Revista de Nossa Senhora
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O Presente de Natal

interna3Natal é tempo de presentes. Quantos presentes! E quem não gosta de receber um presentinho?! É festa, é alegria e nada mais natural que presentear, para homenagear e compartilhar a alegria…Será que já nos perguntamos sobre o motivo do presente de Natal? Qual é a razão da festa, da homenagem, da alegria? Para nós, cristãos, o motivo vem da fé: recebemos de Deus um presente de valor inestimável; estamos muito felizes e agradecidos ao Pai do céu e manifestamos aos outros essa alegria, convidamos a participar de nossa festa e expressamos isso nos presentes, nos votos, nas mensagens de Natal; mas também nas ações de solidariedade e caridade fraterna, indo ao encontro dos que sofrem de diversas maneiras, para que também eles recebam um sinal dessa alegria.

De fato, os presentes de Natal já aparecem na cena do primeiro Natal da história: os “magos do Oriente” prostraram-se diante de Jesus e o adoraram; “depois, abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (cf Mt 2,11). E que presentes! Eram a expressão da homenagem ao supremo Deus, ao grande Rei e ao Salvador. Antes, porém, de desembrulhar seus dons, os “reis magos” manifestaram sua fé: “ajoelharam-se diante dele e o adoraram” Sem essa percepção da fé sobre o que se celebra no Natal, o presente chama para si toda a atenção e torna-se ele mesmo o grande homenageado. E os presentes, então, precisam ser cada vez maiores, mais caros, mais de acordo com nossos desejos, vaidades e ambições. Será que o presente de Natal ainda tem sentido?

Pode ter, e muito! A Liturgia do Natal traz uma verdadeira pérola, que nos ajuda a compreender melhor o sentido dos presentes do Natal. Na “Oração sobre as Oferendas”, da missa da noite do Natal, a Igreja pede: “Ó Deus, acolhei a oferenda da festa de hoje, na qual o céu e a terra trocam os seus dons, e dai-nos participar da divindade daquele que uniu a si a nossa humanidade”. Deus nos dá de presente o que tem de melhor: o próprio Filho eterno; e a terra também oferece a Deus o que tem de melhor, embora infinitamente inferior: nossa pobre humanidade. Deus não fica mais pobre, mas nós ficamos infinitamente mais enriquecidos!

Eis por que presenteamos no Natal: estamos muito felizes e queremos que também outros participem da nossa alegria! Nosso gesto será tanto mais significativo, quanto mais tivermos feito, antes, a experiência da adoração daquele que o céu nos presenteou. Assim fizeram os “magos do Oriente” e os pastores de Belém: voltaram da manjedoura “louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido” (cf Lc 2,20).

Entendo que o gesto de oferecer presentes no Natal, talvez, esteja muito desvinculado de tudo isso que estou dizendo aqui. Dar presentes no Natal ficou muito envolvido numa trama de comércio e de conveniências sociais. Há quem se pergunte, sobretudo quem não é cristão: por que tenho que oferecer presentes de Natal? Por que, todos os anos, a mesma correria das compras de presentes? Por que precisam ser sempre mais interessantes que os do ano anterior? Vistos desse modo, de fato, os presentes de Natal tornam-se um verdadeiro motivo de stress…

A própria festa do Natal vai se desvinculando sempre mais do seu significado cristão originário; acontece muita festa, sem citar o nome de Jesus, até mesmo omitindo a palavra “Natal”. É uma pena que até os votos de “feliz Natal” sejam substituídos por um genérico “boas festas”! Bem, aqui está nossa tarefa de cristãos: não deixemos que se perca na cultura do nosso tempo o significado cristão do Natal e sua referência necessária ao nascimento de Jesus Cristo. Cabe a nós testemunhar ao mundo o significado verdadeiro do Natal.

Não importa que nem todos tenham a mesma fé, como nós temos. No Natal, são os cristãos que oferecem ao mundo o motivo da festa: estamos muito felizes porque comemoramos o nascimento de Jesus Cristo, em quem reconhecemos o Filho de Deus, Salvador. Não temos por que ocultar ou camuflar o motivo de nossa festa! E convidamos todos a se alegrarem conosco.

Afinal, foi o próprio anjo que anunciou, na noite do nascimento de Jesus: “eu vos anuncio uma grande alegria, que será alegria também para todo o povo” (cf Lc 2,10). Preparemos, pois, a festa! E os presentinhos também…

Dom Odilo Pedro Scherer, Cardeal
Arcebispo de São Paulo.

