Revista de Nossa Senhora
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Uma Igreja maternal

Publicado em 2 de março de 2015 / Reportagens >

SONY DSCTenho muitos amigos que pertencem a outras Igrejas cristãs. Não me lembro de nenhuma briga por causa de nossas diferenças. O respeito mútuo é a garantia da paz.

Em mais de 30 anos de serviço de aconselhamento, tive a ocasião de atender a muitos protestantes, evangélicos e pentecostais, inclusive alguns pastores e esposas de pastores. E sempre foram acolhidos como irmãos.

Sim, aprendi muita coisa boa no convívio com eles, em especial o valor que dão à Palavra de Deus e ao anúncio do Evangelho, em contraste com a atitude “descansada”, às vezes omissa, do católico tradicional.

Existe, porém, um ponto em que sou muito grato a Deus por ser católico. Trata-se da presença feminina e maternal da Virgem Maria, Mãe de Deus. Esta presença é garantia de um clima afetuoso que ainda não pude perceber em nenhuma das outras denominações cristãs.
Lembro-me dos anos de colégio interno, longe da família natural, de onde a vida me arrancara aos dez anos e meio de idade. Por volta do 3º ano ginasial (aos 13 anos de idade), a solidão rondava meu coração. Havia muitos pais, pois os padres-mestres assumiam esta figura. Mas só existia uma única Mãe…

Eu a encontrava na capela. Ao pôr do sol, já na penumbra, eu me ajoelhava diante de Nossa Senhora do Belo Ramo. Toda branca, com seu porte de matrona romana, ela trazia no colo o Menino que estende o ramo salvador. E se havia, no seu colo, um espaço para o Menino, por que não haveria espaço para mim?

Era assim que a paz voltava ao meu coração e o sentimento de solidão ia-se esvaindo docemente enquanto a noite chegava. Eu não estava sozinho. A Mãe estava presente…

Em geral, meus irmãos católicos, acostumados desde a infância com a figura materna de Maria, nem imaginam a diferença que isso faz: uma religião com amplos espaços para os sentimentos e as emoções, o carinho e a ternura. Uma religião que não se esgota no abstrato, no intelectual, no espiritual…

Falar de Maria é falar da Encarnação do Verbo que decidiu entrar em nossa carne e, por isso mesmo, quis precisar de mãe humana. Assim, em comparação com as demais famílias cristãs, é sem dúvida a católica aquela que mais acentua o mistério da Encarnação.
E na carne dos homens e mulheres pulsam bem fundo os sentimentos e as ternuras de todos os filhos.

Eu inclusive…

Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.