Revista de Nossa Senhora
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Um novo Ano se inicia

Publicado em 29 de dezembro de 2014 / Reportagens >

interna2Iniciamos o ano com grandes festividades no mês de janeiro e queremos partilhar com você um pouco da espiritualidade de cada uma destas solenidades.

Busquemos nelas algum sentimento ou experiência de vida para marcar o rumo do nosso novo ano.

Festa da Santa Mãe de Deus – “Theotokos” palavra grega que significa o título desta festa, a primeira do ano. Aqui podemos nutrir dois sentimentos fundamentais a nossa vida de cristãos. O primeiro diz respeito a nossa filiação divina,ou seja, temos identidade, raízes profundas e seguras. Deus é a nossa essência, a nossa identidade. A Igreja, em seus primórdios, proclama depois de amplo debate, o primeiro dos quatro dogmas Marianos. Maria de Nazaré, aquela pequena e humilde mulher, torna-se a escolhida de Deus para ser, humana e divinamente falando, a Mãe de seu Filho Jesus Cristo.

Nesta escolha de Deus por Maria, o que nos pode marcar é à maneira como Deus nos ama profundamente. O segundo sentimento é o de pertença/serviço. Isto está claro nesta outra marca fundamental para nós, deixar-nos amar por Deus. Foi o que a singela mulher de Nazaré fez, não se exaltou, mas se colocou como humilde serva do Senhor, dando o seu “Fiat(faça-se)” com um detalhe importantíssimo, segundo a vontade de Deus (cf. Lc. 1, 38). Ensinamento maior não poderíamos ter ao iniciarmos um novo ano: temos certeza de que somos amados e nos doamos aos irmãos  confiando nesse amor.

Após as grandes Solenidades que foram Natal e Santa Maria Mãe de Deus,  a Igreja nos insere no mistério da manifestação do Senhor Jesus. A Festa da Epifânia do Senhor, (A Palavra Epifania, em grego, significa revelar, aparecer manifestar. No Cristianismo,ela  diz do mistério em de Deus que se dá a conhecer que se revelou e se revela àqueles que a cada dia o buscam) São Mateus, em seu evangelho, nos deixa isso muito claro, os reis magos chegam a Jerusalém, procurando um recém-nascido rei dos judeus (cf. Mt. 2, 1-2). Jesus se deixa encontrar na simplicidade da manjedoura em Belém, na pequenez de uma criança que naturalmente exige amor, conquista com a sua fragilidade! Jesus não impõe grandeza. Deixa-Se encontrar no dia a dia de nossa vida.

“Tu és o meu Filho amado. Em ti eu me agrado” (Mc. 1, 11). Resposta melhor não poderíamos ouvir na festa do Batismo de Jesus, a qual encerra as festividades do tempo do Natal. Talvez nessa altura de nossa reflexão possamos perceber qual seja o nosso fio condutor. Nesta solenidade encontra-se a centralidade da vida cristã, somos filhos de Deus. A exemplo de Maria, devemos nos deixar ser amados por Deus, buscá-Lo na simplicidade da vida. Desfrutando do amor de Deus através do nosso batismo, nos tornamos ‘o seu agrado, o seu bem querer’. Que o somos, mesmo que não busquemos a Deus, e até mesmo o rejeitemos.

O mês se encerra com a festa de São Paulo Apostolo, homem de uma genialidade fenomenal, cumpridor dos preceitos, amante da Lei, fiel. Às vezes, a fidelidade radicalizada nos pode levar por caminhos difíceis em nossa vida. Assim aconteceu com Paulo: por ser fiel à lei, perseguiu o seu amado ainda não conhecido. É preciso, antes de tudo, em nossa vida de oração, pedir ao Senhor a graça de buscá-lo e conhecê-lo.

Parafraseando  Santo Agostinho, “é impossível amar aquilo que não se conhece”. A queda de Paulo foi fundamental para poder conhecer Aquele que ele procurava através de sua grande fúria contra os cristãos. Ao escutar a voz do Senhor, Paulo respondeu: “aqui estou”! sua vida transformou-se em testemunho de amor ao Amado, como afirma na sua carta aos I Coríntios: “Aquilo que sou, o sou pela graça de Deus” (I Cor. 15,10).
Meus amados irmãos, nesta bonita caminhada de inicio de ano, podemos em nossa vida cristã, abraçá-lo com mais confiança partindo da certeza de que somos filhos amados de Deus. Como Maria, deixemos o Espírito Santo nos cobrir com a sua sombra (cf. Lc 1, 35) e fecundar em nós o Cristo. Em nosso cotidiano, através de nossa oração e ações, permitamos ao Senhor se manifestar em sua bondade e amor. Assim, não nos esqueçamos de que vamos nos tornando o agrado de Deus, a sua afeição do Pai em seu Filho Jesus Cristo, pelo nosso batismo. A exemplo do apóstolo  Paulo, transformemos a nossa vida em um testemunho da boa nova do Reino de Deus em nosso meio. Pois, somos filhos e Filhas amados de Deus. Santo e abençoado ano para você!

Fr. José Eduardo S. Paixão, MSC