Revista de Nossa Senhora
  • Administração: Rua Angá, 994 – VI. Formosa – São Paulo – SP
  • Telefax: (11) 2211-7873 – E-mail: contato@revistadenossasenhora.com.br

Você acessou a Edição Reportagens

A IGREJA esta acabando?

“Padre, ouvi num programa de TV  um comentarista afirmar que a religião está acabando na Europa e que estará acabando no resto do mundo à medida que as pessoas ficarem mais bem informadas pela educação, pela ciência e pela tecnologia. Seria verdade? O que o Sr. me diz.” Glauco Afonso  Meneses – Ribeirão Preto – por e-mail

Caro Glauco, vez por outra, a gente escuta pessoas, nem sempre bem informadas, externando opiniões sobre Igreja e religião. É verdade que a Europa, baluarte do cristianismo no ocidente, nos últimos anos, por conta do grande progresso e bem estar material, foi perdendo o antigo vigor a ponto de se falar em um início de descristianização. Em alguns países, por exemplo, se lê, nos ônibus, a inscrição: ”Deus provavelmente não existe”. Até mesmo na França, chamada “La fille ainée de l’Église’, a filha mais velha da Igreja, terra de grandes santos e sábios, católicos ilustres como Pasteur, Paul Claudel, Jérôme Lejeune e tantos outros, os cristãos têm sido vítimas de discriminação por parte de autoridades, isto sem falar de caricaturas de Cristo e zombaria anti-cristã no dia a dia dos meios de comunicação. Diante dos afagos às minorias judaicas, muçulmanas e budistas, os católicos se sentem os novos excluídos da sociedade…

Até aí, de fato, há nuvens sombrias no horizonte, mas não é de hoje que se prega a crença em um ateísmo universal, uma evolução a partir da educação e cultura para todos, algo que nunca se concretizou. Tais pregadores se esquecem de que as pessoas religiosas também se valem do progresso e usam com grande habilidade esses recursos da ciência e da tecnologia…

Em contraposição a essa situação de crise, sabe-se também que, segundo pesquisadores insuspeitos como Kathleen Norris, Eugene Peterson e outros, em países de maioria tradicionalmente atéia, como Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia, a porcentagem de ateus tem diminuído sensivelmente.Veja a Suécia: em 1999, 85% se diziam ateus;em 2001, eles eram 69% e, em 2004, 64% de ateus assumidos. De outro lado ou, como consequência disso, tem havido um número crescente de grupos cristãos fundamentalistas. Quem diria!

Contudo, Glauco, a Igreja também tem culpa no cartório. Explico-me: quantas diretrizes e inspirações do Vaticano II ficaram pelo caminho! Junte a isso os escândalos, os casos de pedofilia, durante tanto tempo acobertados pelas autoridades eclesiásticas; as posições inflexíveis sobre temas de sexualidade, contraceptivos, a situação de casais divorciados e o acesso à comunhão daqueles que se casaram de novo, casais homossexuais e outros casos mais. Numa palavra, é caso de conversão. Daí que o mundo olha com esperança o ministério do Papa Francisco, um homem sensível ao sofrimento das pessoas e aos problemas da família, razão pela qual, em boa hora, convocou o Sínodo Extraordinário dos Bispos, com enfoque especial nessa temática tão importante.

Glauco, vale lembrar aqui as palavras de São João XXIII, após a convocação do Concílio Vaticano II, quando muitos pensavam que sua finalidade principal fosse a união dos cristãos: “o primeiro e principal escopo do Concílio é apresentar ao mundo a Igreja de Deus em seu perene vigor de vida e de verdade… só depois poderemos dizer aos nossos irmãos separados: esta é a vossa casa, esta é a casa dos que levam o sinal de Cristo”. Pois é, conversão em primeiro lugar.

Padre Humberto Capobianco MSC, é Diretor do Colégio John Kennedy em Pirassununga, SP.

Diálogo inter-religioso, vocação da Igreja

interna01As diferentes tradições religiosas são uma realidade presente no mundo inteiro. Os grupos que há algum tempo ficavam mais nas suas mediações geográficas têm se espalhado por outros lugares. Além disso, a globalização e os veículos midiáticos permitem um maior entrosamento entre os povos. Este é um novo contexto social que, ao que tudo indica, tende a se firmar cada vez mais.

Os lugares onde o cristianismo e, dentro deste, o catolicismo, são maioria absoluta, já sentem o reflexo na vida eclesial desta transformação social. A Igreja se vê diante de um desafio que precisa ser pensado e refletido. Entre a presente realidade e suas exigências só há um caminho a seguir: o diálogo.