Os Três Reis Magos

interna2Eis que a estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.” (Mt 2,8-9)

Ao escutarmos essas profundas palavras do relato da visita dos três reis magos, podemos ficar imaginando como deve ter sido a experiência deles. Acontece neste momento o que conhecemos por epifania, que se traduz literalmente por manifestação. No grego antigo epifaneia e as suas variações significavam, no seu sentido religioso, a aparição visível de uma divindade que trazia saúde para o povo. Os cristãos aplicaram esse termo à manifestação salvadora do Filho de Deus. Deus vem ao nosso encontro e nos manifesta o seu amor, nos traz a reconciliação.

O frio e as trevas que habitavam o mundo são dissipados pelo calor e a luz que emanam do Menino, que nasce em um singelo presépio. A força de Deus se manifesta em um lugar que para o mundo seria considerado uma fraqueza, um fracasso.

Os três reis magos

Neste relato do Evangelho aparecem três personagens que um olhar superficial poderia até imaginar que sua presença seria fora de contexto: os três reis magos. A palavra grega magoi parece derivar-se da forma persa maga. Os magos eram originalmente uma tribo da Meda, que na religião persa exercia funções sacerdotais ou também possuíam alguma ciência ou poder secreto. Eles em muitos casos eram entendidos em Astronomia e Astrologia.

Os magos aparecem no Evangelho como personagens importantes, homens sábios, dedicados ao estudo dos astros. Para estes sábios agrande estrela era sinal inequívoco do nascimento “do Rei dos judeus”. Mas não se tratava de um rei qualquer. No antigo oriente a estrela anunciava o nascimento de um rei divinizado, por isso dizem a Herodes: «viemos adorá-lo».

Os cristãos representaram os magos como reis, provavelmente influenciados pela profecia de Isaías (Is 60,6). Que sejam “três reis magos” está relacionado ao número de presentes que são oferecidos ao Menino: ouro, incenso e mirra; sinais da realeza, divindade e humanidade de Cristo, respectivamente. A partir do século VIII, surgem os nomes dos três reis magos: Melchior, Gaspar e Baltasar.

Ser como os três reis magos: perceber os sinais e colocar-se a caminho

Agora que conhecemos um pouco desses três personagens, gostaria de fazer uma breve reflexão. Primeiramente, fica claro que eles são capazes de perceber os sinais. São homens que estão em uma atitude de reflexão, atentos. Por estarem abertos, Deus falou às suas mentes e corações e eles foram capazes de interpretar as profecias e os sinais de sua época. Fizeram silêncio e por isso conseguiram notar os detalhes, interpretando corretamente as profecias.

No mundo de hoje, onde tudo acontece com tanta rapidez, onde queremos fazer tantas coisas ao mesmo tempo, onde há tanto barulho, como nos faz falta essa atitude dos reis! Muitas vezes deixamos de perceber os sinais de Deus em nossas vidas por estarmos distraídos ou preocupados com tantas coisas!. Aprendamos desses homens a fazer silêncio e sermos reverentes!

Ao perceberem os sinais, colocam-se imediatamente a caminho. Podemos imaginar quanto tempo, recursos, esforço devem ter custado para esses homens. Porém, não temem abandonar suas seguranças, comodidades e arriscar tudo para encontrar o sentido de suas vidas, a felicidade plena .A atitude deles lembra uma frase presente de alguma forma no Evangelho e que os últimos papas têm repetido: “Não tenham medo, Cristo não tira nada, dá tudo”. Abandonemos nossas falsas seguranças e nos coloquemos a caminho em busca da verdadeira felicidade. Não tenhamos medo de fazer.

O encontro dos reis com Jesus, Maria e José

Para terminar a nossa reflexão gostaria que imaginássemos como deve ter sido aquele encontro dos reis magos com a Família de Nazaré. Qual não deve ter sido a alegria deles ao perceber que aquela estrela os guiou ao que os seus corações ansiavam! Podemos imaginar essa estrela como um sinal da presença do Espírito Santo, que sempre nos guia ao caminho correto.

Certamente neste momento a maternidade espiritual de Maria já se havia manifestado. A Mãe acolhe os humildes pastores e os reis magos com um coração aberto. Ela, já naquele momento, ao receber os presentes dos reis, lhes dá um presente maior ainda: o seu Filho Jesus, salvador da humanidade. Como os reis magos, acolhamos sempre os sinais de Deus em nossas vidas e não tenhamos medo de segui-los.

