Revista de Nossa Senhora
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Maio com Nossa Senhora – Os três “Sim” dados por Maria

Publicado em 20 de junho de 2016 / Reportagens >

interna2O primeiro sim de Maria: – (Lc 1,26-38) – A anunciação do anjo a Maria é a novidade das novidades. Não há palavras para descrever tudo. A voz vem do céu e não da terra. Tal voz tem a força de introduzir Maria em sua vocação e missão. É o começo de uma viagem nova, sem precedentes na história. O Verbo deixa o seio do Pai eterno e vem fazer morada no seio da mãe Maria. Só uma pessoa revestida de amor pode dar uma resposta de amor. Maria se apresenta não como uma princesa ou rainha, mas como a serva do Senhor. Sendo serva do Senhor, será também serva do Espírito, ainda que o anjo se dirija a ela com as honras devidas de uma rainha. Maria não está habituada com estes títulos reais. O anjo anuncia a Maria não só a encarnação, mas todo o mistério da Trindade. Podemos dizer, então, que o Amor derramou-se sobre a terra. A Palavra se fez carne em nosso mundo e em nossa história. O Espírito ganhou a experiência humana. O seu “sim”, embora dado no silêncio, está aberto para a humanidade inteira. Maria se deixa guiar pelas duas mãos de Deus: a Palavra e o Espírito.

O segundo sim de Maria: – (Jo 19,25-27) – O amor total de Maria atinge o seu ápice aos pés da cruz. O evento redentor da anunciação culminou na cruz. Aqui acontece o segundo “sim” de Maria. É como se fosse uma segunda concepção. De cima da cruz, Jesus coloca Maria no centro da Igreja. Este segundo sim não está no passado. Ele floresce sempre na vida da Igreja, em todos os membros que sofrem, os mártires da nossa história. Todo sim pronunciado diante de um crucifixo é semente que germina e, mais cedo ou mais tarde, dará seus frutos. Na Paixão, Jesus permitiu que seu íntimo fosse penetrado pela monstruosa escuridão do pecado. Maria renova seu sim e desaparece no anonimato da multidão, porém, o seu sim ao crucificado não desaparece do seu coração. Há aqui um paradoxo: tanto o filho abandonado quanto a mãe abandonada, estão unidos no mesmo sentimento. Os evangelhos sinóticos nem mesmo citam o nome de Maria entre as mulheres presentes aos pés da cruz. Somente João faz isto. Ele descreve o último ato de Jesus nesta terra. É a entrega mútua do amor: dá um filho à sua mãe, em seguida dá uma mãe a João, o discípulo amado. Desse momento em diante, João vive com Maria.

O terceiro sim de Maria: – (At 1,12-14) – Foi aquele pronunciado no meio da Igreja em oração. Em Pentecostes, Maria está no centro dos discípulos. Uma Igreja só nasce quando for iluminada pelo Espírito, com a presença de Maria. Ela já não está mais aos pés da cruz. Agora é um “sim” na alegria pascal. O sim dado na anunciação, renovado no calvário, se completa agora em Pentecostes. O Espírito vem inspirar em Maria a Igreja. Na sua essência, a Igreja é amor, é comunhão. O amor mútuo é sempre regra de qualquer outra regra. Maria possibilita a contínua maternidade espiritual da Igreja. Foi Jesus quem criou a Igreja, mediante sua Paixão, porém, Maria participa deste novo nascimento, mediante seu sim em Pentecostes. Maria era, é e será para sempre e por toda a eternidade, a mãe. A maternidade de Maria ultrapassa os laços de sangue. Com Maria, abre-se a nova criação, vida que vem do alto e nunca terá fim.