Revista de Nossa Senhora
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CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS na Igreja e na sociedade

Após um processo de elaboração por mais de dois anos, a CNBB aprovou o Documento 105: “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade”. Na Introdução, expressam o “agradecimento aos cristãos leigos e leigas pelo testemunho de sua fé, pelo amor e dedicação à Igreja e pelo entusiasmo com que se doam ao nosso povo” (1) e constatam que “apesar dos avanços na caminhada da Igreja nas últimas décadas, temos ainda, no campo da identidade, da vocação, da espiritualidade e da missão dos leigos na Igreja e no mundo, um longo caminho a percorrer”. (9).

No item 10, declaram: …

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Não Somos MÃO de OBRA!

Na paróquia de Abruzinhos, Dona Philomena é a dona da liturgia. Ela é quem decide quantas flores estarão no presbitério, quantas velas no altar, quantos coroinhas na missa. Idosa e cansada, bem que ela precisa de auxiliares, mas ninguém aguentou ajudar, pois ela não dá espaço para ninguém. Já comentaram com o vigário, mas ele preferiu mudar de assunto….

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Nossa Paz e Reconciliação

interna3Muitas são as imagens que podemos ter de Jesus. Os Evangelhos nos dão várias possibilidades de aproximação com essas faces diferenciadas do Salvador. A Igreja também, ao longo de sua enorme experiência mística, vai revelando para o mundo essas imagens que não só nos mostram quem é Jesus, mas abrem largos caminhos para que nos aproximemos Dele.

A Espiritualidade do Sagrado Coração nos indica mais uma dessas portas com acesso a abundantes e ricas experiências místicas. Desde o início, com Santa Margarida Maria, já se esboçava uma vivência muito próxima daquilo que pode ser a essência da experiência de Deus, ou seja o amor. Certamente essa é uma das razões pelas quais essa espiritualidade se fez tão popular. Todos se sentem aconchegados diante de um Deus cujo Coração de abre em amor por nós.

Mas não é só isso. Olhando para a espiritualidade do Sagrado Coração, descobrimos muitas outras perspectivas, próprias do amor Divino expresso no coração do seu filho. Olhando o Culto Perpétuo ao Sagrado Coração, devocionário tradicional da Espiritualidade MSC, vemos o Sagrado Coração sendo chamado de “Nossa Paz e reconciliação”, uma das invocações mais bonitas que podemos encontrar.

Paz e reconciliação são necessidades constantes do ser humano. As duas juntas nos dão condições para levar adiante a construção de um mundo melhor. E nada mais justo que entender o Coração de Jesus como lugar de encontro com uma paz duradoura e com a reconciliação pessoal e comunitária. Sentir-se reconciliado consigo mesmo e com os outros é o primeiro passo para aprender a amar e assim construir uma paz que vem de Deus e não de interesses mesquinhos. Nesses tempos onde a dimensão da reconciliação tem sido esquecida e com isso gerado tanta violência e dor, olhar para um Deus que se apresenta como fonte de reconciliação, é um conforto e uma esperança que nos alimenta na caminhada.

Celebrar o Coração de Cristo, portanto, não é somente uma prática devocional que muitos podem achar ultrapassada, mas é reconhecer que o amor nunca fica ultrapassado diante das maravilhas que ele pode realizar, principalmente se este amor em questão é o próprio Deus, entregando-se a nós cotidianamente. O Coração aberto de Jesus não só nos inspira, mas impulsiona a ser construtores da Paz onde quer que estejamos. E para que essa paz seja verdadeira tenhamos como alicerce a reconciliação. Um mundo pacífico e reconciliado é fonte inesgotável do encontro do Divino e do humano explicitado de forma perfeita em Jesus Cristo.

A Espiritualidade do coração de Jesus

interna2No mês de junho, celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Não dá para desvincular o coração da pessoa de Jesus. São realidades únicas. Por trás do símbolo está toda a pessoa de Jesus.

A espiritualidade do coração é sempre atual. Trata-se de uma experiência universal na Igreja. A humanidade se identifica com o homem sofredor e desfigurado que pende do alto da cruz.

No Antigo Testamento a palavra “coração” é entendida como princípio básico da vida humana. O coração é a fonte do agir humano. Sempre está ligado aos sentimentos da pessoa. É o lugar do amor, mas também da vida moral e religiosa do ser humano.
Deus se revela no Antigo Testamento como alguém que tem um coração. O Deus-bíblico quer que o ser humano tenha um coração de carne e não de pedra: “Darei para vocês um coração novo, e colocarei um espírito novo dentro de vocês. Tirarei de vocês o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne. Colocarei dentro de vocês o meu espírito, para fazer com que vivam de acordo com meus estatutos e observem as minhas normas” (Ez 36,26-27).

