Em todo milagre eucarístico há um dado curioso. Uma curiosidade saudável já que os nossos olhos nunca ultrapassam o mistério de Deus. Em Sena, Itália, o curioso é que o milagre acontece independente de uma pessoa pela sua incredulidade, mas por um ato de violência contra a fé.
Narra-se que um grupo de ladrões rouba, em Sena, o cibório de prata onde ficavam reservadas as partículas consagradas. Dias depois as hóstias foram encontradas num cofre de esmolas de outra Igreja. Em reparação a este ato os fieis levam em procissão, precedidas pelo pároco, as hóstias roubadas e as depositam no sacrário. O que era para ser um simples ato de reparação transforma-se num milagre. Isso aconteceu no ano de 1730. Cinquenta anos depois, ao examinarem as hóstias consagradas percebeu-se que elas estavam intactas e com o mesmo frescor de quando haviam sido feitas.
A divulgação do fato fez com que a Igreja providenciasse uma análise mais apropriada por cientistas que constataram que o fato de conservação não tinha outra explicação a não ser um milagre. Para tanto foi providenciado um teste onde colocaram o mesmo número de partículas do referido milagre numa caixa fechada e dez anos depois a abriram. Só encontraram restos putrefatos e pequenas partículas amareladas
Tantos outros testes foram realizados e o mais importante deles foi em 1914, tendo participado um dos mais renomados cientistas da época, professor Siro Grimaldi, que após o exame das hóstias lançou um livro com o título Um cientista que adora explicando que a farinha é o grão que mais acolhe fungos e parasitas com mais rapidez e, no entanto, aqueles fragmentos de trigo estavam incorruptíveis.
A farinha, que pensamos ser um mero produto do trigo, após a consagração torna-se o verdadeiro corpo de Cristo. O Milagre Eucarístico é fonte de inspiração para que a nossa fé não se perca em dúvidas sem sentido. O que prevalece não é o trigo, mas o mistério que surge por detrás dele. É o Corpo de Cristo que se dá a cada um de nós. Sem tempo e sem reservas.
Pe. Air José de Mendonça, MSC é pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Vila Formosa, São Paulo, SP.