Nesta caminhada, Maria nos acompanha e nos leva sempre ao encontro do seu Filho. Adoremos o Menino e entreguemos a Ele as nossas vidas!
Irº Gilberto Cunha é leigo Consagrado da comunidade Sodalício de Vida Cristã.
Trabalha em Aparecida (SP)

Natal de CRISTO, plenificação da vida

interna1Falamos de vocação o tempo todo. Dizemos que todas as pessoas têm um chamado especial que cabe somente a elas e ressaltamos a importância de todo cristão assumir a sua missão, o seu papel no mundo e dentro da sua comunidade eclesial. Um cristão batizado sem uma comunidade onde possa atuar e colocar os seus dons a serviço é um cristão estéril. É alguém que ainda não se deu conta de que a fé professada em Jesus Cristo tem como consequência o serviço a ele e ao seu projeto. Esse projeto é o que chamamos almejadamente de Reino dos Céus.
Não há nenhum exagero em dizer que todas as pessoas são vocacionadas, ou seja, todas as pessoas são chamadas por Deus a participarem ativa e efetivamente no cuidado a este mundo. Este chamado é gratuito, de nenhuma maneira é impositivo, e a sua característica principal é a liberdade.

O primeiro e o principal chamado do ser humano é à vida. Antes de qualquer coisa Deus nos desejou, nos quis para ele. Muitas pessoas questionam a sua existência por não se sentiram queridas, desejadas, planejadas, e carregam consigo uma deficiência de amor e autoestima. No entanto, precisamos ter a fiel certeza de que Deus nos amou antes de tudo como filhos e filhas. Essa paternidade divina nos faz dignos e merecedores do seu sopro de vida em nós.

Todas as vezes que nos descuidamos de nós mesmos, do nosso corpo, que não valorizamos a nossa existência ou que não respeitamos e não cultivamos a vida também no próximo estamos sendo infiéis ao dom de Deus em nós e no outro. Vida plena e em abundância é o que nos constitui. Por isso, essa vida precisa ser cuidada, protegida, valorizada, cultivada, regada como dom gratuito de Deus que fecunda o espaço à nossa volta e nos frutifica para o bem comum. A vida em qualquer situação onde ela se encontra é uma obra prima que tem um valor inestimável.

Deus também quis ter uma vida como a nossa, quis ser um de nós para que através da nossa frágil existência humana ele pudesse nos salvar. Em Jesus Cristo Deus penetrou a existência humana dotando-a de plenitude e valor. Assumindo a nossa humanidade o próprio Cristo nos fez participantes da sua divindade. Somente o nosso Deus é assim, quebra os paradigmas, e o Criador vem ao encontro da sua criação.

Quando celebramos o natal do Filho de Deus, sua presença em nosso meio, dizemos que a vida é mesmo divina. Embora as vicissitudes e contratempos próprios da existência humana, viver é uma graça, um presente, um dom. O cuidado com a nossa alma e com o nosso corpo é cuidado com o Deus vivo em nós.

Que neste tempo do Natal possamos reconhecer o nosso valor, reconhecer que a vida é Deus presente em nós e atuante na nossa história, é valorizar o mundo, nossa casa comum, é amar o outro como templo de Deus e morada do Espírito. Vocacionados à vida, dotados da liberdade e dignidade de filhos de Deus, construamos um mundo mais fraterno, respeitável e consciente da sua missão.

Pe. Girley de Oliveira Reis, MSC, trabalha na Diocese de S. Gabriel da Cachoeira/AM

Cartas Pastorais na Bíblia

interna2Desde o século XVIII, as cartas situadas na bíblia, entre o decimo quinto e o decimo oitavo livro do Novo Testamento, são comumente chamadas “cartas pastorais”. Elas são, nomeadamente, a Primeira e Segunda dirigidas a Timóteo, e a única dirigida a Tito. Ambas escritas por um mesmo autor, São Paulo.

A título de conhecimento e memória histórica, podemos dizer que, durante algum tempo na história da Igreja, havia dúvidas a respeito da autoria dessa cartas, se de Paulo ou de um mesmo e um único autor. No início do século XX, uma Comissão Bíblica Internacional, ligada ao Vaticano, esclareceu a questão e sentenciou que as “ As Cartas de Timóteo e Tito deveriam ser consideradas, verdadeiramente, da lavra de São Paulo”.

O Apóstolo das Nações as escreveu a duas pessoas que lhe eram próximas, dois discípulos: um que sempre o acompanhou (Timóteo) e um outro que foi gerado como fruto sua Evangelização (Tito). Suas características, peculiares, fizeram com que essas Cartas adentrassem a história com o título de Cartas Pastorais.

O termo pastoral, segundo alguns estudiosos, deve ser entendido em sentido “amplo, algo como uma carta comunitária, eclesial” De fato, esse termo realça convenientemente a natureza peculiar desses escritos que contêm principalmente normas relativas aos “pastores” das comunidades.

As Cartas Pastorais são dirigidas a pessoas especificas, a lideranças comunitárias (A Timóteo, 1Tm 1,2; 2Tm 1,2 e A Tito 1,4) – embora o conteúdo seja de interesse formal de todos os membros. Versam, genericamente, sobre organização da vida de oração pública e privada da comunidade (1Tm 2, 1.8.); Dão instruções aos coordenadores e elencam suas virtudes(1Tm 3, 1-7. 8-13; Tt 1, 6-9); Fazem exortações morais relativas aos diversos estados de vida( 1Tm 5,1.3.17.; 6, 1-2. 17-19 tt 2, 10).

