Revista de Nossa Senhora
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Natal de CRISTO, plenificação da vida

Publicado em 1 de dezembro de 2015 / Reportagens >

interna1Falamos de vocação o tempo todo. Dizemos que todas as pessoas têm um chamado especial que cabe somente a elas e ressaltamos a importância de todo cristão assumir a sua missão, o seu papel no mundo e dentro da sua comunidade eclesial. Um cristão batizado sem uma comunidade onde possa atuar e colocar os seus dons a serviço é um cristão estéril. É alguém que ainda não se deu conta de que a fé professada em Jesus Cristo tem como consequência o serviço a ele e ao seu projeto. Esse projeto é o que chamamos almejadamente de Reino dos Céus.
Não há nenhum exagero em dizer que todas as pessoas são vocacionadas, ou seja, todas as pessoas são chamadas por Deus a participarem ativa e efetivamente no cuidado a este mundo. Este chamado é gratuito, de nenhuma maneira é impositivo, e a sua característica principal é a liberdade.

O primeiro e o principal chamado do ser humano é à vida. Antes de qualquer coisa Deus nos desejou, nos quis para ele. Muitas pessoas questionam a sua existência por não se sentiram queridas, desejadas, planejadas, e carregam consigo uma deficiência de amor e autoestima. No entanto, precisamos ter a fiel certeza de que Deus nos amou antes de tudo como filhos e filhas. Essa paternidade divina nos faz dignos e merecedores do seu sopro de vida em nós.

Todas as vezes que nos descuidamos de nós mesmos, do nosso corpo, que não valorizamos a nossa existência ou que não respeitamos e não cultivamos a vida também no próximo estamos sendo infiéis ao dom de Deus em nós e no outro. Vida plena e em abundância é o que nos constitui. Por isso, essa vida precisa ser cuidada, protegida, valorizada, cultivada, regada como dom gratuito de Deus que fecunda o espaço à nossa volta e nos frutifica para o bem comum. A vida em qualquer situação onde ela se encontra é uma obra prima que tem um valor inestimável.

Deus também quis ter uma vida como a nossa, quis ser um de nós para que através da nossa frágil existência humana ele pudesse nos salvar. Em Jesus Cristo Deus penetrou a existência humana dotando-a de plenitude e valor. Assumindo a nossa humanidade o próprio Cristo nos fez participantes da sua divindade. Somente o nosso Deus é assim, quebra os paradigmas, e o Criador vem ao encontro da sua criação.

Quando celebramos o natal do Filho de Deus, sua presença em nosso meio, dizemos que a vida é mesmo divina. Embora as vicissitudes e contratempos próprios da existência humana, viver é uma graça, um presente, um dom. O cuidado com a nossa alma e com o nosso corpo é cuidado com o Deus vivo em nós.

Que neste tempo do Natal possamos reconhecer o nosso valor, reconhecer que a vida é Deus presente em nós e atuante na nossa história, é valorizar o mundo, nossa casa comum, é amar o outro como templo de Deus e morada do Espírito. Vocacionados à vida, dotados da liberdade e dignidade de filhos de Deus, construamos um mundo mais fraterno, respeitável e consciente da sua missão.

Pe. Girley de Oliveira Reis, MSC, trabalha na Diocese de S. Gabriel da Cachoeira/AM