O diálogo inter-religioso tem uma importância singular para a humanidade. Não podemos pensá-lo apenas sob uma ótica de convivência harmoniosa e pacífica entre as religiões, mas ele precisa ser pensado também nas esferas da antropologia, da moral, da política e do contexto social e teológico. Se o diálogo tem se tornado uma exigência, ele precisa ser visto no todo.
Sabemos que o homem é essencialmente religioso. Esta dimensão está presente em todas as culturas e todos os homens carregam dentro de si este sentido. É o mistério, é a relação do ser humano com o transcendente que o faz ligar-se ao outro e ao mundo à sua volta, às suas questões e percepções acerca do seu meio e da sua existência. Um olhar cristão sobre as demais religiões permite perceber e reconhecer os elementos positivos existentes nelas, elementos essenciais para uma aproximação.

O diálogo inter-religioso é de suma importância na luta por uma sociedade de paz e de direitos iguais. O mundo precisa de testemunhas que se oponham à violência e que busquem a comunhão fraterna numa coerência com a fé professada. Este diálogo, neste aspecto, insiste na promoção e na colaboração da paz e da justiça como direitos de todos os seres humanos, pois cada homem e cada mulher são imagem de Deus e devem ter essa sua imagem respeitada.

O diálogo inter-religioso, sem dúvida, deve ser um testemunho coerente para o mundo, na firme compreensão de que Deus age onde e quando ele quiser. Deus não é posse de nenhuma instituição, é universal a sua manifestação e o seu desejo de que todos os homens encontrem a salvação.

É o Espírito Santo que paira sobre o mundo e abre os corações das pessoas para a ternura de Deus que abraça toda a criatura. Mas é importante lembrar que as instituições religiosas não são entidades metafísicas. Todas as religiões são formadas por pessoas e são justamente elas que devem se abrir à experiência e à prática do diálogo.

Na Igreja Católica, temos visto inúmeros esforços na busca de um diálogo de paz e de fraternidade com outras confissões religiosas, na certeza de que Deus age quando nos abrimos à sua ação em nós. No entanto, só teremos resultados ainda mais positivos quando a unidade for um sonho de toda a Igreja, contando com os esforços de todos os fiéis. Esta é uma missão de todos os povos. Esta é também a nossa missão.

Girley de Oliveira Reis, MSC é promotor vocacional da Província de São Paulo e cursa o 4ª ano de Teologia na PUC/São Paulo – SP.

Maria Missionária

Season of SorrowMaria foi prestar seus serviços.
É verdade!.
Mas, podemos sentir a lucidez de Maria e a percepção que ela teve da consequência de sua fé.
Abraçou seu dever de missionária.

Depois que Maria recebeu o anúncio de ter sido escolhida para ser a mãe do Messias, e ter recebido a notícia que sua prima Isabel, estava grávida e já no sexto mês, deixou sua casa e foi, às pressas, às montanhas, a uma cidade de Judá onde morava Isabel, para socorrê-la, Maria ficou lá cerca de três meses”. (Lc 1,26-56)

Escolhida para ser a mãe de Jesus, transformada na criatura mais sublime, Maria não teve dúvidas. Não ficou parada. Foi logo colocar-se a serviço de quem precisava de ajuda. Percorreu mais de 130 km, uma distância enorme naquele tempo; uma viagem de quatro a cinco dias. Atravessou as montanhas da Samaria, Jerusalém e desceu até Ain Karin. Tinha que chegar à casa de Zacarias e Isabel que, além de prima, era amiga. Com ela, podia falar de seu mistério, abrir o coração. O Anjo pusera Isabel como prova e garantia da maravilha que Deus estava realizando: “Olha, dissera ele, também Isabel, tua prima, concebeu um filho, em sua idade avançada e este é o sexto mês daquela que é tida como estéril”. (Lc 1,36)

Maria foi prestar seus serviços. É verdade!. Mas, podemos sentir a lucidez de Maria e a percepção que ela teve da consequência de sua fé. Abraçou seu dever de missionária. Entendeu que, se agora possuía o Cristo, tinha o dever de ir aos outros! Maria nos deixa aqui um ensinamento valioso: o cristão deve levar Jesus aos outros, nunca fechar-se em si mesmo. Como membro da Igreja missionária, todo batizado é um missionário. Deve portanto renovar o encontro pessoal com Cristo para, como Maria e com ela, levar Jesus aos outros.