No Novo Testamento encontramos outras características. O coração indica a intimidade da pessoa. Indica também os pensamentos mais profundos. Revela o “homem interior”. Em outras palavras, o coração revela a transparência da pessoa: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). A escolha fundamental da vida e a própria opção de seguir, passa pelo coração: “Pois onde está o teu tesouro, ai estará também o teu coração” (Mt 6,21).

Mas também, é do interior do coração que nasce toda maldade humana, todo o pecado e todas as intenções malignas: “Pois é do Coração que provêm as más intenções, crimes, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos e calúnias” (Mt 15,19).

O Coração do mestre Jesus se torna escola de aprendizagem. Aqui estamos no ponto mais alto de toda a espiritualidade do coração e no auge de toda a doutrina bíblica: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, pois o meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,28-30).

Em suma, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o coração é o lugar, por excelência, da morada de Deus. É o lugar da fé. É o lugar da conversão. É a partir do coração que o ser humano estabelece sua aliança de amor com o Deus da vida. Em outras palavras, é a partir do coração que o ser humano estabelece o seu convívio com Deus: “Amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças e ao próximo como a si mesmo”; eis o resumo de toda a espiritualidade do coração (Lc 10,27).

Viver a espiritualidade do coração de Jesus é contemplar o coração traspassado pela lança. É descobrir de novo o amor de Deus que se encarnou e renova o mundo (Jo 19,34).

A Igreja nasce do coração aberto de Cristo. Só liberta o coração do ser humano, quem se identifica com o coração perfurado da cruz, jorrando sangue e água para toda a humanidade. Eis ai os símbolos da eucaristia e do batismo, sacramentos para a vida do mundo.

Portanto, o coração de Jesus é a síntese e a resposta para toda a espiritualidade cristã, para cada pessoa sofredora, para o novo povo de Deus, para cada comunidade que procura viver este Ano Santo da Misericórdia, proposto pelo Papa Francisco.

Viver em união com Nossa Senhora do Sagrado Coração

interna1SEGUNDA-FEIRA

Neste ano, declarado pelo Papa Francisco como “o ano da misericórdia”, a PÁSCOA foi celebrada na última semana de março. A maior festa do cristianismo pode ser chamada a festa da misericórdia do Pai, porque o Filho veio a nós por este motivo: “Deus amou tanto o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que o mundo fosse salvo por ele”, disse Jesus a Nicodemos. (Jo 3,16)

Na trajetória de Jesus rumo a Jerusalém, Maria caminhou com ele até o Calvário. Fiel seguidora de Jesus, o acompanhou, tanto no sofrimento como na alegria. Sua união com Jesus a fez enfrentar desafios, superar a dor e assumir com o Filho a missão que o Pai lhe confiou. Diante de tão grande exemplo de fidelidade, o que podemos fazer senão imitar nossa Mãe? Para isso, procuremos viver em união com ela.

Dando sequencia à “Semana com Nossa Senhora do Sagrado Coração”, nossa prece, na segunda-feira, inicia-se com um pedido: Mãe, em união contigo, quero adorar, de modo particular, o Espírito Santo – Amor do Pai e do Filho.” O Espírito é a chama do amor, o princípio, a fonte, o dispensador de todos os benefícios que Deus nos concede. É também a paz, o repouso, a doçura, a alegria, a felicidade, porque são frutos do amor”. Com Maria, adorar o Espírito Santo é adorar a Trindade. Essa atitude nos levará a espalhar o amor ao nosso redor, a sair de nós mesmos e nos dispor a fazer algo pelos que mais precisam, mesmo que seja através de uma ação pequenina. O dimensão de nosso apostolado é a grandeza do amor com que o realizamos. “A caridade de Deus difundiu-se em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

Viver em união com Maria é ser sustentados(as) pela mesma força espiritual com que ela foi fortalecida quando o próprio Espírito Santo formou em seu ventre puríssimo o Coração e o Corpo de Jesus. Pelo nosso Batismo, o DOM de Deus em MARIA é também nosso DOM pelo prodígio estupendo do amor misericordioso de Deus.

Estimados(as) leitores(as), a consciência da presença de Maria em nossa vida, nos tornará mais humanos e mais seguros da grande força que é o amor. Nós também seremos fortes na fé e nos manteremos de pé e, a exemplo de Nossa Senhora do Sagrado Coração, viveremos na fidelidade a Jesus a fim de sermos instrumentos do amor de Deus em toda parte.

