As diferentes tradições religiosas são uma realidade presente no mundo inteiro. Os grupos que há algum tempo ficavam mais nas suas mediações geográficas têm se espalhado por outros lugares. Além disso, a globalização e os veículos midiáticos permitem um maior entrosamento entre os povos. Este é um novo contexto social que, ao que tudo indica, tende a se firmar cada vez mais.
Os lugares onde o cristianismo e, dentro deste, o catolicismo, são maioria absoluta, já sentem o reflexo na vida eclesial desta transformação social. A Igreja se vê diante de um desafio que precisa ser pensado e refletido. Entre a presente realidade e suas exigências só há um caminho a seguir: o diálogo.
O diálogo inter-religioso tem uma importância singular para a humanidade. Não podemos pensá-lo apenas sob uma ótica de convivência harmoniosa e pacífica entre as religiões, mas ele precisa ser pensado também nas esferas da antropologia, da moral, da política e do contexto social e teológico. Se o diálogo tem se tornado uma exigência, ele precisa ser visto no todo.
Sabemos que o homem é essencialmente religioso. Esta dimensão está presente em todas as culturas e todos os homens carregam dentro de si este sentido. É o mistério, é a relação do ser humano com o transcendente que o faz ligar-se ao outro e ao mundo à sua volta, às suas questões e percepções acerca do seu meio e da sua existência. Um olhar cristão sobre as demais religiões permite perceber e reconhecer os elementos positivos existentes nelas, elementos essenciais para uma aproximação.
O diálogo inter-religioso é de suma importância na luta por uma sociedade de paz e de direitos iguais. O mundo precisa de testemunhas que se oponham à violência e que busquem a comunhão fraterna numa coerência com a fé professada. Este diálogo, neste aspecto, insiste na promoção e na colaboração da paz e da justiça como direitos de todos os seres humanos, pois cada homem e cada mulher são imagem de Deus e devem ter essa sua imagem respeitada.
O diálogo inter-religioso, sem dúvida, deve ser um testemunho coerente para o mundo, na firme compreensão de que Deus age onde e quando ele quiser. Deus não é posse de nenhuma instituição, é universal a sua manifestação e o seu desejo de que todos os homens encontrem a salvação.
É o Espírito Santo que paira sobre o mundo e abre os corações das pessoas para a ternura de Deus que abraça toda a criatura. Mas é importante lembrar que as instituições religiosas não são entidades metafísicas. Todas as religiões são formadas por pessoas e são justamente elas que devem se abrir à experiência e à prática do diálogo.
Na Igreja Católica, temos visto inúmeros esforços na busca de um diálogo de paz e de fraternidade com outras confissões religiosas, na certeza de que Deus age quando nos abrimos à sua ação em nós. No entanto, só teremos resultados ainda mais positivos quando a unidade for um sonho de toda a Igreja, contando com os esforços de todos os fiéis. Esta é uma missão de todos os povos. Esta é também a nossa missão.
Girley de Oliveira Reis, MSC é promotor vocacional da Província de São Paulo e cursa o 4ª ano de Teologia na PUC/São Paulo – SP.