A Sagrada Escritura é a revelação do plano divino de salvação para a humanidade. Abraão, os demais patriarcas, profetas e o povo de Deus caminharam na esperança dessa salvação. Deus revelou seu amor ao seu povo através de acontecimentos, sinais e também pela palavra dos profetas. A história profética e a esperança salvífica de Israel atingem seu auge com a promessa sobre a vinda do Messias libertador, o Ungido de Deus. Num tempo de grande sofrimento, o profeta Isaías, inspirado pelo Espírito de Deus, convida o rei de Judá a pedir a Deus um sinal do seu amor libertador. O rei recusou-se a acreditar e respondeu: “De maneira alguma! Não quero por o Senhor à prova”(Is 7,10-12). Deus, porém, através do profeta, promete este sinal de salvação: “Pois sabei que o Senhor mesmo vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel – Deus conosco” (Is 7,14) Essa Virgem é Maria. Isaías contempla o futuro Salvador: “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Is 9,5).
Podemos perfeitamente supor que na família em que Maria cresceu essas promessas foram meditadas com frequência, e por todos foram cantados os grandes cantos de Isaías sobre o Servo de Deus. Maria vivia intensamente essa esperança de Israel, já mesmo antes da vinda do Messias. O mesmo Espírito Santo que iluminou os profetas e escritores sagrados, “cobriu Maria com sua sombra, com uma plenitude tão singular a ponto de formar nela o corpo santíssimo de Jesus. Maria é a Mãe feliz que ouviu, guardou no coração e viveu a palavra de Deus. Mais. Ela abrigou o Verbo de Deus: Jesus. (cf Jo, 1,1) “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo,1-14)
“A plena docilidade de Maria ao Espírito Santo é a característica do seu estado de união com Deus. Maria foi plenamente aberta à vontade de Deus. Maria não vive senão para Deus. Observando a vida dela através do Evangelho, nunca a vemos levada por motivos egoístas, por interesses pessoais. É movida por um só impulso: a glória de Deus e os interesses de Jesus. Na sua condição humilde e escondida, no seu trabalho, na sua pobreza, nas dificuldades e sofrimentos que padeceu, nunca Maria pensou em si mesma, jamais deixou escapar um lamento, mas se manteve sempre e inteiramente entregue ao cumprimento palavra de Deus. O Segredo de Maria está em deixar-se em tudo reger e mover pelo Espírito Santo. É assim que devemos imitar Maria: eliminar de nossa vida tudo o que é fruto do egoísmo, amor próprio, orgulho, para viver sob o impulso do Espírito Santo” (Do Livro: Um mês com o Espírito Santo)
Preservada de toda mancha de pecado desde sua concepção, Maria correspondeu sempre à vontade do Pai e manteve-se fiel à sua palavra. Ser como Maria, totalmente aberta à Palavra, ouvindo, acolhendo e respondendo com ações concretas. Deixemo-nos transformar pela Palavra de Deus como fez Maria. Devemos dirigir o olhar para ela, procurar imitá-la, guardar e meditar a palavra e pedir ajuda quando se torna difícil ser fiel. A Palavra ilumina, nutre e direciona nossa vida para o cumprimento da vontade de Deus. “Como um jovem manterá pura a sua vida? Sendo fiel às vossas palavras. Guardo no fundo de meu coração vossas palavras para não vos ofender”… (Sl 118)
Estimado(a) leitor(a), procuremos ter as mesmas atitudes de Maria, ser dóceis à vontade de Deus e acolher Jesus que é Palavra, porque foi em Jesus que o Pai se revelou a nós. Que Maria interceda por nós para que sejamos abertos e acolhedores, a fim de que a palavra de Deus produza frutos em nossas vidas como semente em terra fértil.
Ir. Maria da Luz B. Cordeiro, FDNSC