“Mãe de Misericórdia”

interna3“Sob teu manto há lugar para todos, porque tu és a Mãe da Misericórdia.

O teu coração é repleto da ternura para com todos os teus filhos: a ternura de Deus, que em ti se fez carne e se tornou nosso irmão, Jesus, Salvador de todo homem e de toda mulher.”

(Papa Francisco, no dia 08 de dezembro, durante a tradicional homenagem com flores à imagem de Nossa Senhora Salus Populi Romani ).

Maio com Nossa Senhora – Os três “Sim” dados por Maria

interna2O primeiro sim de Maria: – (Lc 1,26-38) – A anunciação do anjo a Maria é a novidade das novidades. Não há palavras para descrever tudo. A voz vem do céu e não da terra. Tal voz tem a força de introduzir Maria em sua vocação e missão. É o começo de uma viagem nova, sem precedentes na história. O Verbo deixa o seio do Pai eterno e vem fazer morada no seio da mãe Maria. Só uma pessoa revestida de amor pode dar uma resposta de amor. Maria se apresenta não como uma princesa ou rainha, mas como a serva do Senhor. Sendo serva do Senhor, será também serva do Espírito, ainda que o anjo se dirija a ela com as honras devidas de uma rainha. Maria não está habituada com estes títulos reais. O anjo anuncia a Maria não só a encarnação, mas todo o mistério da Trindade. Podemos dizer, então, que o Amor derramou-se sobre a terra. A Palavra se fez carne em nosso mundo e em nossa história. O Espírito ganhou a experiência humana. O seu “sim”, embora dado no silêncio, está aberto para a humanidade inteira. Maria se deixa guiar pelas duas mãos de Deus: a Palavra e o Espírito.

O segundo sim de Maria: – (Jo 19,25-27) – O amor total de Maria atinge o seu ápice aos pés da cruz. O evento redentor da anunciação culminou na cruz. Aqui acontece o segundo “sim” de Maria. É como se fosse uma segunda concepção. De cima da cruz, Jesus coloca Maria no centro da Igreja. Este segundo sim não está no passado. Ele floresce sempre na vida da Igreja, em todos os membros que sofrem, os mártires da nossa história. Todo sim pronunciado diante de um crucifixo é semente que germina e, mais cedo ou mais tarde, dará seus frutos. Na Paixão, Jesus permitiu que seu íntimo fosse penetrado pela monstruosa escuridão do pecado. Maria renova seu sim e desaparece no anonimato da multidão, porém, o seu sim ao crucificado não desaparece do seu coração. Há aqui um paradoxo: tanto o filho abandonado quanto a mãe abandonada, estão unidos no mesmo sentimento. Os evangelhos sinóticos nem mesmo citam o nome de Maria entre as mulheres presentes aos pés da cruz. Somente João faz isto. Ele descreve o último ato de Jesus nesta terra. É a entrega mútua do amor: dá um filho à sua mãe, em seguida dá uma mãe a João, o discípulo amado. Desse momento em diante, João vive com Maria.

O terceiro sim de Maria: – (At 1,12-14) – Foi aquele pronunciado no meio da Igreja em oração. Em Pentecostes, Maria está no centro dos discípulos. Uma Igreja só nasce quando for iluminada pelo Espírito, com a presença de Maria. Ela já não está mais aos pés da cruz. Agora é um “sim” na alegria pascal. O sim dado na anunciação, renovado no calvário, se completa agora em Pentecostes. O Espírito vem inspirar em Maria a Igreja. Na sua essência, a Igreja é amor, é comunhão. O amor mútuo é sempre regra de qualquer outra regra. Maria possibilita a contínua maternidade espiritual da Igreja. Foi Jesus quem criou a Igreja, mediante sua Paixão, porém, Maria participa deste novo nascimento, mediante seu sim em Pentecostes. Maria era, é e será para sempre e por toda a eternidade, a mãe. A maternidade de Maria ultrapassa os laços de sangue. Com Maria, abre-se a nova criação, vida que vem do alto e nunca terá fim.

A Semana com Nossa Senhora do Sagrado Coração

DOMINGO

Ointerna1s devotos de Nossa Senhora do Sagrado Coração alimentam a certeza profunda de contar com a proteção de Maria em todos os momentos de sua caminhada. Quando Jesus agonizava na cruz, para assegurar a presença contínua da Mãe na vida dos filhos, disse: “Mãe, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua Mãe.” A partir desse momento, João, que nos representava ali, levou Maria para sua casa. Nós, a exemplo do discípulo amado, também acolhemos Maria em nosso coração.