O Papa João Paulo II muitas vezes falou da presença de Maria na missão da Igreja. Afirma o Papa que a vida de Maria foi um caminho e uma peregrinação da fé em Cristo. Nessa caminhada ela precede os discípulos e a Igreja “. (RM, 6,26).

Por isso, “onde quer que a Igreja desenvolva sua atividade, Maria está presente, cooperando como mãe, na regeneração e formação dos fiéis” (LG 63). Presente como estrela da Evangelização na fé das novas comunidades cristãs, nascidas do anúncio missionário, com o poder da Palavra e a graça do Espírito Santo “. (EN 82)

Muitas comunidades cristãs, fruto da obra evangelizadora da Igreja, tomam como exemplo e estímulo a Maria, a primeira evangelizada (Lc 1,26-38) e a primeira evangelizadora (Lc 1,39-56). Ela acolheu com fé a boa nova da salvação, transformando-a em anúncio, canto, profecia, sendo por isso chamada “discípula mais perfeita do Senhor e, perfeita missionária”.

Maria é ponto de união onde podemos nos encontrar com Cristo, com o Pai, com o Espírito Santo e também com os irmãos. Quando Maria diz “ Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5), está nos indicando a necessidade de nossa fidelidade à palavra de Jesus. Em casa de Isabel, a alma missionária de Maria exulta de alegria pelo reconhecimento do poder de Deus que caminha com seu povo e é fiel às suas promessas. Na escola de Maria a Igreja aprende a consagrar-se à missão. Os missionários, muitas vezes ignorados, esquecidos ou perseguidos, que gastam a vida na vanguarda da missão da Igreja, encontram um modelo perfeito de dedicação e de fidelidade em Maria.

Como os Apóstolos, depois da ascensão de Cristo, a Igreja deve reunir-se no Cenáculo, ”com Maria, a mãe de Jesus”, a fim de implorar o Espírito Santo e obter força e coragem para cumprir o mandato missionário. E, na caminhada da Igreja que nascia, Maria foi a companheira inseparável, impulsionada pelo amor a Jesus. O papa Francisco, em sua Exortação Apostólica – “A alegria do Evangelho” – ensina que, para ser missionário(a) da alegria, é preciso, em primeiro lugar, acolher o amor de Deus. Maria nos ensina essa verdade.

Eis aí, estimado(a) leitor(a), um exemplo a ser seguido: Maria, a Estrela da Evangelização! Com ela procuremos abraçar nossa missão com amor e alegria!Ela nos ensina que ser missionário(a) é estar aberto ao plano de Deus, abraçar a missão e ser fiel, sobretudo ter Jesus e deixarmo-nos cativar por Ele e sair para levar Jesus aos outros, lembrando dos que mais precisam.

Que Maria, a mãe missionária, nos acompanhe e fortaleça na missão!

Ir. Maria da Luz Cordeiro, FDNSC

Inclusive as Crianças

1005264_82808103Os bandidos de ontem, que não alegavam defender nenhum país, nenhuma ideologia ou nenhuma religião, às vezes torturavam crianças. Mas sempre houve no mundo inteiro, entre os malfeitores, uma lei tácita: crianças, não! A palavra “assassino” veio do Século X, originária dos seguidores de um pregador Assaz, na Arábia. Em dado momento seu ódio político religioso se fez tanto que decidiram que era certo matar qualquer um que impedisse seus projetos, pelas costas, a facadas, a pauladas, família toda, tudo era válido. A Bíblia diz que Herodes fez a mesma coisa. Os hebreus também fizeram.

O ódio enlouquece. O ódio político, mais ainda. O ódio político religioso vai mil vezes mais longe. É capaz de pedir a bênção de Deus para rasgar uma criança ao meio. Alguém com três grandes motivos mata qualquer um: em nome de seu ódio, em nome de seu país e em nome de sua fé. O que fizeram recentemente aqueles guerrilheiros tchetchenos foi e tem sido feito com enorme freqüência contra o Líbano de ontem, contra a Armênia nos inícios do século 20, contra os Kolkoses na Rússia, contra os judeus na Alemanha, entre os Tutsi e Watusis na África, em Israel e na Palestina. Não se olhava nem a idade nem o tamanho. A ordem era exterminar, como se exterminam os ratos adultos e seus filhotes. Basta que seja rato. Filhote ou não, tem que morrer!