Uma peculiaridade desses textos é o conteúdo teológico. Nas cartas pastorais é intensa a presença da reflexão acerca da dimensão redentora de Deus, apresentado por Jesus como aquele que salva, o salvador. Segundo um conhecido estudioso da Sagrada Escritura, o Italiano, Rinaldo Fabris, “A faculdade principal atribuída ao Deus de Jesus Cristo nessas cartas é a de sôter (Palavra grega que quer dizer ‘salvador’). Nelas, ele aparece mais de dez vezes, num total de treze em todo Novo Testamento”.

Um salvador apaixonado pela humanidade ( 1 Tm 2,3; 2Tm 1, 9). Guiado por tal sentimento de amor pelo povo, seu desejo é que todos cheguem ao conhecimento da verdade (1Tm 2,3-4) de maneira gratuita (Tt 2, 11; 3,7) na pessoa de Jesus. ( 1Tm 1, 15; 2,5).

Em linhas gerais, esta catequese bíblica sobre as cartas Pastorais, quer conduzir você, caro leitor, a ler as cartas paulinas, de modo especial aquelas que chamamos de Cartas Pastorais, um rico conteúdo dirigido a seus amigos e às Igrejas nascentes. Um conteúdo profundo que revela um Deus salvador – tal como acreditamos hoje e já anunciado pelas palavras do Apóstolo dos Gentios.

A Redação

A Missão Incompleta

interna1Quem visita Kerala, na Índia, faz contato com as comunidades católicas de rito siro-malabar, cuja origem é atribuída à presença do apóstolo São Tomé, que ali viveu e morreu, ainda no primeiro século da Igreja de Jesus Cristo. Seu notável périplo obedecia ao último mandato de Jesus: “Ide e fazei para mim discípulos de todas as nações”. (Mt 28,19.)

Já no Século XVI, exatamente em 6 de maio de 1542, desembarcava da nau Santiago, no porto indiano de Goa, o nobre espanhol, hoje conhecido como o santo jesuíta, Francisco Xavier. Além da Índia, o discípulo de Inácio de Loyola evangelizou na Malásia, Sri Lanka, Indonésia Oriental, Japão e China, onde morreu. Passados vinte séculos do imperativo de Jesus Cristo, como anda a missão de anunciar a Boa Nova? Os demógrafos avaliam em 7,2 bilhões de pessoas a população do planeta Terra. Apenas seis nações reúnem quase a metade desse total: China, Índia, Japão, Indonésia, Bangladesh e Paquistão. Teriam ali ouvido o anúncio do Evangelho? Dessa população inteira apenas três por cento aderiram ao Salvador, que deu sua vida por nós.

Tudo indica que faltaram missionários suficientes para o anúncio desejado por Jesus Cristo. Já em sua época, Francisco Xavier clamava pela presença desses missionários. Em uma de suas cartas, datada de 1542, ele escrevia: “Percorremos as aldeias de neófitos, que receberam os sacramentos cristãos há poucos anos. Esta região não é cultivada pelos portugueses, já que é muito estéril e pobre; e os cristãos indígenas, por falta de sacerdotes, nada sabem a não ser que são cristãos. Nestas paragens, são muitíssimos aqueles que não se tornam cristãos, simplesmente pela falta de quem os faça tais. Veio-me muitas vezes o pensamento de ir pelas academias da Europa, particularmente a de Paris, e por toda parte gritar como louco e sacudir aqueles que têm mais ciência do que caridade, clamando: ‘Oh! Como é enorme o número dos que, excluídos do céu, por vossa culpa se precipitam nos infernos!’Quem dera que eles se dedicassem a esta obra com o mesmo interesse com que se dedicam às letras, para que pudessem prestar contas a Deus da ciência e dos talentos recebidos!”

Sei que os tempos são outros. Talvez nem acreditem mais no inferno. Em defesa das culturas locais, talvez acusem o Evangelho de força de destruição. Mas de uma coisa eu tenho certeza: a missão está incompleta…

Antônio Carlos Santini, Comunidade Nova Aliança

Testemunhar a Fé com Alegria

interna3Vivemos num tempo em que se fala muito em crise vocacional na vida sacerdotal e religiosa. Também notamos a dificuldade que muitas paróquias vêm enfrentando com a falta de agentes de pastoral ou lideranças comunitárias que estejam realmente dispostas a se dedicarem pela vida e ação evangelizadora da Igreja. A missão da Igreja é missão de todos e de cada um de nós, é compromisso de todo cristão batizado assumir na Igreja o seu lugar na dinâmica da anunciação do Evangelho de Cristo e na construção do Reino.