Caros(as) leitores(as), nos artigos que seguem, gostaria de propor para a nossa reflexão a “Semana com Nossa Senhora do Sagrado Coração”, um folheto que pode ser adquirido no santuário nacional e inclui uma prece para cada dia da semana.

Iniciemos com a oração do DOMINGO, primeiro dia da Semana, santificado pela Ressurreição de Cristo. Somos convidados a viver a união com Maria, a adoração à Santíssima Trindade. Saudamos Maria, “a cheia de graça”. Rezamos também pela Igreja. Viver unidos a Maria significa buscar junto dela, ajuda e inspiração para corresponder às graças que cada dia recebemos do Pai misericordioso.

Maria é nossa medianeira e intercessora junto a Jesus. Ela é exemplo de serva fiel. Vivendo unidos a ela, teremos força para enfrentar os momentos difíceis com fé e confiança, seja na alegria ou na tristeza, ela nos dará segurança. Discípula fiel, depois de ter caminhado com Jesus na paixão, teve a alegria de participar de sua vitória sobre a morte e o pecado. Podemos imaginar a alegria da Mãe ao saber que seu Filho ressuscitou!. Ela certamente exultou de júbilo. Ele vive para nunca mais morrer. A morte não tem mais poder sobre Ele: “O poderoso fez grandes coisas!” (Lc 1,49)

É muito importante sempre lembrar que o domingo, o dia do Senhor, é o dia de sua ressurreição e, por isso, o principal dia da celebração litúrgica. É o Dia da Palavra do Senhor, da catequese e da caridade Cristã. É o dia no qual todas as famílias deveriam lembrar de agradecer a Deus pela vida e pelos dons que recebem dele todos os dias. Tudo isso poderia ser realizado em união com Nossa Senhora. Ela, que se fez presente na festa das Bodas de Caná, está presente na vida de cada pessoa que procura viver com Jesus e para Jesus: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5).

Que Nossa Senhora do Sagrado Coração derrame muitas bênçãos e graças na sua vida e que você, caro(a) leitor(a) seja firme na sua fé e perseverante nas boas obras.

Tenha um mês muito abençoado.

PÁSCOA: a misericórdia triunfou!

interna3Como irmãos no Cristo Jesus, celebramos o mistério que sustenta nossa fé: o Senhor Jesus está vivo, ressuscitou como havia dito aos seus primeiros companheiros. Por todos os recantos da terra, neste tempo de alegria, ressoa o louvor dos cristãos ao Deus de amor, que triunfou sobre o mal, que usou de misericórdia conosco, que manifestou seu grande poder ressuscitando seu Filho e mostrando sua misericórdia. Lembramo-nos de Santo Tomás de Aquino, que disse ser “próprio de Deus usar de misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a sua onipotência” (Summa Theologiae)

Neste ano do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco, nossa contemplação do Senhor Ressuscitado, é feita pela ótica da misericórdia. E não poderia ser diferente. Aquele que venceu a morte, que deu sua vida na cruz é a manifestação do rosto misericordioso de Deus. Seu corpo desfigurado pelos açoites, pelos cravos da cruz, pelo cansaço da subida do Calvário e pelo peso do madeiro é o mesmo corpo ressuscitado, glorioso e vencedor. Se na cruz, contemplando seu Coração aberto pelo soldado, vemos o céu aberto para nós e dali, jorrando sobre o mundo a fonte de misericórdia por excelência, também na sua presença ressuscitada, que traz as marcas da paixão, podemos contemplar sua infinita misericórdia.

Foi assim que Ele se mostrou a Santa Faustina, a vidente de Jesus Misericordioso, cuja festa em toda Igreja foi instituída por São João Paulo II, no Segundo Domingo da Páscoa, a 30 de abril do ano 2000, quando a canonizou. Mostrou-se ressuscitado, vencedor e fazendo jorrar de seu Coração os raios da misericórdia divina. Na homilia daquela solene celebração, disse o Papa São João Paulo II: “é necessário que também a humanidade de hoje acolha no cenáculo da história o Cristo ressuscitado, que mostra as feridas da sua crucifixão e repete: A paz esteja convosco!”