Aí o desatino. Agem como animais furiosos e declaram que todo e qualquer grupo que a eles se oponha é rato, serpente, demônio. Deve ser derrotado e deve morrer. O próximo passo, depois de declarar que alguém não tem a luz, é situá-lo nas trevas e no inferno. Logo: são auxiliares do demônio. No seu cérebro que já não raciocina, senão em função da sua vitória, para o terrorista motivado pela política e pela religião errada, tudo é demônio, tudo é maligno, tudo o que não reza pela sua cartilha, precisa ser derrotado. Os fariseus, que eram fanáticos decidiram que Jesus tinha o demônio. Viram seus milagres e decidiram que vinham do demônio e pronto! Tinham o pretexto e uma justificativa para matá-lo.

Os terroristas de agora seguem o mesmo raciocínio e fazem o mesmo. Acham licito matar, torturar crianças e velhinhos e explodir os outros, porque os outros são maus e eles são bons. Não que necessariamente os outros sejam anjos, mas, de repente, a covardia os ajuda. Não conseguindo vencer o inimigo que tem vasto arsenal, usam da traição, imitam Assaz e tornam-se conscientemente assassinos. Acham que Deus quer que matem. Tomam como reféns as crianças e as mulheres para atingir os outros. Alegam que os outros fizeram o mesmo.

Essa pregação de vencedores em Cristo é extremamente dúbia, como a dos vencedores por Alá ou por Javé. Pode ser muito bonita se aplicada à caridade. Mas na cabeça de muitos crentes ou políticos, vencer muitas vezes não significa vencer-se e sim derrotar os outros. Ouçamos atentamente o que tais pregadores dizem, dia após dia. Leiamos as manchetes de suas publicações. Quando não conseguem dar nenhum elogio à outra igreja, ou a quem não é do seu grupo; quando escondem ou diminuem o sucesso dos outros; quando mostram sempre o seu lado bom e jamais o lado bom de outros povos, outros regimes ou outros grupos, podemos esperar futuros terroristas no Ocidente e no Oriente. Alguns deles, motivados por sua religião exclusivista e excludente. Todos os jardins têm flores e ervas daninhas. Às vezes, as ervas daninhas vencem… Já viu o tamanho de algumas urtigas? O mundo tem caminhado para isso. Infelizmente!

Pe. Zezinho. SCJ, é músico e escritor. Tem aproximadamente 85 livros publicados e mais de 115 álbuns musicais.
www.padrezezinhoscj.com

As evidências e provas da ressurreição de JESUS

Entrance to the TombOs discípulos e a ressurreição:
Do ponto de vista humano, não era nenhuma vantagem para eles anunciar a ressurreição de Jesus; enfrentar uma vida dura e perseguida, passar fome e dormir ao relento, serem ridicularizados, surrados e aprisionados, torturados e até martirizados. – Por que tudo isso? – Somente por causa de uma certeza e uma convicção: Jesus está vivo. – Sem uma experiência profunda com o Cristo ressuscitado, este grupo de discípulos jamais poderia ter se levantado do tamanho fracasso e decepção. A força da fé vai sustentá-los no testemunho fiel da ressurreição do mestre Jesus.

Convicções e certezas:
Os discípulos, homens simples, pescadores, com pouca instrução literárial, estavam dispostos a morrer por algo que tinham visto com os próprios olhos e tocados com as próprias mãos. Estavam numa posição única de não apenas crer que Jesus ressuscitou, mas de saber que tudo era verdade, sem falsidades ou mentiras. Ninguém morre por convicções religiosas quando sabe que são falsas e enganosas.

A identidade  do povo judeu:
No tempo de Jesus, já fazia mais de setecentos anos que o povo judeu era perseguido e dominado por vários impérios, tais como o babilônico, assírio, persa, grego e até então, o romano. O povo judeu foi disperso pelo mundo e vivia longe de sua pátria. Porém, não perdeu sua identidade nacional. Os ensinamentos da Sagrada Escritura passavam de pais para filhos. A Lei de Deus era ensinada em família e mesmo nas sinagogas, aos sábados.

A força do Ressuscitado:
De repente, aparece Jesus, um judeu de classe social baixa. Ensina o povo durante três anos e forma um grupo de seguidores, os doze apóstolos, todos eles provenientes de classe média e até mesmo baixa; ou seja, pessoas que não tinham nenhuma influência na sociedade da época. Depois de vários conflitos com as autoridades, Jesus é crucificado, assim como três mil judeus que foram crucificados naquele mesmo período. Algumas semanas depois de sua morte brutal na cruz, já são mais de três mil seguidores, como relata os Atos dos Apóstolos: – “Os que aceitaram as palavras dele se batizaram, e nesse dia umas três mil pessoas se incorporaram” (At 2,41).