A falta de compromisso e os muitos afazeres do dia a dia estão fazendo das pessoas meras expectadoras eclesiais, utilizando-se da Igreja como prestadora de serviços. Não sabem que a ação missionária da Igreja é muito mais que um serviço eclesial prestado, mas uma prática que significa e resignifica a vida, dando-lhe sentido, valor, ordem e maturidade na fé. Também não podemos confundir esta ação com um mero voluntariado, mas uma missão batismal e vocacional dada pelo próprio Cristo a cada pessoa para que o mundo o conheça e creia.

A vida pastoral dentro da Igreja deve ser entendida como uma experiência pessoal de fé que foi colocada em prática. São inúmeros os movimentos e pastorais dentro da Igreja e neles há espaço para todas as pessoas com suas qualidades, habilidades e dons que, partilhados, constroem uma nova civilização.

Para Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, “urge apresentar aos jovens e adolescentes os distintos caminhos do serviço do Senhor e do seu Reino: como leigos engajados nos diversos âmbitos da vida social; casados que assumem o compromisso do matrimônio; consagrados por causa do Reino dos Céus; e ministros ordenados a serviço do povo, nas diversas comunidades de fé… É necessário que nas diversas dimensões da vida social haja pessoas leigas, comprometidas com a fé, dispostas a cooperar em construir um mundo um pouco melhor para as futuras gerações”.

De fato, quando falamos em missão da Igreja estamos falando da vocação de cada cristão que forma assim o rosto missionário da Igreja de Cristo. Ninguém está de fora ou dispensado do seu compromisso evangelizador. Para isso, é necessário desmistificar essa ideia de que vocacionadas são somente aquelas pessoas que se dedicam aos ministérios ordenados ou à vida consagrada. Na verdade, a vocação é um chamado a toda pessoa batizada e inserida numa comunidade de fé. Os leigos e as leigas das nossas comunidades precisam descobrir este caminho de serviço e doação como um caminho de auto-realização pessoal e ministerial da Igreja. E o nosso desafio é plantar essa semente no coração das nossas crianças e jovens para que venham a ser cristãos adultos conscientes e comprometidos com a sua fé.

Nenhuma pessoa realmente feliz anda pelos cantos carrancuda e de mal com a vida. Um rosto alegre contagia e é um grande testemunho da alegria que brota do seguimento de Cristo. Se a vida consagrada, os ministérios ordenados e não ordenados testemunhassem no dia a dia, com alegria e serenidade no rosto, de que Cristo vale a pena, certamente teríamos mais vocações para toda a nossa Igreja.

Pe. Girley de Oliveira Reis, MSC, trabalha na Diocese de S. Gabriel da Cachoeira/AM

Paz para esta casa

interna-out-2Desde 1980, convocado a trabalhar como missionário leigo, experimentei uma das riquezas de nossas comunidades eclesiais: a hospitalidade. Já no Evangelho, Jesus instruíra seus enviados:

“Em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, procurai saber quem ali é digno e permanecei com ele até a vossa partida. Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz”. (Mt 10,11-12.)

Sem exagero, após 351 viagens missionárias (tenho todas elas bem catalogadas…), eu teria material para um livrinho bem interessante.Poderia recordar aquela família de Vilha Velha, ES, que encontrou uma receita de Dona Hermengarda (personagem de um de meus livros) e, na hora do almoço, serviu aquele mesmo risotto al zafferano citado em minha crônica. Notável delicadeza!

Ou aquela família que me acolheu no norte de Minas, sem ocultar a tristeza pela ausência do chefe da casa, que deixara as filhas e a esposa.

Ali tivemos um tempo de partilha e oração. Anos depois, com alegria, fiquei sabendo que o marido voltara a seu lar e fora bem recebido.

Outra vez, em São Mateus, ES, fui acolhido na residência de um casal de médicos. Como eu passara por uma cirurgia abdominal na segunda-feira anterior, terminado o encontro de fim de semana, o dono da casa aproveitou minha presença para retirar os pontos da costura.

Não me esqueço de uma passagem por Marabá, PA, quando um galo cantor, alojado bem debaixo de minha janela, não me deixou dormir.

Outra noite insone aconteceu em Tatuí, SP, cidade famosa por sua vocação musical. O som de um baile, à distância de 5 ou 6 quarteirões, parecia ressoar dentro do guarda-roupa.

Em geral, as comunidades que recebem o missionário fazem questão de mostrar as riquezas locais, sua culinária típica. Aí, o pregador acaba provando o creme de cupuaçu e o sorvete de mangaba. Pode ser também que tenha de dormir em uma rede na casa onde ninguém adota camas sulistas…

E não se esqueçam das notáveis demonstrações de fé do povo mais simples. Como naquelas “folhas” da Transamazônica, onde vi as capelas de madeira, bancos de madeira, sem o sacrário, sem uma única imagem de santos, onde o sacerdote passava uma ou duas vezes por ano, mas a comunidade se reunia em oração todas as noites.

