A festa do Natal não é feita só de belas recordações. E não são só celebrações de ritos, de tradições afetuosas, de alegria familiar ou pública. É renovação. O nascimento de Cristo, divino e natural, deve ser nosso renascimento espiritual e cristão. Este é um fato maravilhoso próprio da nossa fé.Um fato vital. É a atualização do Mistério da Encarnação.
Devemos renascer, podemos renascer! Quem de nós não tem a experiência da inexorável voracidade do tempo? Quem não vê como todo humano progresso é insuficiente em si mesmo e o próprio desenvolvimento traz em si a condenação de sua caducidade? Quem não observa, especialmente em nosso tempo, que toda manifestação de vida se torna alvo de uma desumana e, em certo sentido, lógica contestação? Quem de nós não traz no fundo da alma uma pitada de desconfiança: desconfiança em si mesmo, principalmente quando se reconhece frágil e pecador; desconfiança nos outros, desconfiança na sociedade, desconfiança na civilização e no mundo?
O Natal vence essa desconfiança, Renascemos cada dia que acolhemos o Senhor e sua palavra e nos deixamos conduzir pelo seu Espírito nesta caminhada para o Pai. Em Cristo, com Cristo, é sempre possível recomeçar do início e retomar a construção da nossa vida pessoal, da nossa vida familiar, da nossa vida social e civil. O Natal de Cristo é perene. A beleza e profundidade deste tempo é que nos fazem experimentar a verdadeira alegria e paz!
Oremos: Ó Deus, que admiravelmente criastes o ser humano e mais admiravelmente restabelecestes a sua dignidade, daí-nos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir participar da divindade do vosso filho, que se dignou assumir a nossa humanidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém” (missa do dia de Natal).
D. Orani João Tempesta, O. Cist. Cardeal Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.