Revista de Nossa Senhora
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Você acessou a Edição Outubro – 2014

Caros Leitores

O mês de outubro já nos revela que o ano corrente começa a sua fase de despedida. Notam-se em algumas lojas indícios natalinos. É a antecipação de uma festa que o mercado já explora. Natal não parece mais ser em dezembro. Tudo, segundo a lei do mercado, precisa ser feito antes. E o fato é que involuntariamente assumimos isso. Tudo precisa ser para ontem e nunca para o seu tempo apropriado. Compra-se antes, usa-se antes, faz-se tudo às pressas e, por isso, outubro para os que vivem do lucro, já é natal.

A revista de Nossa Senhora respeita o tempo no seu tempo e apresenta mais uma edição com artigos que nos ajudam a refletir sobre vários temas importantes para a nossa vida de fé.

A. Carlos Santini, na coluna “O leigo e a Igreja”, trata da opção de muitos jovens que, ao contrário do mercado, assumem com simplicidade e dedicação uma vida de entrega e serviço ao outro, sem esperar nada em troca.

Pe. Michel dos Santos, MSC, nos brinda com um artigo sensato, “Atualidade litúrgica”, sobre a casa da beleza, uma reflexão sobre o espaço litúrgico. Vale a pena conferir.

E não poderíamos deixar de citar o artigo do Pe. Reuberson , MSC, “À margem do rio”, lugar por excelência onde, para os indígenas,
“a vida se desvela”.

A revista apresenta estes e outros artigos importantes para a nossa formação cristã. Ainda publicamos o artigo do Pe. Zezinho e a coluna “Ponto de Vista” que relata o milagre Eucarístico de Turim, na Itália, em 1453.

São textos que você não pode deixar de ler.

Uma boa leitura.
A Redação.

Outubro de 2014

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Maria Missionária

Season of SorrowMaria foi prestar seus serviços.
É verdade!.
Mas, podemos sentir a lucidez de Maria e a percepção que ela teve da consequência de sua fé.
Abraçou seu dever de missionária.

Depois que Maria recebeu o anúncio de ter sido escolhida para ser a mãe do Messias, e ter recebido a notícia que sua prima Isabel, estava grávida e já no sexto mês, deixou sua casa e foi, às pressas, às montanhas, a uma cidade de Judá onde morava Isabel, para socorrê-la, Maria ficou lá cerca de três meses”. (Lc 1,26-56)

Escolhida para ser a mãe de Jesus, transformada na criatura mais sublime, Maria não teve dúvidas. Não ficou parada. Foi logo colocar-se a serviço de quem precisava de ajuda. Percorreu mais de 130 km, uma distância enorme naquele tempo; uma viagem de quatro a cinco dias. Atravessou as montanhas da Samaria, Jerusalém e desceu até Ain Karin. Tinha que chegar à casa de Zacarias e Isabel que, além de prima, era amiga. Com ela, podia falar de seu mistério, abrir o coração. O Anjo pusera Isabel como prova e garantia da maravilha que Deus estava realizando: “Olha, dissera ele, também Isabel, tua prima, concebeu um filho, em sua idade avançada e este é o sexto mês daquela que é tida como estéril”. (Lc 1,36)

Maria foi prestar seus serviços. É verdade!. Mas, podemos sentir a lucidez de Maria e a percepção que ela teve da consequência de sua fé. Abraçou seu dever de missionária. Entendeu que, se agora possuía o Cristo, tinha o dever de ir aos outros! Maria nos deixa aqui um ensinamento valioso: o cristão deve levar Jesus aos outros, nunca fechar-se em si mesmo. Como membro da Igreja missionária, todo batizado é um missionário. Deve portanto renovar o encontro pessoal com Cristo para, como Maria e com ela, levar Jesus aos outros.

O Papa João Paulo II muitas vezes falou da presença de Maria na missão da Igreja. Afirma o Papa que a vida de Maria foi um caminho e uma peregrinação da fé em Cristo. Nessa caminhada ela precede os discípulos e a Igreja “. (RM, 6,26).

