Todos nós temos acompanhado o belo desempenho do Papa Francisco ao longo destes dois anos à frente da Igreja de Cristo. Suas palavras e seus gestos chamam a atenção de todas as pessoas, até mesmo daquelas que não crêem ou não professam nenhuma fé. O fato é que o Papa não está inaugurando nenhuma novidade, mas busca com simplicidade colocar em prática a fé que ele professa. Seus gestos nos lembram o Evangelho encarnado e ganhando vida. Tais atitudes não deveriam nos comover já que vivemos num país de maioria cristã e a vivência do Evangelho deveria ser uma prática do nosso dia a dia e não extraordinária.
Francisco tem tratado dos mais diversos assuntos sem fugir de nenhum deles; tem abordado assuntos polêmicos e delicados dentro da Igreja e que precisam ser pensados e discutidos; tem insistido numa Igreja compassiva e misericordiosa, mãe que acolhe e ama os seus filhos indistintamente. Essa Igreja que não pode perder de vista a sua vocação: ser a imagem de Deus nesta terra.
Para isso, a Igreja precisa ser santificada e santificante. Numa via de mão dupla, nós a santificamos com um testemunho autêntico do Evangelho e ela nos santifica com os sacramentos, com a Tradição e com as mesas da Palavra e da Eucaristia. Quiçá um dia a prática cristã não seja mais uma novidade em nosso meio por fazer parte do nosso cotidiano, esse é o tão sonhado Reino de Deus.
O papa nos alerta, enquanto Igreja, para o perigo de cairmos num mundanismo espiritual (cf. EG, 93), que nada mais é do que buscar a glória humana e o bem-estar pessoal ao invés da glória de Deus. É este mundanismo que nos coloca, muitas vezes sem nos darmos conta, na contramão do Evangelho e dos ensinamentos eclesiásticos. Esse mundanismo contamina as nossas relações comunitárias e pastorais, confunde e perverte a nossa prática cristã, de maneira que encobrimos a verdadeira face da Igreja e a sua vocação no mundo.
O mal ronda aqueles que são do Senhor e busca contaminar aqueles que ouvem a sua Palavra. O papel do inimigo é justamente contaminar a mente e o coração dos crentes para que Deus não seja o centro das suas ações e realizações. Para isso, o Santo Padre nos alerta: “não deixemos que nos roubem o Evangelho”. Tudo aquilo que nos afasta do caminho proposto por Cristo, rouba-nos os frutos do Evangelho em nós e manipula as nossas ações. Não podemos permitir que nos seja tirada ou mesmo roubada a verdade que habita nas palavras do Cristo e que são sinais de vida plena e abundante em nós. Portanto, avante na nossa busca de santidade e não deixemos que nos roubem o Evangelho.
Diac. Girley de Oliveira Reis, MSC trabalha na Paróquia Dom Bosco em São Gabriel da Cachoeira, AM