E aquele inesquecível fim de semana em Marituba, PA, ao lado do hospital para hansenianos, naquela igrejinha pobre por onde passou João Paulo II, ajoelhando-se para rezar.Para não idealizar a realidade, devo citar também as poucas vezes em que nossa equipe de evangelização foi mal instalada, como naquele colégio abandonado, em Itabira, MG, onde as baratas fizeram uma longa procissão noturna e os chuveiros ficavam logo junto à porta do banheiro, exigindo que um de nós ficasse de guarda enquanto o outro tomava banho.

Na hora da chegada, às vezes éramos recebidos com faixas de boas-vindas. Na hora da partida, podiam surgir algumas lágrimas. Mas em todas as situações, o missionário ia descobrindo que formamos todos uma só família que o Espírito reuniu de todos os quadrantes…

Antônio Carlos Santini,
Comunidade Nova Aliança

Chorar diante do Sacrário

interna-out-3Duas irmãs foram ao mesmo templo, assistir às mesmas cerimônias, falar ao mesmo Deus e ouvir o mesmo pregador. Uma era emotiva e a outra reflexiva. A formação pessoal assimilada, o grau de escolaridade e o temperamento fizeram a diferença.

A emotiva, cujas lágrimas afloravam por qualquer mexida de alma, chorou cinco vezes, levou as mãos ao peito a cada novo comando, fechou os olhos quinze vezes. Obedecia a todas as sugestões do pregador que acentuava fortemente a religião do clamor. Molhou dois lenços. Voltou para casa sentindo que, outra vez fora tocada pelo Espírito Santo, pela Palavra de Deus e pela palavra do pregador.

Sua irmã, que veio com o marido e a filha adolescente, ouviu tudo serenamente, não pôs as mãos no peito, não fechou os olhos, discordou de algumas colocações do pregador sobre educação dos filhos e sobre política, concordou com outras e processou, ali mesmo, todas as informações que recebia.

Advogada que era, viu valor em algumas reflexões e achou outras simplistas demais. O pregador evidentemente não era versado nem em psicologia, nem em sociologia. Falou de demônio cinco vezes e em contexto questionável. Nem todo desvio de conduta é artimanha de satanás. Saiu de lá sentindo-se tocada por Deus, porque pôde refletir mais uma vez sobre a dor humana e porque, mesmo não tendo vertido uma lágrima, ouviu o suficiente para prosseguir sua luta diária na sua profissão de defender e aproximar pessoas.

Chorar e emocionar-se nem sempre é sinal de toque do céu, mas pode ser. Ficar impassível e não molhar, nem mesmo o canto dos olhos, não é sinal de que o fiel não foi tocado por Deus. Nem sempre religião rima com emoção e nem sempre piedade rima com impassibilidade. Cada caso deve ser analisado.

Quanto aos pregadores que carregam pesadamente na emoção do povo e lhe massageiam o coração, poderiam, ao menos algumas vezes, falar para a cabeça e massagear o cérebro. Precisamos de sentimentos preferivelmente profundos e não à flor da pele. Precisamos de pensamentos igualmente sólidos e profundos.

De um pregador americano de “revivals”, que acreditava em clamores e lágrimas e investia pesadamente no quesito lágrimas, comenta-se que, ao invés de dizer “oremos”, a depender do que dizia, exclamava “choremos”. Um painel na parede acendia com as letras “Let us pray” ou “Let us cry”. E o povo chorava alto, a cada novo comando. Ele rimava religião com emoção. Seus fiéis, também! Se era o melhor pregador aquela igreja? A resposta está em mais de vinte livros de psicólogos que analisam o sentimento e a emotividade das massas. Um dia eu talvez escreva um com o titulo: “Chorar diante do sacrário”. Podem ter certeza que não será negativo. Tudo depende do antes e do depois daquelas lágrimas…

Pe. Zezinho, SCJ, é músico e escritor. Tem aproximadamente 85 livros publicados e mais de  115 álbuns musicais.
www.padrezezinhoscj.com

Vinde e vede: Os três primeiros discípulos

interna-out-1A grande expectativa

É o terceiro dia desde o interrogatório feito a João Batista, o qual se encontra no mesmo local do dia anterior. Ele é um profeta estático. Não vai ao encontro das multidões. Não fica andando de um lugar para outro. Permanece ali no outro lado do rio Jordão, em Betânia, enquanto dura a sua missão, que só termina quando Jesus começa a sua. Assim que Jesus tiver passado adiante dele, não aparecerá mais nesse local. João Batista não está sozinho, mas acompanhado de alguns discípulos, que escutaram seu anúncio e receberam o seu batismo. O evangelista João diz que, naquele momento, João Batista estava acompanhado de dois discípulos. Eles pertencem a um grupo mais numeroso. Assim como João Batista, os discípulos também estão na expectativa. Ele já tinha reconhecido o Messias, mas os discípulos ainda não.