Novo período da História:
A Palestina do tempo de Jesus vivia de tradições e, quanto mais antiga uma tradição, mais seguidores teria. Portanto, qualquer ideia nova que surgisse, causava um impacto muito grande na população, totalmente diferente de hoje. A Igreja nasce logo após a ressurreição de Jesus. Num período curto de 20 anos, a expansão foi tão rápida e tão abrangente que chegou até Roma. O cristianismo dominou sobre as várias ideologias e com o passar do tempo conquistou todo o Império Romano, mesmo em meio às perseguições e martírios.

O núcleo da pregação:
A ressurreição de Jesus foi o centro de toda pregação dos primeiros cristãos. Eles não apenas confirmavam os ensinamentos de Jesus, mas estavam convictos de que tinham realmente visto a Jesus ressuscitado. Foi isso que mudou a vida deles desde o início da Igreja. Já que esta era a convicção central de suas vidas, eles também comprovaram que a ressurreição de Jesus era totalmente verdadeira, pois caso contrário, eles estariam pregando uma falsa doutrina que não iria atrair ninguém. A fé em Jesus Cristo está alicerçada na comprovação histórica, mas vai além das provas.

O túmulo vazio:
Os primeiros cristãos, bem como os judeus, conheciam bem o lugar em que Jesus fora sepultado. Não havia dúvida, o corpo de Jesus foi colocado num túmulo novo: – “No lugar onde fora crucificado, havia um jardim e nele um sepulcro novo, no qual ninguém havia sido sepultado” (Jo 19,41).

O testemunho da comunidade:
O momento e o modo como se deu a ressurreição ninguém viu. O poder de Deus Pai ressuscitou seu filho Jesus. A Primeira Carta aos Coríntios afirma que “Jesus apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez” (1Cor 15,6). Esta é a única passagem que faz tal afirmação. Essa é a passagem mais antiga e mais bem confirmada de todas, mesmo sendo a única fonte. Paulo tinha uma ligação próxima com essas pessoas, pois afirma que a maioria delas ainda vivia. Se Jesus pôde alimentar cinco mil homens, também poderia aparecer a quinhentas pessoas.

O testemunho de Paulo:
Ele faz questão de dizer que Jesus apareceu primeiro a Pedro e depois aos doze, apareceu também a Tiago, a todos os apóstolos e por fim, apareceu a ele, como um abortivo (1Cor 15,5-6). Paulo, sendo advogado, é um estudioso da ressurreição, não pegou no ar esta afirmação. Confirma a ressurreição de Jesus com duas testemunhas oculares, Pedro e Tiago. Tal afirmação tem um valor fundamental. Colocar Pedro em primeiro lugar indica uma prioridade lógica e não necessariamente cronológica. Ao indicar Pedro, o primeiro da lista, ele retrata a mentalidade e a cultura da época, pois as mulheres não eram consideradas testemunhas. Por isso, não é de surpreender que elas não sejam mencionadas aqui.

As evidências da ressurreição:
A ciência versa sobre causas e efeitos. Não sabemos como uma doença surge, mas estudamos seus sintomas. Ninguém viu um determinado crime, mas os peritos reúnem as evidências e depois os fatos. Assim, são entendidas as evidências da ressurreição. Nos textos do Novo Testamento, há várias aparições de Jesus a diferentes pessoas. Algumas acontecem a indivíduos e outras a grupos. Às vezes dentro de casa, outras vezes fora, a pessoas receptivas como João e ao incrédulo Tomé. Algumas vezes as pessoas tocam em Jesus ou comem com ele. As aparições ocorreram durantes várias semanas seguidas.

Dom Agenor Girardi, MSC – Bispo Auxiliar de Porto Alegre – RS

Milagres Eucarísticos: Sena – Itália 1730

Kerkje in Welschnofen, Zuid-Tirol, ItaliëEm todo milagre eucarístico há um dado curioso. Uma curiosidade saudável já que os nossos olhos nunca ultrapassam o mistério de Deus. Em Sena, Itália, o curioso é que o milagre acontece independente de uma pessoa pela sua incredulidade, mas por um ato de violência contra a fé.

Narra-se que um grupo de ladrões rouba, em Sena, o cibório de prata onde ficavam reservadas as partículas consagradas. Dias depois as hóstias foram encontradas num cofre de esmolas de outra Igreja. Em reparação a este ato os fieis levam em procissão, precedidas pelo pároco, as hóstias roubadas e as depositam no sacrário. O que era para ser um simples ato de reparação transforma-se num milagre. Isso aconteceu no ano de 1730. Cinquenta anos depois, ao examinarem as hóstias consagradas percebeu-se que elas estavam intactas e com o mesmo frescor de quando haviam sido feitas.

