Revista de Nossa Senhora
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Arte, Símbolo e Sacramento

Publicado em 31 de março de 2015 / Reportagens >

interna1Vivenciar a arte é entrar no mundo de símbolos, do mito, do transcendente, tão próprios da religião, tão presentes na história do cristianismo e nas origens da religião judaica.

Por isso, os sacramentos, sinais da presença viva de Deus, precisam de uma linguagem comunicativa, uma forma adequada que nos evoque e invoque a presença do Mistério Santo. A água, o óleo, o fogo, o pão e vinho, a imposição das mãos, o amor entre o casal, deixam de comunicar a si próprios para possibilitar a relação dialógica entre Deus e a humanidade. A força litúrgica e sacramental depende da verdade e da vida presentes e expressas nos sinais e gestos. A poesia, a música, o teatro, a pintura associados à liturgia e como parte integrante dela, conferem à liturgia seu verdadeiro caráter dinâmico e vivo, autêntica ação do povo de Deus. A desinformação, a falta de preparo, de adaptação e consequentemente a desvalorização do ato litúrgico, torna a celebração fria e vazia, não revelando a força sacramental, comunicadora da Graça, ou comunica uma imagem deformada de Deus:

O símbolo é um fenômeno originário do ser humano que corresponde a sua estrutura corpóreo-espiritual e social fundamental. O perceptível pelos sentidos é capaz de expressar algo para além do sensível.

A revalorização dos gestos, figuras e símbolos é um despertar para um olhar sacramental; numa cultura em que se cultivam a atenção, a integração dos seres, tudo começa a falar por si, tudo passa a ser percebido na sua força e dinamismo. É a busca de uma pastoral que na liturgia seja expressão do humano na sua totalidade. Dessa forma, o sacramento será comunicação viva, evocação e presença do Deus Mistério Revelado. Ao passar da fase de compreensão do gesto, do símbolo, do sacramento, entraremos, então, na sua intimidade e passaremos a vivenciá-lo. No caso do sacramento, entramos em comunicação com o transcendente que se faz imanente através do cotidiano da vida, do pão, da água, do fogo, da terra, do ar, da natureza, das criaturas:

O símbolo pertence à categoria dos signos ou sinais. Quando tais sinais constituem unidade com o que significam, são chamados símbolos. Neste sentido, podemos afirmar que a relação da humanidade com Deus necessita de símbolos. Toda a criação apresenta-se à pessoa de fé como vestígio de Deus, é a primeira revelação da Palavra. Através da beleza da criação entramos em contato com o criador e entendemos nossa pequenez e simultaneamente a nossa grandeza. Ao contemplarmos os seres criados, um se destaca como imagem viva do Criador: a pessoa. No mistério humano, descobrimos o mistério divino. A fé cristã tem um símbolo decisivo para compreender o sentido da história:

Jesus Cristo. Ele é a imagem plena do Pai.

Pe. Michel dos Santos, MSC É vigário do Santuário das Almas em São Paulo / SP