Jesus volta ao local  do seu batismo

A passagem de Jesus naquele local não é casual, pois tem uma força que atrai e cativa.. Jesus se coloca adiante, toma seu lugar já previsto por João Batista. É o momento da mudança. João Batista fica para trás. Ele deixa de ser precursor, porque Aquele que foi anunciado está começando o seu ministério público. João Batista pronuncia sua declaração solene na presença de dois discípulos. Repete o que já tinha afirmado a todo o povo: – “Eis o Cordeiro de Deus” (João 1,36). Nesta afirmação já está implícito, que este trará a libertação definitiva, pois a expressão “Cordeiro de Deus”, quer dizer, “Filho de Deus”. João Batista não fala aqui que, será ele que vai tirar o pecado do mundo.Aqui só define Jesus com duas palavras – “Cordeiro de Deus”. – Não faz um longo discurso para convencer seus discípulos. De uma forma livre e generosa, João Batista cede a Jesus seus discípulos e sai de cena

Os dois primeiros discípulos:

A reação dos dois discípulos é imediata. Eles entenderam a mensagem de João Batista. Um é André e o outro, pelo que podemos deduzir, é o próprio João, autor do evangelho. Seguir a Jesus indica o desejo de viver com ele e como ele, aceitar seus ensinamentos e fazer parte de sua missão. O verbo “seguir” significa caminhar junto com alguém que aponta o caminho e que dá uma direção na vida. Este verbo expressa a resposta dos discípulos diante da afirmação solene de João Batista. Os dois finalmente encontram a quem esperavam e, sem vacilar, a ele aderem imediatamente. Aqui no evangelho de João, não se fala que eram pescadores, como fazem os sinóticos (Mateus 4,18-22), mas são apresentados como discípulos já instruídos e preparados para o seguimento do Mestre. É uma decisão sem retorno.

O que estais procurando

Tem o mesmo sentido da pergunta: – O que buscais? – Jesus está consciente de que os dois o seguem. O caminho percorrido em silêncio marca a expectativa da novidade. A busca só alcança seu objetivo com a iniciativa de Jesus. A pergunta de Jesus está no presente e é válida para todos. É um convite para que cada um examine o motivo do seguimento. Aqui Jesus não faz nenhuma referência a sua pessoa e nem coloca condições para este convite implícito. É uma pergunta aberta a todos. Jesus quer saber os desejos que eles têm em seus corações. Pode haver motivos bem diversos para seguir alguém. Por isso, pergunta-lhes o que eles estão procurando; o que esperam dele e o que acreditam que ele lhes possa dar. O evangelho de João diz que há também seguimentos equivocados, adesões a Jesus que não correspondem ao que ele é e nem à missão que realiza (João 2,23-25). Como ressoa dentro de mim esta pergunta feita por Jesus? – Por qual motivo eu estou seguindo a Jesus?

Mestre, onde moras?

Os discípulos respondem com outra pergunta, que à primeira vista significa: – “Onde te alojas?” – Porém, em nível mais profundo tal pergunta investiga o grande mistério da morada transcendente de Jesus. Os dois dão a Jesus o título respeitoso de “Rabi”, que significa “um mestre qualificado”, indicando assim que o tomam por guia, dispostos a seguir suas instruções. Reconhecem que Jesus tem algo a ensinar-lhes que eles ainda não conhecem. Os discípulos querem agora saber onde Jesus mora, lugar diferente de onde estava João Batista. Deixam seu antigo mestre sem conflitos, competições ou disputas. João Batista é um homem livre e não prende ninguém em sua pessoa. Os dois, por sua vez, estão dispostos a dar o passo para estar com Jesus.

Vinde e vede

Jesus atende imediatamente ao pedido implícito feito na pergunta dos dois. Agora vem o convite direto e claro, o de experimentar a convivência com ele. É nesta convivência com o Mestre que eles encontrarão a resposta que estão procurando. Jesus reside no lugar onde ele acampou: – “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1,14). Ele está no campo da vida, onde Deus está presente no meio da humanidade. Por isso, esse lugar não se pode conhecer por mera informação, mas unicamente por experiência pessoal: – “Vinde e vede”. – O lugar onde vive Jesus é a manifestação da luz e está em oposição às trevas. É o lugar da vida em plenitude e está em oposição ao mundo. Luz e treva estão sempre em oposição.

