitores, possam apreciá-los, entrando em sintonia com o espírito de renovação que impregna todas as contribuições do Concílio.

A REDAÇÃO

Aquela hora

Um amigo meu, bastante filosófico nas suas colocações, quando fala da morte de alguém, ou da morte como tal, costuma usar a expressão: “Aquela hora”. Raramente usa o substantivo morte. Não gosta dele e não se sente bem pronunciando.

Paúras à parte, numa coisa ele tem razão. A morte não é eterna, ela tem duração. Pode ser dez minutos, um minuto, uma hora, cinco horas, alguns dias, mas ela é certamente mais curta que a vida.

Muitíssimo mais curta. É um túnel que nunca é maior do que a estrada. A estrada não começa nele e não acaba nele. Os túneis são o que são: Passagens. Às vezes escuras, às vezes iluminadas, mas passagens.

Numa sociedade como a nossa, que escolheu tornar-se uma civilização de morte, e que aceita a morte dos outros com enorme naturalidade, sem emoção nenhuma e que todos os dias vê vidas sendo desperdiçadas do berço à velhice, acaba ficando insensível.

Só dói a morte dos parentes ou a própria morte, a dos outros, passa a ser um mero acidente, estatística. Vale a pena a troco de nada num mundo como esse, refletir de vez em quando sobre a inexorabilidade da morte. Tudo o que nasceu, vai morrer um dia. E não serve só para os seres humanos. A coisa mais certa depois do nascimento, é a morte. Nasceu, vai morrer. Não há como fugir.

Se tem que ser, então é melhor vivermos uma vida tranquila de quem sabe que um dia vai morrer, mas quando for, não irá como suicida num carro em altíssima velocidade, ou depois da injeção de drogas ou venenos letais.

Se o céu existe e eu aposto nisso, o certo é chegar lá e poder dizer para Deus: Eu sabia que vinha, não sabia quando, mas, fiz muito bem o meu vestibular. Nos dias de hoje há muita gente fazendo o seu vestibular para a morte violenta. Pena que vestibular para a morte não seja o mesmo que vestibular para o céu. Oremos para que Deus nos ilumine e nos ensine a viver como quem sabe que morrerá, e a morrer como quem soube viver direito. Nem todo mundo consegue.

Pe. Zezinho, SCJ é músico e escritor. Tem aproximadamente 85 livros e 115 álbuns musicais. www.pezezinhoscj.com

Para Meditar….

Uma mulher como as outras
Sem ser como os outros.
Diferente, destacada,
como um dia quente em meio ao inverno…
um coração todo voltado para Deus,
não Deus lá longe,
mas Deus feito homem.

Um coração todo voltado para o homem,
Não o homem lá longe,
Mas o homem que é chamado a estar com Deus.

Maria, como as outras Marias,
Mas cheia de Graça.
Abrir-se à vontade do Pai,
Encher-se d’Ele,
Alargar o coração
até que caiba nele toda a humanidade.

Não deste à luz
Deste-nos à Luz.

Maria, tão igual e tão diferente,
Põe-nos com teu Filho,
Na luz de sua luz. 

Fr. Fernando Clemente, MSC

Edição Novembro de 2012