A divulgação do fato fez com que a Igreja providenciasse uma análise mais apropriada por cientistas que constataram que o fato de conservação não tinha outra explicação a não ser um milagre. Para tanto foi providenciado um teste onde colocaram o mesmo número de partículas do referido milagre numa caixa fechada e dez anos depois a abriram. Só encontraram restos putrefatos e pequenas partículas amareladas

Tantos outros testes foram realizados e o mais importante deles foi em 1914, tendo participado um dos mais renomados cientistas da época, professor Siro Grimaldi, que após o exame das hóstias lançou um livro com o título Um cientista que adora explicando que a farinha é o grão que mais acolhe fungos e parasitas com mais rapidez e, no entanto, aqueles fragmentos de trigo estavam incorruptíveis.

A farinha, que pensamos ser um mero produto do trigo, após a consagração torna-se o verdadeiro corpo de Cristo. O Milagre Eucarístico é fonte de inspiração para que a nossa fé não se perca em dúvidas sem sentido. O que prevalece não é o trigo, mas o mistério que surge por detrás dele. É o Corpo de Cristo que se dá a cada um de nós. Sem tempo e sem reservas.

Pe. Air José de Mendonça, MSC é pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Vila Formosa, São Paulo, SP.

A arte da jardinagem

MINOLTA DIGITAL CAMERASophia de Mello Breyner escreveu: «Em todos os jardins hei de florir…». Acho que a podemos compreender bem, pois quem conhece minimamente o seu próprio coração sabe quanto ele se assemelha a um jardim. Por saber isso é que nos tornamos, claro está, nos primeiros interessados na peculiar arte de jardinagem que é o cuidado do nosso mundo interior. Há uma passagem bíblica, de um dos livros sapienciais, que traduz o que, a esse nível, nos cabe fazer. Diz assim: «Regarei as plantas do meu jardim e saciarei de água os meus canteiros» (Eclo 24,30).

A arte de jardinagem pede de nós três coisas. A primeira delas é o autoconhecimento. É necessário que nos debrucemos sobre o nosso mundo interno, antes de tudo para reconhecê-lo. Lembro-me de uma pergunta de Marguerite Yourcenar: «Quem pode haver tão insensato que se deixe morrer sem ter dado, pelo menos uma volta à sua prisão?». Se isto é verdade, em relação aos nossos limites (à nossa prisão), quanto mais em relação à nossa alma. Vivemos na época da grande mobilidade. A paisagem encheu-se de aeroportos, estações, vias rápidas. Não sei, contudo, se nos tornou mais disponíveis para essa que é a grande viagem: a descida ao íntimo do coração. Às vezes a sensação é que nos tornamos estrangeiros de nós próprios.

A segunda tarefa desta arte de jardinagem é, chamemos-lhe assim, uma solicitude ativa. O «principezinho», o irrequieto alter-ego de Saint-Exupéry, ajuda-nos a concretizar isto de que falamos. É a propósito dos embondeiros. Cito: «No planeta do principezinho, havia como em todos os planetas, ervas boas e ervas daninhas. E por conseguinte boas sementes de ervas boas e más sementes de ervas daninhas. Mas as sementes são invisíveis. Dormem no segredo da terra até que uma delas se lembra de despertar… Se se trata de um rebento de rabanete ou de roseira, podemos deixá-lo crescer à vontade. Mas no caso de se tratar de uma planta daninha, é necessário arrancá-la imediatamente mal formos capazes de a reconhecer. Ora, existiam sementes terríveis no planeta do principezinho… eram as sementes dos embondeiros. O solo do planeta estava infestado delas. Se não arrancarmos o embondeiro a tempo nunca mais nos conseguimos desembaraçar dele. Atravanca o planeta todo».

A terceira etapa da nossa arte interior é o florescer. Não podemos estar a vida inteira em busca de conhecimento, mesmo se um bom quinhão de teoria não faça mal a ninguém. Nem podemos ficar apenas pela enérgica sacudidela do pó que se amontoa e torna tudo ilegível. Há estações interiores em que só nos falta isto: florir. Também aqui aprendamos dos jardins alguma sabedoria. As flores, por exemplo, não nascem apenas nos canteiros demarcados. Também acontece (e às mais belas) brotarem à beira dos caminhos ou fora de tempo. Numa das inesquecíveis passagens diarísticas de Raul Brandão ele conta o seguinte: ainda hoje recordo «aquela laranjeira que, de velha e tonta, deu flor no inverno em que secou».