Por isso, “onde quer que a Igreja desenvolva sua atividade, Maria está presente, cooperando como mãe, na regeneração e formação dos fiéis” (LG 63). Presente como estrela da Evangelização na fé das novas comunidades cristãs, nascidas do anúncio missionário, com o poder da Palavra e a graça do Espírito Santo “. (EN 82)

Muitas comunidades cristãs, fruto da obra evangelizadora da Igreja, tomam como exemplo e estímulo a Maria, a primeira evangelizada (Lc 1,26-38) e a primeira evangelizadora (Lc 1,39-56). Ela acolheu com fé a boa nova da salvação, transformando-a em anúncio, canto, profecia, sendo por isso chamada “discípula mais perfeita do Senhor e, perfeita missionária”.

Maria é ponto de união onde podemos nos encontrar com Cristo, com o Pai, com o Espírito Santo e também com os irmãos. Quando Maria diz “ Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5), está nos indicando a necessidade de nossa fidelidade à palavra de Jesus. Em casa de Isabel, a alma missionária de Maria exulta de alegria pelo reconhecimento do poder de Deus que caminha com seu povo e é fiel às suas promessas. Na escola de Maria a Igreja aprende a consagrar-se à missão. Os missionários, muitas vezes ignorados, esquecidos ou perseguidos, que gastam a vida na vanguarda da missão da Igreja, encontram um modelo perfeito de dedicação e de fidelidade em Maria.

Como os Apóstolos, depois da ascensão de Cristo, a Igreja deve reunir-se no Cenáculo, ”com Maria, a mãe de Jesus”, a fim de implorar o Espírito Santo e obter força e coragem para cumprir o mandato missionário. E, na caminhada da Igreja que nascia, Maria foi a companheira inseparável, impulsionada pelo amor a Jesus. O papa Francisco, em sua Exortação Apostólica – “A alegria do Evangelho” – ensina que, para ser missionário(a) da alegria, é preciso, em primeiro lugar, acolher o amor de Deus. Maria nos ensina essa verdade.

Eis aí, estimado(a) leitor(a), um exemplo a ser seguido: Maria, a Estrela da Evangelização! Com ela procuremos abraçar nossa missão com amor e alegria!Ela nos ensina que ser missionário(a) é estar aberto ao plano de Deus, abraçar a missão e ser fiel, sobretudo ter Jesus e deixarmo-nos cativar por Ele e sair para levar Jesus aos outros, lembrando dos que mais precisam.

Que Maria, a mãe missionária, nos acompanhe e fortaleça na missão!

Ir. Maria da Luz Cordeiro, FDNSC

As evidências e provas da ressurreição de JESUS

Entrance to the TombOs discípulos e a ressurreição:
Do ponto de vista humano, não era nenhuma vantagem para eles anunciar a ressurreição de Jesus; enfrentar uma vida dura e perseguida, passar fome e dormir ao relento, serem ridicularizados, surrados e aprisionados, torturados e até martirizados. – Por que tudo isso? – Somente por causa de uma certeza e uma convicção: Jesus está vivo. – Sem uma experiência profunda com o Cristo ressuscitado, este grupo de discípulos jamais poderia ter se levantado do tamanho fracasso e decepção. A força da fé vai sustentá-los no testemunho fiel da ressurreição do mestre Jesus.

Convicções e certezas:
Os discípulos, homens simples, pescadores, com pouca instrução literárial, estavam dispostos a morrer por algo que tinham visto com os próprios olhos e tocados com as próprias mãos. Estavam numa posição única de não apenas crer que Jesus ressuscitou, mas de saber que tudo era verdade, sem falsidades ou mentiras. Ninguém morre por convicções religiosas quando sabe que são falsas e enganosas.

A identidade  do povo judeu:
No tempo de Jesus, já fazia mais de setecentos anos que o povo judeu era perseguido e dominado por vários impérios, tais como o babilônico, assírio, persa, grego e até então, o romano. O povo judeu foi disperso pelo mundo e vivia longe de sua pátria. Porém, não perdeu sua identidade nacional. Os ensinamentos da Sagrada Escritura passavam de pais para filhos. A Lei de Deus era ensinada em família e mesmo nas sinagogas, aos sábados.

