Revista de Nossa Senhora
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O ROSÁRIO

Publicado em 4 de agosto de 2015 / Reportagens >

interna1O Rosário, em cuja recitação se usa o instrumento tradicional do terço para contar as Ave-Marias, é uma oração de contemplação. E a humanidade de hoje precisa de contemplação, à qual não se chega sem a experiência do silêncio.

A redescoberta do valor do silêncio é um dos segredos para a prática da contemplação e da meditação. Entre as limitações duma sociedade, onde predomina fortemente a técnica, conta-se o fato de se tornar cada vez mais difícil o silêncio. Tal como na Liturgia se recomendam momentos de silêncio, assim também na recitação do Rosário é oportuno fazer uma pausa depois da escuta da Palavra de Deus, enquanto o espírito se fixa no conteúdo do mistério.

Maria guardava as recordações de Jesus estampadas na sua alma. Em cada circunstância, Maria era levada a percorrer novamente, com o pensamento, os vários momentos da sua vida junto com o Filho Jesus. De certo modo, foram essas recordações que constituíram o “rosário” que Ela mesma, diríamos, recitou constantemente nos dias da sua vida terrena, em sua própria carne ao ver a vida de Cristo revelando-se.

Maria viveu com os olhos fixos em Cristo e guardou cada palavra sua: “Conservava todas estas coisas, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19; cf. 2,51).

Precisamente por causa da experiência de Maria, o Rosário é uma oração marcadamente contemplativa. Privado dessa dimensão, perderia o sentido, como sublinhava Paulo VI: “Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: ‘Na oração, não sejais palavrosos como os gentios, que imaginam que hão de ser ouvidos graças à sua verbosidade’ (Mt 6,7).

Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor”. Assim, podemos, através do coração daquela que mais de perto esteve em contato com o Senhor, chegar às suas insondáveis riquezas.

Rosário vem de rosa. Cada Ave-Maria é uma rosa do buquê a ser oferecido a Jesus e Maria. Porque o Rosário é a contemplação dos mistérios da vida de Jesus, nos mistérios gozosos, dolorosos, luminosos e gloriosos, esse é Cristocêntrico e não Mariocêntrico, como nos ensinou São João Paulo II. Ele é, também, de índole comunitária e se nutre da Sagrada Escritura. Na medida em que o vamos rezando e contemplando, ele nos abre um “painel catequético e bíblico” da história da salvação.

Somos obrigados a rezar o Rosário? Não. É uma devoção. Mas entre os que o rezam não haverá ninguém que ignore sua validade. Milhões e milhões de pessoas pelo mundo inteiro o rezam em todas as línguas e idades. Feita com devoção e piedade, essa prece tão preciosa tem alcançado muitas graças. Por ela, a Igreja superou grandes crises em sua História ao longo dos séculos, e ainda continua superando.

Ir. Myrian Aparecida Pereira é do Instituto Coração de Jesus em Goiânia (GO)