(Obs.: Catequista é também jardineiro que ajuda o catequizando a conhecer o próprio coração…)

Pe. José Tolentino Mendonça, teólogo e poeta

Comunidades novas: Leigos em ação

site1Volta e meia faço contato com pessoas descontentes com a Igreja. Quando pergunto o motivo, relatam as mazelas de sua paróquia. Sempre respondo com as mesmas palavras: “A Igreja é maior que sua paróquia”.

Este ponto me parece da maior importância: se confundo a Igreja com o espaço geográfico de minha paróquia, posso de fato ficar desanimado. Se, ao contrário, alargo o campo de minha observação, vejo os hospitais mantidos por freiras, as creches, escolas, orfanatos, clubes de mães, centros sociais animados por congregações e ordens religiosas – todos eles sinais de uma Igreja viva e a serviço dos mais pobres.

E se estes “sinais” de vida não bastarem, é tempo de abrir os olhos para uma grande “novidade” da Igreja: as Comunidades Novas. A primeira delas foram os Foyers de Charité, inspirados já na década de 1930 a uma leiga francesa – Marthe Robin – com a cooperação de um sacerdote – o Pe. Georges Finet. Os Foyers de Charité são comunidades de leigos que formam uma família, tendo Nossa Senhora como mãe e um sacerdote como pai.

Jesus revelou a Marthe seu desígnio de criar comunidades de leigos como parte de um “novo Pentecostes de amor”. Curiosamente, a oração redigida por João XXIII para a preparação do Concílio Vaticano II, em 1959, trazia a mesma expressão: “novo Pentecostes”. Em seus primeiros contatos com o Pe. Finet, Marthe acentuou o papel preponderante a ser exercido pelos leigos na renovação da Igreja.

Logo após o Vaticano II, começaram a “pipocar”, aqui e ali, sempre em maior número e com variados carismas, as Comunidades Novas, que o Documento de Aparecida avalia como “um dom do Espírito Santo para a Igreja” (DA, 311). Ali, “os fiéis encontram a possibilidade de se formar cristãmente, crescer e comprometer-se apostolicamente até ser verdadeiros discípulos missionários” (Ibid).

E ainda: “Os movimentos e novas comunidades constituem valiosa contribuição na realização da Igreja particular. Por sua própria natureza, expressam a dimensão carismática da Igreja”.(DA, 312).

As Comunidades Novas surgem nos mais variados ambientes: uma faculdade de artes (Nova Aliança, São Paulo), uma universidade federal (Pequena Via, Viçosa, MG), uma paróquia de periferia (Aliança de Misericórdia, São Paulo), uma lanchonete (Com. Shalom, Fortaleza, CE). O carisma de fundação pode ser dos mais variados, passando da evangelização pelos meios de comunicação (Canção Nova) até a obediência à Igreja (Nova Aliança, BH) e a acolhida em família de deficientes físicos e mentais (Arca, de Jean Vanier; Jesus Menino, de Tonio, Petrópolis).

Exemplo notável dessas associações de leigos é a Comunidade Aliança de Misericórdia: em sete anos de existência, já reunira 300 rapazes e moças que deixaram família, trabalho e estudos para seguir a missão que lhes era apresentada pelos fundadores, os missionários italianos Pe. Antonello e Pe. João Henrique.

A comunidade assim se apresenta em seu site: “A Aliança de Misericórdia se insere em todos os ‘bolsões’ de pobreza, e aí busca libertar as pessoas de toda estrutura de pecado e miséria em que se encontra. Dentre os trabalhos que desenvolvemos, temos: 23 casas de acolhida para moradores de rua e dependentes químicos; 450 acolhidos; 4 centros de assistência à população de rua, sendo atendidos 18.300 moradores de rua por mês; 340 crianças atendidas em 3 creches; 2 milhões e 160 mil refeições distribuídas todo ano; 36 centros de evangelização no Brasil e 2 no exterior, evangelizando cerca de 100 mil pessoas por ano no Brasil, e 24 mil no exterior; evangelização nos presídios, Fundação CASA, garotas de programas, além de retiros querigmáticos para jovens, casais, crianças”.

Caro paroquiano, seja gentil e procure ampliar os seus olhares. Um abraço.

Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

Nem feminino nem masculino

pzezinhoDeus não é nem masculino nem feminino. É uma pena que tenhamos que dizer isso, mas dizê-lo é preciso. Infelizmente, por causa dos limites intelectuais e da falta de uma reflexão mais profunda, muitos pregadores falam de um Deus masculino e Deus não é masculino.

