Revista de Nossa Senhora
  • Administração: Rua Angá, 994 – VI. Formosa – São Paulo – SP
  • Telefax: (11) 2211-7873 – E-mail: contato@revistadenossasenhora.com.br


Diálogo inter-religioso, vocação da Igreja

Publicado em 29 de outubro de 2014 / Reportagens >

interna01As diferentes tradições religiosas são uma realidade presente no mundo inteiro. Os grupos que há algum tempo ficavam mais nas suas mediações geográficas têm se espalhado por outros lugares. Além disso, a globalização e os veículos midiáticos permitem um maior entrosamento entre os povos. Este é um novo contexto social que, ao que tudo indica, tende a se firmar cada vez mais.

Os lugares onde o cristianismo e, dentro deste, o catolicismo, são maioria absoluta, já sentem o reflexo na vida eclesial desta transformação social. A Igreja se vê diante de um desafio que precisa ser pensado e refletido. Entre a presente realidade e suas exigências só há um caminho a seguir: o diálogo.

O diálogo inter-religioso tem uma importância singular para a humanidade. Não podemos pensá-lo apenas sob uma ótica de convivência harmoniosa e pacífica entre as religiões, mas ele precisa ser pensado também nas esferas da antropologia, da moral, da política e do contexto social e teológico. Se o diálogo tem se tornado uma exigência, ele precisa ser visto no todo.
Sabemos que o homem é essencialmente religioso. Esta dimensão está presente em todas as culturas e todos os homens carregam dentro de si este sentido. É o mistério, é a relação do ser humano com o transcendente que o faz ligar-se ao outro e ao mundo à sua volta, às suas questões e percepções acerca do seu meio e da sua existência. Um olhar cristão sobre as demais religiões permite perceber e reconhecer os elementos positivos existentes nelas, elementos essenciais para uma aproximação.

O diálogo inter-religioso é de suma importância na luta por uma sociedade de paz e de direitos iguais. O mundo precisa de testemunhas que se oponham à violência e que busquem a comunhão fraterna numa coerência com a fé professada. Este diálogo, neste aspecto, insiste na promoção e na colaboração da paz e da justiça como direitos de todos os seres humanos, pois cada homem e cada mulher são imagem de Deus e devem ter essa sua imagem respeitada.

O diálogo inter-religioso, sem dúvida, deve ser um testemunho coerente para o mundo, na firme compreensão de que Deus age onde e quando ele quiser. Deus não é posse de nenhuma instituição, é universal a sua manifestação e o seu desejo de que todos os homens encontrem a salvação.

É o Espírito Santo que paira sobre o mundo e abre os corações das pessoas para a ternura de Deus que abraça toda a criatura. Mas é importante lembrar que as instituições religiosas não são entidades metafísicas. Todas as religiões são formadas por pessoas e são justamente elas que devem se abrir à experiência e à prática do diálogo.

Na Igreja Católica, temos visto inúmeros esforços na busca de um diálogo de paz e de fraternidade com outras confissões religiosas, na certeza de que Deus age quando nos abrimos à sua ação em nós. No entanto, só teremos resultados ainda mais positivos quando a unidade for um sonho de toda a Igreja, contando com os esforços de todos os fiéis. Esta é uma missão de todos os povos. Esta é também a nossa missão.

Girley de Oliveira Reis, MSC é promotor vocacional da Província de São Paulo e cursa o 4ª ano de Teologia na PUC/São Paulo – SP.