Não existe Natal sem Maria. Foi através do seu SIM que a humanidade recebeu Jesus. Deus quis precisar de uma humilde mulher – Maria de Nazaré. Ela é única por ter sido escolhida para a sublime missão de ser Mãe do Salvador do mundo.
A partir do momento da anunciação, quando Maria respondeu: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”, nunca mais ficamos sem Jesus. Na plenitude dos tempos, isto é, no tempo que Deus mesmo escolheu, Ele veio fazer morada entre nós. Algo novo aconteceu! Maria foi o canal da graça divina nesse momento da história da humanidade. “Mas, quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher, e nasceu submetido a uma Lei, para que recebêssemos a sua adoção” (Gal 4,4-5).
Todo dia 8 de setembro, festa da natividade da Virgem Maria, já podemos vislumbrar o clarão do natal, quando, no hino da liturgia das horas, cantamos: “Tua beleza fulgura, cingida apenas por véus, pois nos trouxeste, tão pura, o próprio filho de Deus. Hoje é teu dia: nasceste; vieste sem mancha à luz: com teu natal tu nos deste o do teu Filho Jesus.”
Os Evangelistas Mateus e Lucas apresentam as narrativas do nascimento de Jesus, cada um com suas características próprias. Eles se completam. Acredita-se que Lucas deve ter colhido dos lábios de Maria muito do que narra no início do seu Evangelho. É claro que não podemos esquecer que Jesus é sempre o centro. Maria está lá como mãe. Maria adora, escuta, acolhe a todos aqueles que vêm até Jesus.
Os anos vão passando e o Natal continua nos encantando. Na pobreza do presépio aquela criança questiona os poderosos do mundo. Padre Roque Schneider, escrevendo sobre o mistério do natal, diz o seguinte: “A manjedoura de Belém foi o primeiro púlpito de Jesus. Quantas lições de sabedoria, de fé, de eternidade, nas palhas daquele presépio, no despojamento de Jesus, no silêncio orante de José e Maria!” Nós, por nossa vez, ficamos encantados também. Mas, é importante saber que essa criança cresceu em estatura, idade e em graça. Nós não devemos conservar a imagem de um Jesus sempre criança. Não. O Natal é hoje. A vida continua, e nós crescemos e devemos saber que nossa fé ensina que Jesus está conosco hoje, totalmente inserido em nossa história.
Mateus tem um olhar bem cuidadoso sobre Maria que amplia muito a imagem dela. Além de narrar a infância (Mt 1 e 2) ele relata acontecimentos da vida pública de Jesus mencionando a pessoa de Maria. A finalidade dos dois evangelistas era apresentar quem é o Cristo Ressuscitado. O Papa Francisco, na carta encíclica Lumen Fidei, termina, o número 60, com uma prece a Maria, pedindo-lhe que ajude a nossa fé e que semeie nela a alegria do Ressuscitado.
O Natal tem o seu ponto alto na Páscoa porque Jesus é vida e ressurreição. A Páscoa é a maior festa do povo cristão. A prova de que Jesus é Deus. Venceu o pecado e a morte por sua Ressurreição. Por isso nos alegramos e bendizemos a Deus. O Papa Francisco nos diz ainda que “Maria está intimamente associada com aquilo em que acreditamos. Na concepção virginal de Maria, temos um sinal claro da filiação divina de Cristo: a origem eterna de Cristo está no Pai – Ele é o Filho em sentido total e único – e por isso nasce no tempo, sem intervenção do homem. A verdadeira Maternidade de Maria garantiu, ao Filho de Deus, uma verdadeira história humana, uma verdadeira carne na qual morrerá na cruz e ressuscitará dos mortos. Como é bela a nossa vida em união com Maria. Como é bela nossa Igreja caminhando alegremente com Maria. Com ela vamos a Jesus. Precisamos viver essa certeza em nosso dia a dia.
Maria está, de uma maneira toda especial, dentro do mistério do Natal. Quando digo “mistério” eu me refiro à grandiosidade do amor de Deus; a que ponto chegou o amor do Criador pela criatura, não a um mistério como algo que somos incapazes de compreender. Mas, como revelação do amor de Deus que nos amou primeiro. Jesus, sendo Deus, o Deus invisível, assumiu nossa humanidade, com exceção do pecado, elevou a dignidade da mulher escolhendo Maria, quis permanecer nove meses no seio materno, nascer, quis ter um pai adotivo na pessoa de José, ter uma família, foi criança… quantas lições podemos aprender. A Igreja continua repetindo esses mesmos ensinamentos em defesa da vida.
Estimado(a) leitor(a), deixe-se envolver pelo amor de Deus revelado na criança que Maria envolveu em faixas e reclinou na manjedoura.
Vamos, todos nós, abrir o nosso coração para Jesus e seremos envolvidos também pelo amor e pela ternura de Maria.
Ir. Maria da Luz Barbosa
Cordeiro, FDNSC