Muitos agora falam de um Deus feminino e Deus não é feminino.
Ele é mais do que masculino e mais do que feminino, porque o masculino, embora seja uma qualidade é também um limite e Deus não tem limites. O feminino embora seja uma qualidade é também um limite e Deus não aceita limites.

Dar a Deus um gênero que se assemelhe à espécie humana ou espécie animal ao masculino é limitar Deus. Dar a Ele o gênero feminino é também limitá-lo. Por isso não podemos dizer apenas que Deus é pai e não podemos dizer apenas que ele é mãe. Talvez seja por isso que algumas pessoas, buscando melhores expressões, estejam dizendo que Deus é Pai e Mãe, mas isso ainda não define Deus.

Nossa mente por ser limitada, toda vez que pensa em Deus dá-lhe atributos masculinos; em outros povos, Deus recebe atributos femininos. Mas Deus não é nem neutro, nem masculino, nem feminino. Ele não se parece com nada do que nós conhecemos, por isso é que ele é Ele mesmo. Se pudéssemos resumir toda esta questão, talvez acertaríamos melhor ao dizer: Deus é Deus, assim não correríamos o risco de dizer que Deus é Ele, ou que Deus é Ela.

De qualquer forma, quem quer anunciar Deus, tome cuidado para não anunciar um Deus excessivamente masculino, ou feminino.

Anuncie um Deus diferente de tudo o que conhecemos, porque é isso que Ele é.

Pe. Zezinho. SCJ, é músico e escritor. Tem aproximadamente 85 livros publicados e mais de 115 álbuns musicais.
www.padrezezinhoscj.com

Em essência, Missionários do Sagrado Coração

GEDSC DIGITAL CAMERAQuando falamos como Missionários do Sagrado Coração, não queremos apenas levar às pessoas aquela imagem do Coração exposto de Cristo, como observamos em tantas imagens e quadros

Diz Adélia Prado, poetiza mineira, que “o que a memória ama, fica eterno”. Fico pensando que somente quem encontrou encanto na vida pode dizer tal coisa. Ouso dizer que eterno é tudo aquilo que se conquista e faz morada no coração da gente. É um grande desafio dizer o que significa ser MSC, Missionário do Sagrado Coração. Alguém poderia me dizer “você ainda está chegando, há muito que viver”. Mas eu acredito que muito mais do que viver um carisma, antes é necessário senti-lo. O sentimento não conhece tempo, o que se vive agora começa a ser eternizado na memória e sacramentado no coração.

Foi isso o que aprendi ao longo de todos esses anos com os MSC: ter como ponto de partida o Coração, não o meu, mas o Coração de Jesus. Somos chamados a sentir com o outro, especialmente com aquele que mais sofre, que está apartado do direito à vida com dignidade.

Somos um grupo de homens que fizeram a opção de, embebidos dos mistérios do Coração de Cristo, sanados por este mesmo Coração, levar outras pessoas ao mesmo encontro, pois o Coração de Jesus é o templo sagrado de encontro do homem com Deus, do Criador com a sua criatura.

Quando falamos como Missionários do Sagrado Coração, não queremos apenas levar às pessoas aquela imagem do Coração exposto de Cristo, como observamos em tantas imagens e quadros. Na verdade, o nosso carisma essencial é fazer com que as pessoas possam experienciar, sentir na própria vida, a ponto de uma verdadeira conversão, valores que conduzem a uma vida eterna que só este Coração pode dar.

Longe de sermos homens perfeitos, pois nas nossas relações nós também lidamos com a nossa fragilidade humana, somos consagrados que, bebendo por primeiro do poço, saciando a nossa sede, podemos encher o cantil e levá-lo pelo deserto a tanta gente sedenta. Vamos caminhando na esperança de um mundo “sem males”. Nem o sol forte e causticante, nem as tempestades de areia, podem nos fazer sucumbir porque, como Missionários do Sagrado Coração, sabemos em quem colocamos a nossa esperança.
É isso o que sabemos fazer, esta é a nossa vocação, sermos sinais para um mundo machucado, para corações cansados. Só sabemos o quanto algo nos pertence quando não conseguimos mais separá-lo de nós. O nosso ideal, o nosso carisma e a nossa espiritualidade dizem quem somos nós, somos missionários de um Coração que ama sem medida.

Girley de Oliveira Reis, MSC é promotor vocacional da Província de São Paulo e cursa o 4ª ano de Teologia na PUC/São Paulo – SP.

Página 8 de 16« Primeira...678910...Última »