A força do Ressuscitado:
De repente, aparece Jesus, um judeu de classe social baixa. Ensina o povo durante três anos e forma um grupo de seguidores, os doze apóstolos, todos eles provenientes de classe média e até mesmo baixa; ou seja, pessoas que não tinham nenhuma influência na sociedade da época. Depois de vários conflitos com as autoridades, Jesus é crucificado, assim como três mil judeus que foram crucificados naquele mesmo período. Algumas semanas depois de sua morte brutal na cruz, já são mais de três mil seguidores, como relata os Atos dos Apóstolos: – “Os que aceitaram as palavras dele se batizaram, e nesse dia umas três mil pessoas se incorporaram” (At 2,41).

Novo período da História:
A Palestina do tempo de Jesus vivia de tradições e, quanto mais antiga uma tradição, mais seguidores teria. Portanto, qualquer ideia nova que surgisse, causava um impacto muito grande na população, totalmente diferente de hoje. A Igreja nasce logo após a ressurreição de Jesus. Num período curto de 20 anos, a expansão foi tão rápida e tão abrangente que chegou até Roma. O cristianismo dominou sobre as várias ideologias e com o passar do tempo conquistou todo o Império Romano, mesmo em meio às perseguições e martírios.

O núcleo da pregação:
A ressurreição de Jesus foi o centro de toda pregação dos primeiros cristãos. Eles não apenas confirmavam os ensinamentos de Jesus, mas estavam convictos de que tinham realmente visto a Jesus ressuscitado. Foi isso que mudou a vida deles desde o início da Igreja. Já que esta era a convicção central de suas vidas, eles também comprovaram que a ressurreição de Jesus era totalmente verdadeira, pois caso contrário, eles estariam pregando uma falsa doutrina que não iria atrair ninguém. A fé em Jesus Cristo está alicerçada na comprovação histórica, mas vai além das provas.

O túmulo vazio:
Os primeiros cristãos, bem como os judeus, conheciam bem o lugar em que Jesus fora sepultado. Não havia dúvida, o corpo de Jesus foi colocado num túmulo novo: – “No lugar onde fora crucificado, havia um jardim e nele um sepulcro novo, no qual ninguém havia sido sepultado” (Jo 19,41).

O testemunho da comunidade:
O momento e o modo como se deu a ressurreição ninguém viu. O poder de Deus Pai ressuscitou seu filho Jesus. A Primeira Carta aos Coríntios afirma que “Jesus apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez” (1Cor 15,6). Esta é a única passagem que faz tal afirmação. Essa é a passagem mais antiga e mais bem confirmada de todas, mesmo sendo a única fonte. Paulo tinha uma ligação próxima com essas pessoas, pois afirma que a maioria delas ainda vivia. Se Jesus pôde alimentar cinco mil homens, também poderia aparecer a quinhentas pessoas.

O testemunho de Paulo:
Ele faz questão de dizer que Jesus apareceu primeiro a Pedro e depois aos doze, apareceu também a Tiago, a todos os apóstolos e por fim, apareceu a ele, como um abortivo (1Cor 15,5-6). Paulo, sendo advogado, é um estudioso da ressurreição, não pegou no ar esta afirmação. Confirma a ressurreição de Jesus com duas testemunhas oculares, Pedro e Tiago. Tal afirmação tem um valor fundamental. Colocar Pedro em primeiro lugar indica uma prioridade lógica e não necessariamente cronológica. Ao indicar Pedro, o primeiro da lista, ele retrata a mentalidade e a cultura da época, pois as mulheres não eram consideradas testemunhas. Por isso, não é de surpreender que elas não sejam mencionadas aqui.

As evidências da ressurreição:
A ciência versa sobre causas e efeitos. Não sabemos como uma doença surge, mas estudamos seus sintomas. Ninguém viu um determinado crime, mas os peritos reúnem as evidências e depois os fatos. Assim, são entendidas as evidências da ressurreição. Nos textos do Novo Testamento, há várias aparições de Jesus a diferentes pessoas. Algumas acontecem a indivíduos e outras a grupos. Às vezes dentro de casa, outras vezes fora, a pessoas receptivas como João e ao incrédulo Tomé. Algumas vezes as pessoas tocam em Jesus ou comem com ele. As aparições ocorreram durantes várias semanas seguidas.

Dom Agenor Girardi, MSC – Bispo Auxiliar de Porto Alegre – RS