André reconquista seu irmão

A experiência de André, no seu contato com Jesus o tocou profundamente. Imediatamente sente necessidade de comunicar tal descoberta. Em primeiro lugar dará a notícia ao seu irmão Simão. O indicativo “primeiro” indica que a atividade de André não terminou com o convite feito ao seu irmão. Simão Pedro, embora, como André, fosse de Betsaida, no norte do país, encontra-se naquelas paragens, atraído pelo movimento das multidões, suscitado por João Batista, mas não escutara sua mensagem e nem tinha seguido Jesus. André dá a notícia ao seu irmão nestes termos: – “Encontramos o Messias”. – A experiência é comunitária. Simão Pedro também esperava o Messias. André anuncia-lhe que a espera terminou. Simão não se aproxima de Jesus por iniciativa própria, mas deixa-se conduzir por seu irmão André. Em toda a cena não pronuncia nenhuma palavra. Neste momento não demonstra nenhum entusiasmo pela pessoa de Jesus. Simão Pedro, embora estabeleça contato pessoal com Jesus, não diz nada. Sua atitude fica suspensa. É o único dos quatro mencionados que não expressa nada, que não fala nenhuma palavra.

Dom Agenor Girardi, MSC é Bispo Diocesano de União da Vitória – PR

O dedo de Deus e o dedo dos homens

home3A mão humana é uma das maravilhas da Criação. Seus dedos são muito úteis. O anular carrega o anel, símbolo da autoridade. O mindinho, discreto, limpa os ouvidos. Os polegares matam piolhos. Mas é o indicador quem mais trabalha…Do latim index [daí a palavra “índice”], o dedo indicador tem a função óbvia de apontar, “indicar”. De tão importante, chegou a dar nome a um modo verbal, o indicativo. Em tempos primordiais, foi usado para escrever.

É assim que, no Livro do Êxodo, aprendemos que a Lei de Deus, entregue a Moisés nas alturas do monte, foi obra do dedo de Deus: “Quando Deus acabou de falar com Moisés na montanha do Sinai, deu-lhe as duas tábuas da Aliança. Eram tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus”. (Ex 31,18.)“Escrever na pedra” é sinônimo de escrever de modo definitivo, durável, indelével. E os Padres da Igreja identificaram esse “dedo” divino com o Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade: “digitus paternae dexterae” [dedo da mão direita do Pai]. Podemos entender que a redação dos mandamentos foi uma espécie de pirogravura, uma Lei pétrea, gravada a fogo.

No capitulo 8º do Evangelho de São João, naquela passagem infelizmente conhecida como da “mulher adúltera”, podemos ver a importância do dedo indicador. Um grupo de fariseus e de escribas (exatamente aqueles que escrevem) arrastam até Jesus uma jovenzinha apanhada em adultério. Ela devia ser noiva, pois queriam apedrejá-la, conforme Dt 22,23. Já as casadas, deveriam ser enforcadas, segundo o Sifrei 163 dos rabinos talmúdicos.Arrojam a garota ao solo, na poeira do pátio do Templo, cercam-na como uma matilha de lobos e apontam para ela com o indicador que acusa: “Moisés mandou apedrejar esta mulher”. A seguir, o mesmo dedo indicador se volta para Jesus: “E tu, que dizes?”

A intenção é óbvia: os inimigos de Jesus agem de modo que o pregador da misericórdia venha a entrar em choque com Moisés, isto é, a Lei do Sinai, o que faria dele um herege a ser igualmente punido.Para surpresa de todos, Jesus usa seu próprio indicador: escreve no chão. E nós nos vemos diante de notável contraste: uma Lei gravada na rocha indelével e os pecados escritos na areia fina, moída pelos pés dos peregrinos. Areia fina que o mais leve vento pode mover, apagando a inscrição e anulando a sentença…

Sim. São tempos de misericórdia os tempos da Nova Aliança. Se vai correr sangue, que seja o sangue do Cordeiro. Não o sangue do pecador. Por isso mesmo, diante da insistência dos acusadores, Jesus ergue seu indicador e aponta para eles: “Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra”.Vendo-se apontados, bem na mira do dedo indicador do Mestre, eles se vão retirando um a um, a começar pelos mais velhos. Lógico: quem mais viveu, mais pecou. E com uma simples frase, Jesus muda os juízes em réus…

Agora, sim, Jesus pode dirigir seu indicador para a jovem: “Nem um só deles te condenou?” Ela sussurra: “Nenhum, Senhor…” E Jesus recolhe seu dedo indicador para arrematar: “Nem eu te condeno!”Mas o dedo de Deus continua trabalhando. Jesus aponta para o azul do horizonte, onde se abre a perspectiva de uma vida nova, e mostra o rumo a seguir: “Vai… e não peques mais…”

Antonio Carlos Santini,
Comunidade Nova Aliança

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