A Páscoa do Senhor Jesus é o triunfo da misericórdia de Deus. Se há uma forma de o amor vencer de forma definitiva, é pela misericórdia. Assim nos indicou o Papa Francisco, na Bula Misericordiae Vultus, ao nos dizer que “a Misericórdia é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro” e ainda, que ela “abre o nosso coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar de nossa limitação e nosso pecado” (n.2). Porque Jesus nos amou até o fim e ressuscitou, vemos nele, crucificado e ressuscitado, vivendo entre nós a esperança de que nós também podemos ser salvos e libertos de todo mal, graças a sua misericórdia que nos libertou, ao ressuscitar. Nesse sentido, podemos fazer nossa a oração do Salmo 103: “É Ele (o ressuscitado) que nos perdoa de todas as nossas culpas, que cura todas as nossas doenças; é Ele quem salva nossa vida do fosso e nos coroa com sua bondade e sua misericórdia”.

A Redação

Jesus, o Coração Misericordioso de Deus

interna2Hoje, vivemos num mundo em que o fundamento das relações humanas se apoia na competição. Somos, equivocadamente, treinados, todos os dias, para competir: do estudo à política; do esporte à economia… O ensinamento predominante é que nossa ascensão e sucesso dependem da eliminação do outro. Programas televisivos como, por exemplo, o Big Brother, são um sucesso, pois nos ensinam como ganhar na vida, eliminando, pouco a pouco, todos os “concorrentes”. Essa é a lógica do mundo em que vivemos!

Mas, a proposta de Jesus nos indica o contrário. Um dos ensinamentos mais eloquentes que podemos aprender na escola do Coração de Jesus é a misericórdia. Jesus, em toda sua vida, palavras e gestos, nos ensinou a lógica de um coração que se movia de compaixão pelos sofredores. “Sede misericordiosos como também é o vosso Pai” (Lc 6, 36). Essa é lógica dos santos e servidores que aprenderam ser mais humanos e humanizadores com a pedagogia do Coração de Jesus.

Compaixão é, literalmente, “sofrer com”, ou seja, é estar com o outro, é ser “afetado”, “movido” pelas dores do outro. O Coração de Jesus movia-se de compaixão ao ver o sofrimento das pessoas… São tantos relatos nos evangelhos que corroboram esse “movimento” de Jesus para a solidariedade amorosa. Numa sociedade, como já mencionamos, que prega a competição para a ascensão a qualquer custo, mesmo eliminando o outro (concorrente), o caminho da compaixão é o caminho “descendente” que nos leva ao encontro dos que sofrem (companheiros). A compaixão e a misericórdia, nos recorda o papa Francisco, nos levam a um verdadeiro caminho de conversão, um caminho da autorreferencia para a cercania do outro.

Diz o papa: “Comove-nos a atitude de Jesus: não escutamos palavras de desprezo, não escutamos palavras de condenação, apenas palavras de amor, de misericórdia, que convidam à conversão” (MV).

Eis a pedagogia de Jesus: Ele, embora sendo de condição divina, desceu até nós, quando assumiu nossa natureza humana. Na fila dos pecadores que buscavam a conversão pelo batismo de João, lá estava ele, o “Filho amado”, em solidariedade amorosa a todos nós no caminho de reencontro com nossa humanidade perdida e com nossa salvação. Em seu “movimento descendente”, assumiu a condição de servo. Mais ainda, na Última Ceia, quando nos deixou o sacramento do amor, fez-se escravo ao lavar os pés humanos. Nada podia interromper sua escalada ao revés: morreu como “maldito”, conforme a Lei, para descer e nos alcançar em nossas profundas misérias. Após a morte, para “buscar” nossos primeiros pais, aceitou descer até a mansão dos mortos, pois era preciso que sua compaixão curasse as feridas de todo ser humano, desde Adão, passando por Caim, que ludibriados pela serpente do mal, acreditaram poder ser “como Deus”, eliminando o irmão. Enfim, na eucaristia, Ele desce, cada vez, agora na pequenez e simplicidade do pão e do vinho, para gerar comunhão. Isso é compaixão: ser alimento e presença efetiva na vida do outro. Jesus nos ensina que a vida de compaixão não é um heroísmo a ser premiado, mas uma proposta concreta, um caminho de “descida” para a solidariedade. Se hoje já podemos dizer que o “nosso coração está em Deus” é porque, primeiramente, Ele desceu até onde estava nosso coração.

Ter misericórdia e compaixão, não é apenas “ter dó” de alguém. Esse sentimento pode ser “resolvido” quando damos alguma coisa, como dinheiro por exemplo. Compaixão é, a exemplo de Jesus, aproximar de quem sofre, e estar ao seu lado e sofrer com ele, em muitos casos, sofrer por ele. É doar-se!

Prestemos atenção ao nosso cotidiano. A misericórdia se vive no dia a dia e onde estamos. “A misericórdia é a trave mestra que sustenta a vida da Igreja” (M.V.)

No Coração de Jesus.

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